Germinação e Crescimento do Cacto Epífito Flor do Baile (Epiphyllum phyllanthus)


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Cacto Epífito Flor do Baile (Epiphyllum phyllanthus)
A sementes usadas para o plantio foram obtidas de um fruto que eu colhi de uma planta cultivada (ou seja, a planta não era selvagem) que encontrei na cidade de Goiânia, Goiás. Colhi o fruto com a intenção de apenas comer a polpa (ele parecia ser extremamente delicioso), mas o fruto em si é
extremamente DECEPCIONANTE. Não tem absolutamente gosto de nada, NADA. É simplesmente uma poupa aguada, sem cheiro nenhum. Sinceramente não sei o que leva os morcegos a comerem esse fruto (na verdade eu não sei se os morcegos são de fato os agentes dispersores desse fruto, mas mais pra frente eu volto a discutir essa questão).
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Fruto do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum phyllanthus)
Já que eu não comi a polpa (porque comer aquilo e comer água dava no mesmo), simplesmente raspei ela com uma colher e espalhei por cima de um substrato (que eu já havia umidificado anteriormente), em dois recipientes diferentes. O primeiro era um recipiente de plástico redondo, e o segundo eram copinhos de plástico descartável (tentei colocar apenas 2 sementes por copo). No recipiente redondo tinha uma mistura de 20 % de Areia + 80 % de Serrapilheira (folhas, cascas, gravetos - todos moídos), e nos copinhos descartáveis o substrato era basicamente de Areia (90% de Areia + 10% de Serrapilheira). Depois que coloquei as sementes no substrato, borrifei água por cima e depois fechei os recipientes com plástico filme e deixei na claridade (sem incidência de sol direto). É MUITO importante que as sementes se mantenham úmidas nos primeiros estágios de crescimento, ainda mais aqui em Goiás, onde a umidade do ar pode ficar baixa mesmo no verão (época das chuvas).
Sementes do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus)
As sementes foram plantadas no dia 12-02-2018, e incrivelmente após passar apenas 1 dia (13-02-2018), já era possível notar que as sementes tinham germinado (as raízes eram muito visíveis). Após passar por um período de 5 dias (18-02-2018), as mudas já estavam com 4 cm de comprimento em média, medindo da ponta dos cotilédones (são as primeiras folhas do embrião, que nesse caso são bem suculentas) ao final do hipocótilo (é o eixo do embrião, o que segura os cotilédones). 

Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus)
Com esse tamanho eu já comecei a expor as plantas ao sol direto (das 07:00 as 13:00) e as molhava com muita frequência, para manter o substrato sempre úmido, e fiz isso até que surgissem os primeiros filocládios (filocládio é o verdadeiro caule da planta, ele é achatado e cresce pendente, se parece muito com uma folha). Para que os filocládios surgissem, foram necessárias algumas semanas, e depois desse período as plantas ficaram quase que estagnadas, cresciam muito pouco (com exceção de 2 mudas, que não paravam de crescer). Pelo menos nesse período, praticamente não notei se ouve a morte de alguma muda.
Fotografia ilustrando a morfologia das mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus)
Pl (filocládio); Co (Cotilédones); Hp (hipocótilo); Phr (raiz e substrato)
Imagem retirada do artigo intitulado

Esse período de pouco crescimento da maioria das mudas correspondeu ao final do Verão (Fevereiro e Março), todo o período do Outono (Março a Junho), o Inverno (Junho a Setembro) e o começo da Primavera (final de Setembro, começo de Outubro). Aqui em Goiás, as chuvas param de cair lá pra meados de Maio, e só retornam (pelo menos hoje em dia, por conta das mudanças climáticas) lá pro final de Outubro.
Quando chegou o mês de Maio (02-05-2018), resolvi fazer vários testes. Peguei as mudas do recipiente de plástico redondo e fiz várias divisões (as raízes estavam completamente entrelaçadas no substrato, então fiz vários bloquinhos de mudas, cada bloquinho deveria ter 5 mudas ou mais). A maioria dessas mudas acabou sendo plantadas em árvores (algumas eu coloquei em Bucha Vegetal) enquanto que as mudas que estavam nos copinhos de plástico não foram tocadas, com exceção de 2 mudas que foram replantadas. Essas 2 mudas tinham um crescimento muito acelerado em relação as outras mudas (uma foi replantada em um vaso de barro e outra em um pote de plástico, que posteriormente foi substituído por uma caixa de leite – ambas foram plantadas no mesmo tipo de substrato, 70% de Areia + 30% de Serrapilheira).

Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus). Ao lado delas, estão os meus cactos Sianinha ou Zig-Zag (Selenicereus anthonyanus)

Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) plantadas em um Jacarandá de Minas (Jacaranda cuspidifolia)

Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) plantadas em um Ingá de Metro (Inga edulis)
Depois de ter feito isso, passei a notar uma resistência ENORME das plantas ao ressecamento, elas eram EXTREMAMENTE resistentes. As mudas que estavam em copinhos de plástico (e as outras 2 que foram replantadas) eram molhadas apenas esporadicamente, com uma frequência de 1 vez na semana ou mais (eu sinceramente me esquecia delas kkk), e as mudas que estavam plantadas em árvores (ou as que eu coloquei em Bucha Vegetal) quase nunca eram molhadas (se eu as molhava, era por pena kk). As plantas ficaram de Maio a Outubro nessas condições, o que corresponde o período de seca aqui em Goiás, onde as temperaturas diárias ficam muito variáveis (em um só dia, podem variar dos 14º C aos 32 º C), e a umidade do ar pode ficar facilmente abaixo dos 12%.
As mudas que estavam em copinhos de plástico só foram replantadas no mês de Novembro, o que corresponde ao meio da Primavera, onde chove toda a semana. Elas foram replantadas em caixas de leite, com um substrato composto de 10% de Areia + 70 % de Serrapilheira + 20% de Terra Vegetal + 1 colher de sopa rasa de NPK 10-10-10 (aproveitei para replantar as outras 2 mudas nesse mesmo substrato).

Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus). Ao lado delas está uma muda de Samambaia dos Coqueiros (Phlebodium aureum). Reparem que existem dois vasos de plástico preto ao lado das caixas de leite. Essas mudas que estão nesses vasos estavam anteriormente em buchas vegetais

A muda que foi plantada em vaso de barro sempre teve um crescimento muito rápido. Já estava gigantesca em relação as outras
Depois desse replantio, todas as mudas passaram a receber água a cada 3 dias (mas como em Novembro chove toda a semana, elas praticamente recebiam água todo dia), e com isso o crescimento delas DISPAROU, com as mudas alcançando tamanhos de até 20 centímetros em média. As outras 2 mudas (que ao contrário de todas as outras, nunca ficaram com o crescimento estagnado) já estavam grandes em comparação com aquelas que ficaram em copinhos de plástico, principalmente aquela muda que foi plantada no vaso de barro. Essa, antes de ser replantada nesse novo substrato, já tinha cerca de 20 cm de comprimento, e depois passou a alcançar incríveis 38 cm de comprimento. 

As mudas que foram plantadas em árvores quase não cresceram em comparação com as que foram replantadas em caixas de leite, elas alcançaram no máximo 13 cm de comprimento, e o seus filocládios eram finos e muito delicados. Além disso, várias dessas mudas acabaram morrendo antes da chegada da estação chuvosa, algumas em decorrência da falta d’água (ficaram completamente secas) e outras por herbivoria (algum bicho comeu as mudas). 

Agora, depois de 1 ano (19-02-2019), as plantas se encontram assim (vou mostrar algumas pra vocês).
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Elas foram retiradas das caixas de leite (junto com o substrato antigo) e replantadas em vasos e potes de plástico, com um substrato de 100 % de fibra de coco carbonizada. 

Fibra de Coco Carbonizada

Essas aqui são as mudas que foram plantadas em árvores e que resistiram depois de todo esse tempo

Essa muda estava na parte mais alta do pé de Jacarandá de Minas (Jacaranda cuspidifolia). Essa era a parte que recebia mais vento, e por tanto era a mais seca


Essa muda estava na parte mais baixa do Jacarandá de Minas (Jacaranda cuspidifolia). Essa era a parte que recebia menos vento, e portanto a parte mais úmida. Em cima dela, tem uma muda de Samambaia da Ressurreição (Pleopeltis polypodioides)

Essa muda estava na bucha vegetal, e eu coloquei a bucha entre um dos galhos do Jacarandá de Minas (Jacaranda cuspidifolia). Essa muda quase não cresceu em comparação com as outras


Mudas plantadas no Ingá de Metro (Inga edulis). Essas estão bem próximas ao chão, e portanto recebem muita luz (elas são bem mais rígidas do que as plantas que estão no Jacarandá). As que estão no Jacarandá de Minas (Jacaranda cuspidifolia), pelo fato de receberem menos luz, são plantas bem mais delicadas

