Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) - Plantas Ornamentais Nativas

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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)


Esse guia é uma continuação da publicação: "Guia Ilustrado - Identificação de Capins Nativos Ornamentais"

Identificação

(1) Possui colmos ramificados apenas na base, e não possui rizomas;
(2) As folhas não tem dimorfismo foliar, são todas parecidas, com formato linear ou lanceolado (formato de lança). A lâmina foliar pode ser lisa (ou seja, sem pelos/tricomas) ou peluda. A bainha costuma ser bem peluda;
(3) As folhas nascem inicialmente enroladas sobre si mesmas, formando um cilindro (prefoliação convoluta). Posteriormente as lâminas vão ficando um pouco mais planas (não costumam ser totalmente planas) e adquirem uma coloração glauca (tons acinzentados ou azulados);
(4) A inflorescência é uma Panícula Aberta. As espiguetas formam pequenos grupos de 2 a 3 unidades, dando a impressão de serem uma só espigueta. As espiguetas são bastante peludas, e os pelos (com coloração dourada) tem uma base volumosa/engrossada (pelos/tricomas tuberculados);
(5) A espigueta que está na posição inferior é neutra/estéril, e não possui aristas (ou seja, é mútica). Já a espigueta que está na posição superior é frutífera e possui aristas. A arista da gluma lema (que é retorcida na base - formação de coluna helicoidal) chega a 7 cm de comprimento;
(6) As glumas da espigueta inferior são persistentes (ficam presas junto a planta depois da maturação das sementes). Já as glumas da espigueta superior são caducas (ou seja, acompanham as sementes durante o processo de dispersão);

Plantas perenes, geralmente alcançam entre 50 cm a 1,60 metros de altura. Possuem um crescimento Cespitoso Ereto (ou seja, formam uma touceira, e uma touceira bem densa).
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Touceira Cespitosa Ereta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Foto de Lincoln Laudelizio Vituri, responsável pelo canal "Cerrado: belezas e mistérios"



Touceira Cespitosa Ereta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil
Foto de Marcella Menezes, retirada do grupo do Facebook “DetWeb


As lâminas foliares possuem entre 12 cm a 40 cm de comprimento, possuindo entre 2 a 5 mm largura.
Folhas do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Quirinópolis, Goiás, Brasil
Foto de Isa Morais, retirada do grupo do Facebook “DetWeb


Bainha e lígula Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Quirinópolis, Goiás, Brasil
Foto de Isa Morais, retirada do grupo do Facebook “DetWeb

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Folhas do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Comendador Gomes, Minas Gerais, Brasil
Foto de jvitor_os

As panículas possuem entre 7 cm a 35 cm de comprimento e cada panícula pode possuir entre 3 a 15 espiguetas.
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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Alto Araguaia, Mato Grosso, Brasil
Foto de Juliana de Paula-Souza, retirada do grupo do Facebook “DetWeb


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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Foto de @lenirakita

Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Comendador Gomes, Minas Gerais, Brasil
Foto de jvitor_os

Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Cocalzinho de Goiás, Goiás, Brasil



Espiguetas do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Botucatu, Goiás, Brasil
Foto de Alexandre Medeiros, retirada do grupo do Facebook “DetWeb


Espiguetas do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)



Taxonomia e Habitat

Todos os capins pertencem a família Poaceae (se lê, “Poace”), mas essa família está dividida em várias subfamílias e tribos diferentes. Cada tribo possui suas próprias características, e capins que compartilham a mesma tribo possuem muitas características parecidas. O gênero Loudetiopsis pertence a tribo Tristachyideae (se lê, “Tristaquide”), e essa tribo pertence a subfamília Panicoideae (se lê, “Panicoide”). Existem no mundo cerca de 11 espécies do gênero Loudetiopsis, e elas ocorrem principalmente nos países da África e América do Sul. No Brasil existe apenas 1 espécie do gênero Loudetiopsis, conhecida popularmente como Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix).

Aqui na América do Sul, o Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) é encontrado em ambientes com clima tropical e subtropical. A espécies está especializada em viver em ambientes mais secos, onde as chuvas cessam durante parte do ano (savanas, estepes). Essa espécie é geralmente encontrada em solos com pH mais ácido (sendo ele arenoso ou argiloso), com elevadas concentrações de alumínio e baixa fertilidade natural.
Touceira Cespitosa Ereta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Parque Estadual da Serra do Papagaio, Minas Gerais, Brasil
Foto de Pedro Lima, retirada do grupo do Facebook “DetWeb


Touceira Cespitosa Ereta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Parque Estadual da Serra do Papagaio, Minas Gerais, Brasil
Foto de Juliana Amaral, retirada do grupo do Facebook “DetWeb

Touceira Cespitosa Ereta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)

Os solos que geralmente apresentam essas características são: Latossolos, Argissolos, Neossolos, Cambissolos, Plintossolos, etc. (clique no nome do solo pra saber mais sobre ele). 

No Brasil, o Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) pode ser encontrado habitando as seguintes vegetações: Cerrado (principalmente o Campo Limpo, Campo Sujo e Campo Rupestre).


