O Habitat das Plantas Carnívoras – Onde elas Crescem ? – Parte 1

Dionaea muscipula na Savana de Pinheiros
Wilmington, Carolina do Norte, Estados Unidos
Foto da viagem de Brad Richard (BradR)

Antes de falar a respeito de onde as plantas carnívoras podem ser encontradas, precisamos primeiro relembrar algumas coisinhas sobre a sua biologia e hábitos de vida.

O que as Plantas Carnívoras tem em Comum ? 

Atualmente existem cerca de 470 espécies de plantas carnívoras, pertencendo a 9 famílias e 6 ordens diferentes. Apesar desse montão de espécies, a maioria das plantas carnívoras têm características bem parecidas, como: 

Plantas Carnívoras são péssimas competidoras 

Quando precisam competir por recursos essenciais (como luz e nutrientes) as plantas carnívoras sempre acabam perdendo para outras plantas não carnívoras. Normalmente elas precisam de ajuda externa para se livrar de seus concorrentes. A Sarracenia flava, por exemplo, é facilmente superada pelo capim Sporobolus teretifolius (ele cresce mais rápido do que a Sarracenia e faz sombra sobre ela). Ela só consegue se livrar dele se a área onde ela está passar por alguma queimada a cada intervalo de tempo. 

Sarracenia flava
Flórida, Estados Unidos
Foto de Tim Ross

Gêneros como Byblis, Dionaea, Darlingtonia, Sarracenia e algumas espécies de Drosera enfrentam incêndios com muita regularmente nos seus habitats naturais. Os incêndios destroem todas as partes da planta acima do solo, mas seus os órgãos subterrâneos (tubérculos e rizomas) acabam sendo protegidos (eles conseguem suportar incêndios de baixa intensidade, ou seja, menos quentes). Assim que o fogo passa, as plantas voltam a brotar novamente. 

Fogo na Savana de Pinheiros (Pine Savanna), o habitat das Sarracenias
Foto da University of Kansas

Plantas Carnívoras são Calcífugas 

Na pedologia (parte da ciência responsável por estudar o solo), um solo considerado rico em nutrientes é aquele que possui uma grande quantidade de minerais básicos/alcalinos na sua composição. Esses minerais podem ser o Sódio (Na), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Nitrato (NO3), etc. Quando um solo tem esses minerais em abundância, dizemos que ele é Eutrófico. Um solo Eutrófico geralmente tem um pH levemente ácido, neutro ou alcalino. 

O Nitossolo Vermelho é um exemplo de solo Eutrófico
No Brasil eles são conhecidos popularmente como “Terra Roxa”
Montes Claros, Minas Gerais, Brasil
Foto retirada do @pedologando, um perfil maravilhoso do Daniel Pontoni dedicado a divulgar os conhecimentos da Ciência do Solo pelo Brasil

Plantas calcífugas são aquelas plantas que DETESTAM solos alcalinos, ou seja, solos que são ricos em minerais básicos/alcalinizastes (principalmente o cálcio, esse é o mineral que elas mais detestam). Solos alcalinos costumam ter uma maior abundância de nutrientes, e por terem mais nutrientes disponíveis, possuem mais espécies de plantas não carnívoras (ou seja, tem mais espécies que competem diretamente com as plantas carnívoras). 

Esses minerais básicos/alcalinizantes normalmente vêm de Rochas Sedimentares, como o Calcário, então dificilmente você vai encontrar plantas carnívoras vivendo em solos que tem rocha calcaria na sua composição. Regiões que tem muita concentração de rochas calcárias a gente chama de “Relevo Cárstico”. 

Rocha Calcária formando Relevo Cárstico
Pains, Minas Gerais, Brasil
Foto de Mariana Barbosa Timo

Não sei se você sabe, mas em Biologia TUDO tem alguma exceção. Nem todas as plantas carnívoras são calcífugas, por exemplo, Dionaea muscipula as vezes cresce em solos com elevada concentração de sódio. Algumas Droseras Australianas (Drosera erythrorhiza, Drosera falconeri) crescem em sedimentos alcalinos (areias calcárias). Também existem algumas espécies de Pinguicula que crescem em rochas ricas em sulfato de cálcio em algumas regiões do México (Pinguicula gypsicola), Europa central (Pinguicula vulgaris, Pinguicula alpina) e no sul da Espanha (Pinguicula vallisneriifolia). 

Em que ambiente as Plantas carnívoras podem ser encontradas ? 

