Onde as Plantas Crescem - Espodossolos


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Perfil de um Espodossolo
A parte superficial (mais arenosa) foi um pouco erodida pela água, já a parte mais profunda (mais argilosa) continuou relativamente intacta
Foto retirada do slide “Principais Solos do Litoral do Paraná


Esse guia é uma continuação da publicação: "Solo, Terra, Substrato - Qual é a Diferença ?"



Origem do Nome
O nome Espodossolos vem do grego “Spodos”, que significa “Cinza Vegetal”, em referência ao fato desses solos terem cores mais acinzentadas.  

Formação (Origem Pedogênica)
Os Espodossolos são formados pelo processo de Podzolização, que é quando ocorre uma translocação de Matéria Orgânica, Alumínio e Ferro verticalmente (ou lateralmente) dentro do solo. 

O que ocorre de maneira resumida é o seguinte: o excesso de água acaba transportando (removendo) todo o Alumínio, Complexos de Ferro e Matéria Orgânica das regiões superficiais do solo (Horizonte A) para as regiões mais profundas (Horizonte B). 
Esse processo de remoção é chamado de “Eluviação”, e a região superficial do solo que sofreu essa remoção recebe o nome de Horizonte Eluvial (Horizonte E). Esse processo em que a região mais profunda do solo acaba recebendo (acumulando) os “resíduos” do Horizonte Eluvial (Horizonte E) recebe o nome de “Iluviação”, e a região profunda do solo que faz esse recebimento/acumulação é chamada de Horizonte Iluvial (Horizonte Bhs). 
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Perfil mostrando os Horizontes de um Espodossolo
Paraná, Brasil
Foto retirada do slide “Principais Solos do Litoral do Paraná

Origem Geológica
Sedimentos Arenosos, que podem ter origem continental (quando a areia foi depositada por rios) ou origem marinha (quando a areia foi depositada pelo oceano, durante épocas em que o mar entrou pelo continente). 
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Sedimentos Arenosos que foram depositados na época do Holoceno
Roraima, Brasil
Foto retirada do "Plano de Manejo do Parque Nacional do Viruá"

Esses sedimentos (dunas) podem chegar a ter mais de 20 metros de altura e 6 km de comprimento. Eles estão sendo cobertos pela Campinarana, um tipo de fitofisionomia não florestal da amazônia. 

Tipos de Espodossolos 
Com base no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), os tipos de Espodossolos mais conhecidos são o Espodossolo Humilúvico, Espodossolo Ferrilúvico e o Espodossolo Ferrihumilúvico. No Sistema Estadunidense de Classificação de Solos (Soil Taxonomy) ele recebe o nome de “Spodosols”. 
Tipos de Espodossolos
Foto retirada do poster “Classes de Solos do Brasil”, elaborado por: Ademir Fontana (Embrapa Solos), Fabiano de Carvalho Balieiro (Embrapa Solos) e Marcos Gervásio Pereira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)

Características dos Espodossolos 
Os Espodossolos são muito fáceis de identificar por conta de suas cores, que são bem contrastantes. Os Espodossolos apresentam na sua superfície (Horizonte A) uma coloração mais escura (cinza escuro, preto). Na parte logo abaixo da superfície (o Horizonte E) ele pode apresentar uma coloração mais clara (branco, cinza) ou mais escura/forte (amarelo, vermelho). Na parte mais profunda do solo (Horizonte Bhs) ele pode apresentar uma coloração mais preta amarronzada, como resultado da concentração de matéria orgânica, alumínio e ferro. 
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Perfil de um Espodossolo Humilúvico
Foto de Maurício Rizzato Coelho
Perfil de um Espodossolo Ferrilúvico
Foto de Maurício Rizzato Coelho

Perfil de um Espodossolo Ferrihumilúvico
Foto de Maurício Rizzato Coelho

Os Espodossolos são solos que tem uma textura bem arenosa e são bem pobres em nutrientes. Eles são solos de regiões úmidas, então todos os nutrientes que se depositam na superfície do solo acabam sendo levados (pela água) para as profundezas do solo, ficando assim inacessíveis para plantas que não tem raízes profundas. São solos geralmente bem ácidos, principalmente nas regiões mais profundas do solo devido as concentrações elevadas de matéria orgânica, alumínio e ferro (lembre-se que os nutrientes ficam indisponíveis para as plantas se o pH estiver muito ácido). 
Os Espodossolos são solos que tem uma textura bem arenosa, mas como ele é encontrado em climas úmidos, ele acaba conseguindo acumular água de maneira moderada (já que ela está constantemente entrando nele). O problema é quando a região onde ele está localizado fica seca. Como ele é muito arenoso, ele não consegue acumular água por muito tempo e acaba secando rapidamente, e como resultado, as plantas que estão neles acabam sofrendo por falta de água. 
Os Espodossolos podem ser rasos a profundos, e os mais profundos podem acabar sendo confundidos com Neossolos Quartzarênicos. 