Infelizmente, algum tempo depois que tirei essas fotos, o pé de Jacarandá veio ao chão, depois de uma tempestade repentina. Eu havia plantado ele a cerca de 7 anos atrás e fiquei extremamente triste com a sua morte. As mudas que estavam no pé de Jacarandá eu acabei replantando depois em um pé de Alfavacão (Ocimum gratissimum)

Esse dia foi muito triste

Mudas no pé de Alfavacão (Ocimum gratissimum)

As plantas epífitas, principalmente essas que ficam a vida toda sem encostar no chão (como cacto Flor do Baile), tem um começo de vida muito complicado. 

Eu fiz uma publicação aqui no meu blog a respeito da vida das plantas epífitas, gostaria de dar uma olhada? Basta clicar no link logo abaixo. Nessa publicação eu falo a respeito dos diferentes tipos de plantas epífitas e seus diferentes tipos de adaptações. 


Essa outra publicação também é sobre epífitas, mas ela está direcionada para as plantas conhecidas como Tillandsias (as famosas plantas do ar)

"Como as Tillandsias conseguem absorver água pelas folhas???"

Agora para concluir a nossa publicação a respeito da germinação e crescimento do cacto Flor do Baile (Epiphyllum phyllanthus
Pelo o que eu pude notar, essas plantas não gostam de areia ou terra no substrato, elas gostam mesmo é de Serrapilheira. As suas raízes se envolvem totalmente nas folhas, cascas e os galhos do substrato, formando uma bola emaranhada extremamente porosa. Também notei que elas gostam muito de receber água, não se importam de serem molhadas todos os dias, isso desde que sejam mantidas o dia todo no sol (na sombra as plantas não crescem tanto, ficam bem mais frágeis) e que o seu substrato se mantenha POROSO (o substrato precisa ser muito bem aerado).

Agora só voltarei a atualizar essa publicação quando as minhas plantas derem flor. Pelo que andei lendo, mudas feitas de sementes podem levar alguns anos para se tornarem adultas e florirem. 






Esse é um Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) que está plantado no Campus Samambaia, na Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, Goiás, Brasil
Eu não sei a idade dessa planta, mas pelo tamanho, creio que já esteja adulta. Como essa planta foi plantada por alguém, não me senti muito culpado por retirar uma muda (fiz 8 mudas com esse pedaço de galho).


Atualização – 19/10/2019


Eu havia falado que só voltaria aqui para atualizar essa publicação depois que minhas plantas florissem. Pois bem, eu não esperava que isso acontecesse tão rápido mais aconteceu, então estou de volta (se passaram 7 meses desde a última vez que estive aqui). 

Antes de mostrar a floração, primeiro eu quero mostrar como estão as minhas mudas atualmente.

Primeiro vou mostrar como estão as mudas que eu fiz daquele cacto que eu achei no Campus Samambaia, na Universidade Federal de Goiás (UFG). 

Eu fiz as mudas em março (18/03/2019). Eu cortei os galhos e coloquei as estacas nas caixas de leite. Deixei-as na sombra até notar o primeiro sinal de brotação (isso deixando o substrato sempre úmido). Quando notei que começaram a brotar, mudei as mudas de lugar (coloquei elas em um local onde pegasse sol até + ou – as 12:00). Nesse período eu deixava as mudas secarem entre as regas. 

3 meses depois, em junho (28/06/2019) elas estavam assim.
Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthuscrescidas em caixas de leite 3 meses depois

2 meses depois, já em agosto (12/08/2019) elas estavam assim (já estavam com 5 meses).
Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthuscrescidas em caixas de leite 5 meses depois
Quando chegaram nesse tamanho eu decidi que já era hora de passar as mudas para os seus vasos definitivos. As mudas estavam em um substrato de terra comum de quintal (latossolo) misturada com serrapilheira, e foi nesse substrato onde eu replantei elas também. 



Preparando o substrato

A mistura é feita no olho mesmo. Eu colo um pouco de terra úmida na bacia e vou misturando com a serrapilheira. Vou misturando a serrapilheira na terra até a mistura ficar fofa (leve e bem porosa). Eu sempre coloco uma colherzinha de adubo nessa mistura para completar (geralmente N-P-K ou torta de mamona). 




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Replantando as mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus)

Agora, 2 meses depois, já em Outubro (20/10/2019) elas estão assim (agora com 7 meses).




Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthuscrescidas em caixas de leite 7 meses depois

Agora vou mostrar as mudas que estão comigo desde o começo (aquelas que eu mesmo germinei). Agora elas estão com 1 ano e 8 meses

Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano de idade
Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano e 4 meses de idade. Essas mudas recebem água regularmente. Elas estavam expostas ao sol durante toda a manhã e pegavam um pouquinho do sol da tarde. Essa foto foi tirada em junho (28/06/2019)




Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano e 8 meses de idade. Essas mudas recebem água regularmente. Elas estavam expostas ao sol durante toda a manhã e pegavam um pouquinho do sol da tarde. Fotos tiradas em outubro (20/10/2019)
Muda do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano de idade



Muda do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano e 8 meses de idade. Essa muda recebe água de uma maneira relativamente regular (as vezes eu molho ela, as vezes não). Ela fica o dia todinho no sol, e quanto mais no sol essas plantas ficam, mais amareladas elas ficam. 
Reparem que ela está com novas brotações. As temperaturas nessa época do ano estão na casa dos 37 graus, e a umidade do ar está na casa dos 12%, e mesmo assim ela está crescendo

Muda do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano de idade







Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano e 8 meses de idade. Eu não molho essas mudas, a única água que elas recebem vem da chuva. Assim como a muda anterior, essas também ficam o dia todo no sol.
Essas mudam são meio que um experimento pra eu avaliar a resistência dessas plantas. Olha, eu tiro o chapéu pra essas plantas viu ? Elas são impressionantes. Depois das Tillandsias, eu posso dizer com toda a convicção do mundo que elas são as plantas mais resistentes que eu já tive. 
Como de costume, as chuvas por aqui pararam lá no mês de maio, e ATÉ AGORA NÃO VOLTARAM. Estamos no dia 20 de outubro de 2019, e se choveu 3 dias foi muito (caiu só 20% do esperado pra esse mês, ou seja, NADA, a situação está crítica). Toda a água que essas plantas receberam foi as que vieram diretamente do céu. 
Elas estavam gordinhas, cheias d’água (isso na estação chuvosa), e quando as chuvas pararam (final de maio), elas murcharam totalmente (confesso que tive que me segurar pra não molhar nenhuma delas). Eu achei que os filocládios (filocládio é o verdadeiro caule da planta, ele é achatado e cresce pendente, se parece muito com uma folha) fossem secar e cair totalmente, mas não. Eles foram murchando e ficaram completamente desidratados, mas ficaram firmes e fortes. Eles ficaram nessa situação de junho a outubro. 
Eles só voltaram a receber água agora, durante as raríssimas chuvas que acontecerem nesse mês de outubro. Assim que receberam água eles voltaram a ficar gordinhos, mas não durou muito. A medida em que o tempo foi secando de novo, eles tornaram a secar. Apesar de todo esse sofrimento, é possível notar algumas brotações acontecendo (reparem nas pontas alaranjadas). 
A enorme resistência deve ser um dos motivos que permitiu que essa espécie de cacto colonizasse todo o continente americano (ele ocorre na parte sul da América do Norte, América Central e América do Sul). Não é muito comum ver uma planta epífita com uma área de distribuição tão extensa como essa. 


Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano de idade. Essas eram as mudas que estavam no jacarandá (Jacaranda cuspidifolia) que caiu e que eu passei pro pé de Alfavacão (Ocimum gratissimum)




Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano e 8 meses de idade. Essas mudas recebem água de maneira pouco regular (quase nunca molho elas). Elas recebem a luz parcialmente filtrada pelo pé de Alfavacão (Ocimum gratissimum)

A falta de sol e de um substrato que permita um melhor crescimento das raízes limita e MUUUIITO o crescimento dessas plantas. 

Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano de idade. Essas eram as mudas estavam no Ingá de Metro (Inga edulis)
Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano e 8 meses de idade. Essas mudam recebem água de uma maneira um pouco mais regular, mas apesar disso estão meio desidratadas. Elas competem muito por luz, então acabam que elas recebem pouco sol (por isso estão mais verdinhas)
Agora que eu já mostrei como estão as minhas plantas, agora eu quero falar a respeito da floração. Eu confesso, eu realmente não estava esperando por isso. Eu tinha lido (sei lá aonde) que plantas obtidas a partir de sementes poderiam demorar até 5 anos para começar a florir, então quando eu vi aquele botão eu fiquei extremamente feliz. A planta que primeiro começou a florescer foi justamente aquela que tinha o crescimento mais rápido.
Mudas do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano de idade
Muda do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) com 1 ano e 8 meses de idade. Esse foi o primeiro sinal de floração (dia 12/08/2019)
Assim que eu percebi a presença desses botões, comecei a molhar a planta com muita frequência. A quantidade de sol que ela recebia era sempre a mesma, ela estava exposta ao sol durante todo o período da manhã e pegava um pouquinho do sol da tarde (por isso a aparência meio amarelada). 
Dia 12/08/2019