Como as plantas carnívoras são péssimas competidoras, elas acabam tendo que viver em ambientes muito “extremos”, onde a maioria das outras plantas não carnívoras (suas concorrentes) não podem crescer ou tem muita dificuldade de crescer. A maioria das plantas carnívoras vai ser encontrada vivendo em solos que a gente chama de Distróficos, e esses solos Distróficos geralmente vão estar extremamente úmidos ou encharcados com água. 

Solos Distróficos possuem nutrientes em sua composição, mas eles estão em uma concentração muito baixa. A concentração de minerais básicos/alcalinizantes nos solos Distróficos é tão reduzida que não consegue nem influenciar o pH, então por conta disso esses solos são geralmente ácidos, moderadamente ácidos ou fortemente ácidos. 

A água é a principal responsável por reduzir as concentrações dos minerais básicos/alcalinizantes. Esses minerais costumam ser muito móveis, então são facilmente levados embora pelo excesso de água no solo. Porém, a água não é o único elemento capaz de interferir no pH. 

A alta concentração de matéria orgânica também é capaz de reduzir os valores de pH. Se existe muita matéria orgânica concentrada no solo, uma quantidade muito grande de ácido húmico acaba sendo produzida. Quanto mais ácido húmico o solo tiver, mais baixo o pH dele será. 

Resumindo: as plantas carnívoras não tem dificuldade de viver em solos ácidos, pobres em nutrientes e encharcados com água, mas afinal, que tipo de solos seriam esses ? 

O Solo das Plantas Carnívoras 

Normalmente a gente fala do solo de maneira muito generalizada. Geralmente a gente fala que ele é pobre, ou que é rico em nutrientes, e para por ai. Dificilmente a gente fala sobre informações mais específicas do solo, como o nome dele (sim, os solos tem nomes, solos específicos tem nomes específicos). 

Tudo isso é perfeitamente natural. Geralmente o conhecimento sobre solos é muito técnico e está restrito  ao ambiente de faculdades, empresas, etc. 
Pensando nisso, eu resolvi compartilhar com vocês o conhecimento que eu tenho sobre solos, fazendo uma publicação exclusiva sobre eles. A publicação é essa aqui: "Solo, Terra e Substrato - Qual é a Diferença ?" 

Se você não sabe qual a diferença entre Solo, Terra, Substrato e Sedimento, da uma olhadinha nela, é importante pra gente poder continuar com o nosso assunto. 

Neossolos Litólicos

Os Neossolos são os solos mais jovens da paisagem (ou seja, acabaram de ser formandos pedogeneticamente falando). Os Neossolos geralmente têm um pH ácido e são pobres em nutrientes, e quanto mais arenoso for o Neossolo, mais nutrientes vão ser levados embora por conta da ação da água. 

Entre os Neossolos, os Neossolos Litólicos são os mais rasos de todos, sempre vão estar a 50 cm da rocha que deu origem a eles. Os Neossolos Litólicos normalmente ocorrem em áreas bastante acidentadas, com bastante afloramento de rochas (morros, serras, montanhas, etc.). 

Perfil de um Neossolo Litólico
Cascavel, Paraná, Brasil
Foto de Gustavo Ribas Curcio

Neossolos Quartzarênicos

Os Neossolos Quartzarênicos geralmente são os mais profundos dos Neossolos, podendo alcançar profundidades que chegam até 10 metros de profundidade. Tem uma textura extremamente arenosa, e ela vai se manter arenosa até 150 cm de profundidade (mas ela pode se manter arenosa facilmente até os 2 metros de profundidade). 

Perfil de um Neossolo Quartzarênico
Foto de Tony Jarbas F. Cunha

Essa é a informação SUPER HIPER MEGA resumida sobre os Neossolos. Se você quiser informações mais completas a respeito deles, é só ler a minha publicação que eu fiz sobre eles, é essa aqui: "Onde as Plantas Crescem - Neossolos".

Espodossolos 

Os Espodossolos são solos que tem uma textura bem arenosa e são bem pobres em nutrientes. Os Espodossolos são solos de regiões úmidas, então todos os nutrientes que se depositam na sua superfície acabam sendo levados (pela água) para as profundezas do solo, ficando assim inacessíveis para plantas que não tem raízes profundas. São solos geralmente bem ácidos, principalmente nas regiões mais profundas do solo devido as concentrações elevadas de matéria orgânica, alumínio e ferro (lembre-se que os nutrientes ficam indisponíveis para as plantas se o pH estiver muito ácido). 