Onde pode ser encontrado (Área)  
Ilustração mostrando onde os Espodossolos podem ser possivelmente encontrados
Ilustração feita por Hélio do Prado, retiradas do site www.pedologiafacil.com.br
É um site incrível, tem muita coisa falando sobre solos

Os Espodossolos podem ser encontrados em relevos planos (bacias hidrográficas) a suave ondulados (depressões), sempre estando associado a lugares úmidos (rios, litorais, etc.). Em regiões de clima Temperado a Subártico a vegetação que predomina é de Coníferas (Floresta de Pinheiros, Savana de Pinheiros). Em regiões de clima Equatorial, Tropical ou Subtropical, podem ocorrer vários tipos de vegetação associadas a esses solos. 
Os Espodossolos ocupam uma área de 144.588 km², cerca de 1,70 % do território do País (das 13 classes de solos, são a 9ª mais comum). Na Amazônia, são encontradas mais ao noroeste do estado Amazonas (principalmente nos municípios de São Gabriel da Cachoeira e Barcelos, banhados pelo Rio Negro), Roraima (região Centro-Sul) e partes do Pantanal Matogrossense. No litoral do Brasil, ocorre especialmente (isto é, em grandes quantidades) nas regiões litorâneas da Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Sul e Paraná (as cidades do Paraná que estão no litoral foram todas construídas em cima de Espodossolos). 

Onde pode ser encontrado (Vegetação) 

“Florestas” da Região Norte 

Campinarana (Caatinga da Amazônia, Caatinga-Guapó e Campina da Amazônia) 
Campinarana Arborizada no Parque Nacional do Viruá
Roraima, Brasil
Foto de Cid Ferreira
Os chamados “Falsos Campos” da Amazônia. As Campinaranas funcionam como se fossem um Cerrado. No Cerrado, o que limita o crescimento das florestas é o solo raso e o fogo. Regiões de solo raso (Neossolos, Cambissolos, Plintossolos) e que pegam fogo com frequência não tem florestas. 

Na Campinarana o que influência mais é o solo e a água. Regiões de solos mais ricos em nutrientes (Espodossolos) e que ficam inundados a maior parte do tempo, desenvolvem florestas. Já regiões de solos mais pobres em nutrientes (Neossolos Quartazênicos) e que passam por períodos de seca, desenvolvem arbustos e capins. 
Diferentes tipos de Campinarana no Parque Nacional do Viruá
Roraima, Brasil
Foto retirada do "Plano de Manejo do Parque Nacional do Viruá"

(1) Campinarana Florestada (Caatinga da Amazônia e Caatinga-Gapó): vegetação composta por árvores (que não passam dos 20 metros de altura) e que fica inundada na maior parte do ano pelos rios de água preta. Regiões que tem essas características são conhecidas mundialmente como Pântanos. A Campinarana Florestada ocorre em Espodossolos.
Perfil de um Espodossolo Humilúvico em Campinarana Florestada
Roraima, Brasil
Foto retirada do "Plano de Manejo do Parque Nacional do Viruá"
(2) Campinarana Arborizada (Campinarana e Caatinga-Gapó): vegetação composta por árvores e arbustos que fica inundada na maior parte do ano. Regiões que tem essas características são conhecidas mundialmente como Pântanos. A Campinarana Arborizada ocorre em Espodossolos.
Perfil de um Espodossolo Humilúvico em Campinarana Arborizada
Roraima, Brasil
Foto retirada do "Plano de Manejo do Parque Nacional do Viruá"

(3) Campinarana Arbustiva (Campina da Amazônia e Caatinga-Gapó): vegetação composta por arbustos (que normalmente não passam dos 2 metros), sem a presença de árvores. Fica inundada na maior parte do ano e normalmente ocorre em Neossolos. Regiões que tem essas características também são conhecidas mundialmente como Pântanos.
Perfil de um Neossolo Quartzarênico Hidromórfico em Campinarana Arbustiva
Roraima, Brasil
Foto retirada do "Plano de Manejo do Parque Nacional do Viruá"

(4) Campinarana Gramíneo-Lenhosa (Campina da Amazônia): vegetação composta por capins, sem a presença de árvores. Fica inundada pelos rios de água preta, porém apenas na estação das chuvas, na estação seca ela fica árida e fica sujeita a ação do fogo. Ocorre em Neossolos. 
Perfil de um Neossolo Quartzarênico Hidromórfico em Campinarana Gramíneo Lenhosa
Roraima, Brasil
Foto retirada do "Plano de Manejo do Parque Nacional do Viruá"
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Campinarana
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Campinarana de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retiradas do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"


Florestas da Região Norte, Centro Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul 

Floresta Ombrófila Densa

Na região Norte, Nordeste (Maranhão) e Centro Oeste (Mato Grosso) a Floresta Ombrófila Densa recebe o nome de Floresta Amazônica. Nas demais regiões do Nordeste, Sudeste e Sul, a Floresta Ombrófila Densa recebe o nome de Mata Atlântica. 