Utilização no Paisagismo

As panículas são comercializadas para a confecção de arranjos florais secos, nas chamadas “feiras de arte”. Essa espécie pode ser encontrada com facilidade na feira de flores secas da Catedral, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília - DF.


Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)


O Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) é uma espécie com muito potencial ornamental. A touceira possui uma coloração glauca e as inflorescências possuem uma coloração dourada. Somando com o formato de brinco das espiguetas, a planta em si é bastante chamativa.

Até o momento eu não achei absolutamente nenhuma informação de cultivo do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) em vasos (meu objetivo principal). Porém, eu sei que essa espécie está sendo cultivada nos projetos de paisagismo naturalista implementados na Universidade de Brasília (UNB).

Os 3 projetos mais bem conhecidos são: (1) o Jardim Louise Ribeiro (@jardimlouiseribeiro), implementado no Instituto de Ciências Biológicas (IB); (2) o Jardim de Sequeiro (@jardimdesequeiro), implementado no Instituto Central de Ciências (ICC) e o (3) Balão (Rotatória) da Escola Parque 210/211 Norte.
Touceira Cespitosa Ereta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Jardim Louise Ribeiro, UNB, Brasília, Brasil


Touceira Cespitosa Ereta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Jardim Louise Ribeiro, UNB, Brasília, Brasil


Touceira Cespitosa Ereta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Jardim de Sequeiro, UNB, Brasília, Brasil
Foto do professor Júlio Barêa Pastore (@juliobpastore)

O professor Júlio Barêa Pastore é o idealizador e um dos coordenadores do Jardim de Sequeiro (@jardimdesequeiro), projeto de paisagismo naturalista implementado no Instituto Central de Ciências (ICC) da Universidade de Brasília (UNB).


Cultivo do Capim Brinco de Princesa

Reprodução

Assim como acontece com o Capim Cidreira Brasileiro (Elionurus muticus), Capim Colchão (Andropogon leucostachyus), Capim Rabo de Burro (Andropogon bicornis) e o Capim Flechinha (Echinolaena inflexa), o Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) também floresce na estação das chuvas. Ou seja, assim que a estação chuvosa se estabelece, as plantas florescem, são polinizadas pelo vento (ou fazem autofecundação) e as sementes desenvolvidas são liberadas. Ao contrário das outras espécies mencionadas, que liberam todas as sementes ainda na estação chuvosa, o Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) continua liberando sementes até o final da estação seca (característica compartilhada com o Capim Flechinha). Na região centro oeste, o pico de floração da espécie parece ocorrer entre os meses de março a maio.


Germinação, Longevidade e Fertilidade das Sementes

Assim como acontece com os capins do gênero Aristida, as sementes do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) possuem dormência.

Na dormência a semente não germina por conta de algum bloqueio físico, químico ou morfológico que existe nela própria. Ou seja, mesmo a semente estando nas melhores condições possíveis para germinar, ela simplesmente não germina (por conta desses bloqueios). É preciso ocorrer um evento muito especial (o chamado “gatilho”) para permitir que a semente quebre a dormência e germine. Esse gatilho pode ser a ocorrência de um congelamento, exposição ao fogo, etc.

A dormência do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) é quebrada quando as sementes são expostas a flutuações diárias da temperatura. Em um experimento, as sementes foram expostas a temperaturas que variavam entre 19°C a 55°C, por 45 dias. Elas apresentaram uma taxa de germinação 25% melhor em comparação com as sementes que tiveram uma baixa variação na temperatura (24ºC a 26°C). Apesar da resistência a variação da temperatura, as sementes dessa espécie não resistem a temperaturas muito acima dos 100ºC (ou seja, não são resistentes ao fogo).

A presença de dormência química/fisiológica nas sementes do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) pode ser um ponto positivo para o cultivo dessa espécie. Pesquisas constataram que a taxa de germinação e a viabilidade das sementes aumentaram depois de 1 ano de armazenamento, o que significa que as sementes podem ser armazenadas por períodos mais longos de tempo. Esse padrão é diferente do que ocorre com outros capins nativos como o Capim Cidreira Brasileiro (Elionurus muticus), o Capim Colchão (Andropogon leucostachyus) e o Capim Rabo de Burro (Andropogon bicornis), que não possuem dormência e precisam ser semeados para o plantio o mais rápido possível.

Uma característica negativa do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) é que infelizmente nem todas as sementes produzidas são viáveis para a germinação (uma característica também comum para a maioria das espécies de capins nativos). Em geral, apenas 30% das sementes produzidas chegam a ser viáveis para germinar.

Crescimento das Mudas

Infelizmente eu não achei informações a respeito do crescimento das mudas dessa espécie. Eu mesmo vou tentar obter informações quando conseguir obter mudas dessa espécie.
Mudas do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix)
Foto retirada da página do Facebook “Laspef Ufscar



Ocorrência

O Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) é nativo do Brasil, porém não é endêmico. Ele também pode ser encontrado em outros países da América do Sul (Bolívia e Paraguai) e da África. No Brasil ele pode ser encontrado na região Norte (Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Bahia, Maranhão, Paraíba), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Rio Grande do Sul).


Outras espécies de capins ornamentais nativos



Identificando capins ornamentais nativos




Referências

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