Perfil de um Espodossolo Humilúvico
Foto de Maurício Rizzato Coelho

Essa é a informação SUPER HIPER MEGA resumida sobre os Espodossolos. Se você quiser informações mais completas a respeito deles, é só ler a minha publicação que eu fiz sobre eles, é essa aqui: "Onde as Plantas Crescem - Espodossolos".

Gleissolos 

Os Gleissolos são solos que recebem muita influência do nível freático (lençol freático). Eles podem ficar cheios de água durante uma parte do ano ou mesmo durante o ano inteiro. Quando estão cheios de água, eles podem ficar totalmente sem oxigênio. 

Perfil de um Gleissolo Háplico
Foto de Gustavo Ribas Curcio

Essa é a informação SUPER HIPER MEGA resumida sobre os Gleissolos. Se você quiser informações mais completas a respeito deles, é só ler a minha publicação que eu fiz sobre eles, é essa aqui: "Onde as Plantas Crescem - Gleissolos".

Organossolos 

Os Organossolos são solos orgânicos (isto é, a maior parte dos seus elementos é de origem orgânica, e não mineral como o restante dos outros solos). São formados pelo acúmulo de material orgânico (folhas, galhos, raízes, etc.) que estão concentrados em diferentes estágios de decomposição (o material depositado na superfície está pouco decomposto, e os das regiões mais profundas está mais decomposto). Pode levar mais de mil anos para a matéria orgânica se depositar de maneira satisfatória (ou seja, mil anos pra formar apenas alguns poucos centímetros de profundidade). Os Organossolos são conhecidos popularmente como Turfeiras. 

Perfil de um Organossolo Háplico
Cascavel, Paraná, Brasil
Foto de Gustavo Ribas Curcio

Essa é a informação SUPER HIPER MEGA resumida sobre os Organossolos. Se você quiser informações mais completas a respeito deles, é só ler a minha publicação que eu fiz sobre eles, é essa aqui: "Onde as Plantas Crescem - Organossolos".

Plintossolos, Lateritas e Cangas 

Os Plintossolos são solos fortemente ácidos e tem baixos níveis de fósforo no seu interior. Eles costumam ser solos Distróficos (tem nutrientes, mas eles estão em uma concentração mais baixa) ou Álicos (tem poucos nutrientes, e além disso o solo pode ser tóxico por conta da grande concentração de alumínio – esse mineral é tóxico em grandes quantidades). 

Perfil de um Plintossolo Argilúvico
As cores vermelhas são por conta da formação da Plintita
Foto do acervo da Embrapa Solos

Os Plintossolos podem formar estruturas conhecidas como Lateritas e a Cangas (que não são solos, mas se comportam como solos). 

Perfil de uma Laterita
Foto retirada do "Nickel-Cobalt Laterites—A Deposit Model"

Superfície de uma Canga no Platô da Serra dos Carajás
Pará, Brasil
Fotos retiradas do livro “Paisagens e Plantas de Carajás”

Pra explicar o que é a Laterita e o que é uma Canga, eu precisaria explicar pra vocês como o Plintossolo se forma, e como aqui nessa publicação eu estou apenas apresentando um pequeno resumo sobre os solos, fica impossível fazer isso. 

Se você quiser informações mais completas a respeito dos Plintosolos, da Laterita e da Canga, é só ler a minha publicação que eu fiz exclusiva sobre Plintossolos, é essa aqui: "Onde as Plantas Crescem - Plintossolos". 

Habitat onde Plantas carnívoras podem ser encontradas  

Aqui nessa publicação eu vou me concentrar nas espécies que vivem no continente Americano, tudo bem ? Vou focar principalmente nas espécies Brasileiras. Então já vou pedindo desculpa pro pessoal que gosta de Nepenthes. 

No Brasil já foram registradas cerca de 31 espécies de plantas carnívoras (sendo 19 endêmicas daqui), estando distribuídas em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. 
A maior parte das plantas carnívoras Americanas vão ser encontradas vivendo em ambientes abertos (ou seja, que estão expostos ao sol) e onde exista a presença constante de umidade (pelo menos durante a maior parte do ano). Esses ambientes podem estar em altitudes mais baixas (próximos ao nível do mar) ou em altitudes mais elevadas (alto de serras, chapadas, platôs, etc). 

Os habitats que normalmente possuem essas características são:

1 - “Florestas” da região Norte: mais especificamente a vegetação das Campinaranas. Esses ambientes são de baixa altitude.

2 - Litoral das regiões Nordeste, Sudeste e Sul: o que inclui as Vegetações com Influências Marinhas (Restingas). Esses ambientes são de baixa altitude.