Dia 24/08/2019

Dia 27/08/2019

Dia 30/08/2019
Esse aqui já era o dia da floração. Só depois que começou a escurecer que ela começou a dar sinais que iria abrir. Quando foi + ou – 1 hora da madrugada (isso já no dia 31), eu me deparei com isso aqui. 








Flor do Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus)
Dia 31/08/2019 
A flor tem um cheiro doce bem suave. De longe eu não conseguia sentir nada, só quando eu chegava com o nariz mais próximo da flor que conseguia sentir aquela fragrância única. 
Como vocês podem ver, a flor do Cacto Flor do Baile tem um tubo floral extremamente longo, com uma flor branca e que se abre apenas durante a noite. Sabe o que isso significa ? Significa que esse cacto é uma típica planta esfingófila. Plantas esfingófilas são polinizadas exclusivamente por mariposas, mas não qualquer tipo de mariposa. As mariposas que polinizam essas plantas são chamadas de Esfingídeos (Mariposas Esfinge). Esfinge vem do nome “Sphingidae”, que é o nome da família dessas mariposas. 
Mariposa Xanthopan morganii praedicta polinizando a flor da orquídea Angraecum sesquipedale, nativa de Madagascar
Fonte
Só as mariposas esfinge tem probóscides longas o suficiente pra conseguir sugar o néctar dessas flores (que está bem lá no fundo do tubo floral). No momento que eu estava lá fotografando a flor eu não consegui observar nenhuma mariposa esfinge (creio que seja pela época do ano). Pra garantir que essa flor iria gerar um fruto, eu resolvi realizar a autopolinização.
Durante esse período de floração eu percebi o aparecimento de nectários extra florais. Por toda a extensão do tubo floral e da flor começam a surgir pequenas gotículas de néctar, que começaram a atrair muitas formigas do gênero Camponotus (as famosas formigas doceiras). 
Enfim, continuando. No outro dia a flor já estava murcha, e assim começava o processo de formação do fruto. 



Dia 04/09/2019

Outras flores secando
Dia 08/09/2019
Dia 08/09/2019


Dia 13/09/2019



Dia 27/09/2019




Dia 02/10/2019


Dia 09/10/2019





Dia 18/10/2019

Lá no começo da publicação eu mencionei que os morcegos poderiam ser os agentes dispersores do fruto desse cacto. Eu sinceramente ainda não tenho certeza dessa informação. Eu VASCULHEI a internet, e parece que ninguém tem certeza sobre quem de fato é o principal responsável por comer esses frutos. A única certeza que temos é que os possíveis dispersores são morcegos ou aves (sendo essas principalmente do gênero Euphonia). 
Conversando com o Eduardo Gardini, dono do blog Rhipsalis Brasil, ele me disse que os frutos que se formaram nos cactos dele não foram tocados por nenhuma ave, eles simplesmente murcharam sem se abrirem. 

Eu achei um vídeo onde mostra o registro de um pássaro (Euphonia chlorotica) se alimentando de um fruto.

Eu vou esperar os frutos do meu cacto serem comidos por alguém, caso isso não aconteça, eu vou plantar as sementes e dar um jeito de espalha-las pelo campus da minha universidade. 

Ah, antes que eu me esqueça. Durante esse período de frutificação eu percebi uma coisa. A planta continua emitindo botões florais, mas nenhuma das flores se desenvolve mais (elas aparecem, murcham, ressecam e caem). Depois que os três frutos se formaram, nenhuma outra flor conseguiu se formar. Eu acredito (tenho esperanças) que novas flores vão se formar depois que os frutos terminarem de amadurecer. 
Mas só pra concluir essa questão de floração e frutificação. O Cacto Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) pode SIM florescer com menos de 2 anos de idade. Basta com que ele receba as condições necessárias para isso. E outra, eu não falei isso antes, mas esse cacto que está no vaso de barro não foi o único a florir.
Todos os outros cactos que pegavam sol o dia todo (e que não recebiam água com frequência) emitiram botões florais (todos, tanto as mudas maiores como as menores). O único problema é que nenhum deles conseguiu manter os botões até que eles se formassem por completo (eles murchavam e secavam). Acho que se eu tivesse molhado eles como eu molhei a planta que estava no vaso de barro, todos eles teriam conseguido florir também. 