Na região Norte, Nordeste (Maranhão) e Centro Oeste (Mato Grosso) ela está totalmente na zona tropical (temperaturas médias acimas de 25º C) e praticamente não tem estação seca (tem no máximo 2 meses de seca). Nas demais áreas da região Nordeste, Sudeste e Sul ela está localizada na zona tropical e subtropical, ocorrendo ao longo do litoral. Praticamente também não tem estação seca (tem no máximo 2 meses de seca).
Estrada que passa entre a Floresta Ombrófila Densa
Colniza, Mato Grosso, Brasil
Foto de Marcelo Camargo, retirada do site agenciabrasil.ebc.com.br

Ilustração de uma Floresta Ombrófila Densa
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Floresta Ombrófila Densa de acordo com o relevo e altitude Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"


Floresta Estacional 

As Florestas Estacionais são chamadas de Floresta Amazônica na Região Norte e Mata Atlântica na Região Nordeste, Sudeste e Sul. No Centro Oeste, as Florestas Estacionais recebem o nome de Mata Seca. 

Florestas Estacionais e seus vários tipos: 

(1) Floresta Estacional Sempre-Verde (Floresta Estacional Perenifólia): as árvores da floresta ficam sempre verdes, mesmo na seca ou no frio. 
Floresta Estacional Sempre-Verde
São José do Ricardo, Mato Grosso, Brasil
Foto de Luiz Alberto Dambrós, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Floresta Estacional Sempre-Verde de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"


(2) Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Tropical Subcaducifólia): cerca de 20 a 50% das árvores da floresta perdem as folhas, seja por conta da seca (região Norte, Nordeste e Centro Oeste) ou por conta do frio (região Sudeste e Sul).
Floresta Estacional Semidecidual
São José do Ricardo, Mato Grosso, Brasil
Foto de José Coelho de Araújo Filho

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Floresta Estacional Semidecidual de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Diferente das regiões Norte, Sudeste e Sul, as Florestas do Nordeste e Centro Oeste possuem mais um tipo de Floresta Estacional. 

(3) Floresta Estacional Decidual (Floresta Tropical Caducifólia): mais de 50% das árvores da floresta perdem as folhas, seja por conta da seca ou por conta do frio. 
Floresta Estacional Decidual
Monte Alegre de Goiás, Goiás, Brasil
Foto de Ricardo Flores Haidar, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Floresta Estacional Decidual de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Floresta Estacional
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"


Floresta Ombrófila Mista

A Floresta Ombrófila Mista recebe o nome de Mata Atlântica na região Sudeste e Sul.

A Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária) está mais localizada na região subtropical (Região Sul) mas também pode ser encontrada nas serras e planaltos da região Sudeste (ou seja, regiões que tem estação fria). É nessa floresta onde se tem as maiores ocorrências de gimnospermas aqui no Brasil. Os principais gêneros encontrados são, Drymis e Araucaria e Podocarpus. 
Floresta Ombrófila Mista no Parque das Araucárias
Apucarana, Paraná, Brasil
Fonte
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Floresta Ombrófila Mista de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"


Vegetação com Influência Marinha (Restingas) e Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal e Campos Salinos) estão incluídas no Bioma Mata Atlântica. 
Restinga Arbustiva no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba
São José do Barreto, Macaé, Rio de Janeiro
Foto de Halley Pacheco de Oliveira
Ilustração mostrando as Vegetações com Influência Marinha (Restingas) de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilha de Boipeba
Cairu, Bahia, Brasil
Foto de Bibi/Gabriel de Faro, retirada do site bloggiramundo.com
Ilustração mostrando as Vegetações com Influência Fluviomarinha (Manguezal e Campos Salinos) de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"


Os Espodossolos ocorrem em relevos planos (bacias hidrográficas) a suave ondulados (depressões), sempre estando associado a lugares úmidos (rios, litorais, etc.). Isso significa que as florestas onde se encontram os Espodossolos vão se enquadrar nas seguintes categorias. 

(1) Aluvial: são as florestas que estão localizadas nas regiões no entorno dos rios, que podem ficar alagadas o ano todo. Também poder ser encontradas em Terraços (Terraços são planícies de inundação bem antigas, que estão nas partes mais altas do relevo). As florestas localizadas nessas regiões recebem o nome de: (A) Floresta Ombrófila Densa Aluvial(B)  Floresta Estacional [...] Aluvial e (D) Floresta Ombrófila Mista Aluvial

Nas regiões da Amazônia, essas florestas recebem os nomes de Mata de Igapó e Mata de Várzea, já nas demais regiões, essas florestas recebem o nome de Mata Ciliar, Floresta Ribeirinha. 

(2) Das Terras Baixas: são as florestas que estão localizadas em terraços, planícies e outras áreas planas que não alagam, mas que estão mais próximas dos rios. São as chamadas Matas de Terra Seca. As florestas localizadas nessas regiões recebem o nome de: (A) Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas(B)  Floresta Estacional [...] das Terras Baixas


Região Centro Oeste 

Planícies de Inundação do Pantanal



Essa é apenas uma das 13 classes de solos, se você deseja ver as demais, é só dar uma olhada na minha outra publicação: "Solo, Terra e Substrato - Qual é a Diferença ?".

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