3 - Pampas da Região Sul: o que inclui as Estepes associadas a planícies de inundação e lagoas costeiras (os famosos “Banhados”, que estão mais próximos do litoral). Esses ambientes são de baixa altitude.

4 - Campos das Regiões Sudeste e Sul: os Campos de Altitude. Esses ambientes, como o próprio nome diz, são de altitudes muito elevadas.

5 - Cerrado das Regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sudeste: o que inclui as vegetações do Campo Rupestre. Esses ambientes são de altitudes muito elevadas. 

“Florestas” da Região Norte 

Campinarana (Caatinga da Amazônia, Caatinga-Guapó e Campina da Amazônia) 

Campinarana Arborizada no Parque Nacional do Viruá
Roraima, Brasil
Foto de Zig Koch

Os chamados “Falsos Campos” da Amazônia. As Campinaranas funcionam como se fossem um Cerrado. No Cerrado, o que limita o crescimento das florestas é o solo raso e o fogo. Regiões de solo raso (Neossolos, Cambissolos, Plintossolos) e que pegam fogo com frequência não tem florestas. 

Na Campinarana o que influência mais é o solo e a água. Regiões de solos mais ricos em nutrientes (Espodossolos) e que ficam inundados a maior parte do tempo, desenvolvem florestas. Já regiões de solos mais pobres em nutrientes (Neossolos Quartazênicos) e que passam por períodos de seca, desenvolvem arbustos e capins. 

As Campinaranas são aquilo que nós conhecemos popularmente como Pântanos. 

Diferentes tipos de Campinaranas no Parque Nacional do Viruá
Roraima, Brasil
Foto retirada do "Plano de Manejo do Parque Nacional do Viruá"

Campinarana Arborizada no Parque Nacional do Viruá
Roraima, Brasil
Foto de Cid Ferreira

Campinarana Florestada 

Foto de Morgana Ráo Neumann

Campinaranas no Parque Nacional da Serra da Mocidade
Roraima, Brasil
Fotos de Ricardo Azoury, retiradas do livro “Expedições às montanhas da Amazônia”

Uma planta carnívora que pode ser encontrada nesse tipo de vegetação é a Drosera amazonica. Ela é endêmica das Campinaranas do estado do Amazonas e Roraima. Duas populações ocorrem no Parque Estadual do Rio Negro (Amazonas), ao lado do afluente do Rio Cuieiras, que desagua no Rio Negro. Outra população ocorre no Parque Nacional do Viruá (Roraima).

Drosera amazonica em Campinarana Gramíneo-Lenhosa
Fotos de Hollis Butts, retirada do grupo do Facebook “Carnivorous Plants Community”

Drosera amazonica na Campinarana da Cachoeira de Igarapé
Rio Cuieiras, nordeste do Amazonas
Foto de Antunes Carvalho, retirada do artigo intitulado “A New Species Of Sundew (Drosera, Droseraceae), With Water-Dispersed Seed, From The Floodplains Of The Northern Amazon Basin, Brazil”

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Campinarana
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Campinarana de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retiradas do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Um outro habitat similar as Campinaranas Brasileiras são as Savanas de Pinheiros (Pine Savanna), que ocorrem por todo o Sudoeste dos Estados Unidos. É nesse tipo de vegetação onde as Dionaeas, Sarracenias e Droseras Norte Americanas são encontradas. 

O Pinheiro de Folhas Longas (Pinus palustres) são as árvores mais abundantes desse tipo de vegetação, e o que impede essas árvores de tomarem conta de toda a área (e expulsar as plantas carnívoras) é o fogo. 

Os solos mais comuns que podem ser encontrados nesse tipo de habitat são os Espodossolos, Neossolos Quartazrênicos, Organossolos e Neossolos Litólicos. Os Pinheiros não ocorrem sobre os Organossolos e tem dificuldade de crescer sobre os Neossolos Litólicos. 