Para concluir essa atualização, primeiro eu gostaria de mostrar outros cactos que eu encontrei lá na minha faculdade. Eu já consegui encontrar cerca de 4 indivíduos por lá (e uma pequena população fixada no caule de uma palmeira), pena que não tenho uma câmera boa pra tirar fotos de todos.




Novos Cactos Flor do Baile (Epiphyllum pyllanthus) encontrados no Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG)
Agora pra encerrar, eu quero mostrar esses suportes de pendurar vasos que eu fiz (na verdade eu já mostrei né ? Mas agora eu vou mostrar com mais detalhes). Essa estrutura é chamada de Macramê, e ela é feita unicamente com nós. Da pra fazer com qualquer tipo de corda ou barbante. Nesse caso aqui eu fiz com cordão encerado. 







Suporte para pendurar vasos feito de Macramê
Eu aprendi a fazer esses Macramês assistindo tutoriais no youtube (acredite, se eu consegui fazer essas coisas QUALQUER pessoa pode conseguir também). Esses vídeos aqui me ajudaram muito.


1 - Nós básicos utilizados no Macramê


2 - Tutorial: Suporte para plantas em Macramê




Se você gosta de plantas, recomendo que leia essas outras publicações que eu escrevi:














Referências



Comentários

  1. Olá! Gostei muito da matéria, pena que não consegui ver as fotos... O que deve ter acontecido?

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    1. Olá, boa tarde. Desculpe a demora, eu não estava conseguindo responder os comentários do blog (problemas com o navegador), mas agora eu consigo. O problema foi com relação a hospedagem das imagens, mas eu já consegui resolver tudo (deu trabalho mas consegui haha).

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  2. Parabéns! Tiro o chapéu trabalho impecável rico em detalhes

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  3. MEUS PARABÉNS!
    Nem me lembro a ultima vez que li um trabalho tão bem escrito e um trabalho feito com tanto carinho!
    Meus parabéns moço, te desejo todo o sucesso do mundo!

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    1. Ahhh gente <3. Adorei ler seu comentário Felipe, muito obrigado mesmo :) Fico muito feliz que tenha gostado. Também te desejo todo sucesso do mundo, muita paz e felicidades pra você.

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  4. Adorei muito. Encontrei um fruto na mata e vou fazer mesmo processo, pois sou apaixonado por epifitas

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    1. Que máximo jovem, adoraria ver o resultado do processo. Depois me conta se deu tudo certo. Abraços

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  5. Parabéns pela riqueza de detalhes e informações. Ganhei um fruto hoje e seguirei as suas orientações. Gratidão

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    1. Imagina, fico feliz por ter te ajudado. Muito obrigado :)

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  6. Excelente trabalho, muito rico em detalhess,vc é muito dedicado. Aprendi muito e vou ficar atentar com a minha q já esta florindo, depois de longo período em local e substrato errado. Moro em São José do Rio Preto-SP, muito quente aqui. Conhecemos esta planta como dama da noite. Vou ver suas outras publicações e aprender mais um pouco. Tenho outras duas a Sianinha e a outra q eu chamo de flor de baile. Obrigada pelo belo aprendizado.

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    Respostas
    1. Ahhh gente <3, fiquei muito, muuuuuuito feliz ao ler o seu comentário. Fico muito contente de saber que vc gostou tanto, de verdade. Espero que vc goste das outras publicações também, e muito obrigado pelos elogios :)

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  7. Boa noite Matheus, a minha dama da noite abriu ontem 3 rosas, sao lindas e com perfume muito suave. Lembrei mt de vc. Pelas informações q vc postou. Estou super feliz e queria sividir contigo este momento. E um super espectáculo, comecou as 20 hs e até 9.30 estava abrindo. Valeu!!!! Ahhh sou Elza.

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    1. Oi Elza, boa noite. Nossa, elas abriram cedo né ? Aqui geralmente elas abrem bem mais tarde, as vezes eu quase não vejo as flores kkk. Muito obrigado por compartilhar esse momento comigo <3, adoraria estar aí pra ver pessoalmente com vc. É algo tão único né ? Eu acho muito emocionante srs.

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