Savana de Pinheiros, Estados Unidos
Foto retirada do "The Nature Conservancy North Carolina's Southeast Coastal Plain program"

Savana de Pinheiros
Holly Shelter Game Lands, Carolina do Norte, Estados Unidos
Foto de Roads Rnd Naturalist

Savana de Pinheiros
Green Swamp, Carolina do Norte, Estados Unidos
Foto de Roads Rnd Naturalist

Sarracenia flava na Savana de Pinheiros
Holly Shelter Game Lands, Carolina do Norte, Estados Unidos
Foto de Roads Rnd Naturalist

Dionaea muscipula e Droseras crescendo na Savana de Pinheiros
Wilmington, Carolina do Norte, Estados Unidos
Fotos da viagem de Brad Richard (BradR)

Sarracenia flava e Dionaea muscipula crescendo na Savana de Pinheiros
Wilmington, Carolina do Norte, Estados Unidos
Fotos da viagem de Brad Richard (BradR)

Sarracenia flava crescendo na Savana de Pinheiros
Wilmington, Carolina do Norte, Estados Unidos
Fotos da viagem de Brad Richard (BradR)

Sarracenia flava e Sarracenia minor x rubra crescendo na Savana de Pinheiros
Wilmington, Carolina do Norte, Estados Unidos
Fotos da viagem de Brad Richard (BradR)

Litoral das regiões Nordeste, Sudeste e Sul 

Vegetação com Influência Marinha (Restingas) 

Restinga Arbustiva no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba
São José do Barreto, Macaé, Rio de Janeiro, Brasil
Foto de Halley Pacheco de Oliveira

Na região Nordeste, Sudeste e sul as Restingas estão localizadas na zona tropical e subtropical, ocorrendo ao longo do litoral. Praticamente não tem estação seca (tem no máximo 2 meses de seca). As Restingas estão incluídas no bioma da Mata Atlântica. Os solos mais comuns de serem encontrados nas Restingas são os Espodossolos, Neossolos Quartzarênicos e Gleissolos. 

Uma espécie de planta carnívora que pode ser encontrada nas Restingas é a Drosera capillaris. Ela pode ser encontrada em diversos países, como os Estados Unidos, México, Cuba, Costa Rica, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Uruguai. No Brasil, ela pode ser encontrada na região Norte (Amazonas, Roraima), Sudeste (São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul).

Drosera capillaris no Parque Estadual Restinga de Bertioga
Bertioga, São Paulo, Brasil
Fotos do usuário gasagarcia, retiradas do fórum “Carnívoras.com.br”

Outra espécie de planta carnívora que pode ser encontrada nas Restingas é a Drosera communis. Ela pode ser encontrada em diversos países, como a Venezuela, Colômbia, Bolívia, Paraguai e Argentina. No Brasil ela pode ser encontrada na região Norte (Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Paraíba, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte), e em todos os estados das regiões Centro Oeste, Sudeste e Sul.

Drosera communis
Arroio do Sal, Rio Grande do Sul, Brasil
Foto de Eduardo Luís Hettwer Giehl

Ilustração mostrando as Vegetações com Influência Marinha (Restingas) de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Pampas da Região Sul 

Pampas (Estepe, segundo a nova classificação do IBGE de 2012) 

Estepes no Parque Nacional da Lagoa do Peixe
Rio Grande do Sul, Brasil
Foto retirada do site www.territorios.com.br

São vegetações fortemente campestres da zona temperada, estão em áreas que tem uma estação chuvosa bem marcada, mas a chuva costuma cair ao longo de todo o ano. Os Pampas sul-americanos são exemplos de Estepes. 

Ocorrem desde o Planalto das Araucárias; até as Superfícies meridionais gaúchas do Planalto Rio-Grandense, passando pelo Planalto da Campanha e da Depressão Central. 

As Estepes associadas a planícies de inundação e lagoas costeiras (os famosos “Banhados”, que estão mais próximos do litoral) podem ter a formação de Gleissolos e Organossolos. 

Uma espécie de planta carnívora que pode ser encontrada nos Banhados é a Drosera brevifolia. Ela pode ser encontrada em diversos países, como os Estados Unidos, México, Cuba, Belize, Argentina e Uruguai. No Brasil ela pode ser encontrada nos estados da região Sul do país.  

Drosera brevifolia na Lagoa do Peixe
litoral do Rio Grande do Sul, Brasil
Foto de Vitor Hugo Travi

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe
 Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe de acordo com o relevo e altitude na região da Campanha Gaúcha
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe de acordo com o relevo e altitude na região do Brasil Meridional
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retiradas do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe de acordo com o relevo e altitude na região do Uruguai
lustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Pra não deixar essa publicação muito grande, eu resolvi dividir ela em duas partes. 

A segunda parte vai falar a respeito das plantas carnívoras dos Campos de Altitude e Campos Rupestres. Pra acessar a segunda parte, é só clicar aqui: "O Habitat das Plantas Carnívoras - Onde elas Crescem ? - Parte 2".

Na segunda parte também vou deixar um guia de identificação e cultivo de Droseras Brasileiras.