Guia Ilustrado - Identificação de Capins Nativos Ornamentais
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Inflorescência do tipo Espiga do Capim Flechinha (Echinolaena inflexa) Foto de Mauricio Mercadante, retirada da página do Facebook “Rede De Sementes Do Cerrado” |
Esse guia é uma continuação da publicação: "Capim Aristida - Plantas Ornamentais do Cerrado".
Esse guia de identificação é dedicado ao público leigo (ou seja, foi feito pra pessoas que não entendem NADA de plantas), portanto todos os termos botânicos apresentados aqui são RESUMIDOS E SIMPLIFICADOS.
Aqui eu vou ensinar pra vocês a como reconhecer (visualizar) as características básicas de um capim/gramínea. Aprendendo a reconhecer o básico, vocês já conseguem ter uma ideia de como diferenciar sozinhos os principais gêneros de capins ornamentais nativos do Brasil.
Observação - Infelizmente fui obrigado a usar alguns capins exóticos para exemplificar algumas estruturas botânicas, tudo bem ? Simplesmente não existem muitas fotos de espécies nativas a disposição para que eu possa utilizar, então fiz o que era possível.
Morfologia dos Capins - Unidades Básicas
Perfilho
O perfilho é considerado a unidade de crescimento dos capins (é a unidade vegetativa básica). Ou seja, cada unidade individual do capim é chamada de perfilho (tiller em inglês).
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Perfilhos do capim exótico Grama Kentucky (Poa pratensis) Modificação que eu fiz com base na foto de Thomas G. Chastain |
Nos capins/gramíneas, o crescimento do perfilho depende da contínua formação de fitômeros.
Fitômeros
Um fitômero é composto pela: (1) bainha foliar; (2) lâmina foliar; (3) nó; (4) entrenó e (5) gema axilar. Ou seja, sempre que essas 5 estruturas estiverem reunidas, vamos ter um fitômero.
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Ilustração de um Fitômero Ilustração retirada do pdf “Princípios básicos do manejo de pastagens” |
O conjunto de nós, entrenós e gemas formam o caule dos capins, chamado de “Colmo”.
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Colmo e suas subdivisões Modificação que eu fiz da ilustração retirada do pdf “Princípios básicos do manejo de pastagens” |
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Pseudo-colmo em um perfilho jovem Ilustração retirada do pdf “Morfologia de Plantas Forrageiras” |
Quando temos um fitômero formado, também temos um perfilho formado. Ou seja, quando você olha para uma moita de capim, está olhando para vários e vários perfilhos, todos juntos (esses perfilhos podem ter sido formados ao mesmo tempo, ou em épocas diferentes). Espécies diferentes possuem fitômeros com características diferentes, que por sua vez acabam formando perfilhos com características diferentes.
Perfilho – Hábito de Crescimento
Perfilho Solitário
Os perfilhos crescem de forma agrupada ou não agrupada. Os que crescem de forma não agrupada são chamados de “solitários”, como o milho (o milho é um tipo de capim).
Perfilhos solitários do capim Milho (Zea mays) Foto de Mário Franco |
Perfilho Agrupado (Touceira)
Os perfilhos que crescem de forma agrupada formam aquilo que conhecemos como touceira (a popular moita). As touceiras podem apresentar um “Crescimento Cespitoso Ereto” ou “Crescimento Cespitoso Decumbente”.
(1) Crescimento Cespitoso Ereto: quando os perfilhos crescem “pra cima” (ou seja, eretos, perpendicular ao solo) dizemos que ele apresenta um Crescimento Cespitoso Ereto. Plantas com esses perfilhos não se “espalham” vegetativamente (ou seja, só brotam no mesmo lugar). Nascem e morrem no mesmo lugar.
O Capim Colchão (Andropogon leucostachyus), nativo do cerrado, possui touceiras do tipo Cespitosa Ereta
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Touceira Cespitosa Ereta do Capim Colchão (Andropogon leucostachyus) Parque Nacional das Emas, Goiás, Brasil Foto de Toni Medina, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
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Touceira Cespitosa Ereta do Capim Colchão (Andropogon leucostachyus) Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil Foto de Luciano Pedrosa, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
(2) Crescimento Cespitoso Decumbente: quando os perfilhos crescem/se espalham “pros lados” (ou seja, rumo ao chão, rente ao solo) dizemos que ele apresenta um Crescimento Cespitoso Decumbente. Essas plantas se “espalham” vegetativamente, ou seja, vão lançando perfilhos/brotos para todos os cantos a medida em que crescem, e podem ocupar uma área enorme.
O Capim Flechinha (Echinolaena inflexa), nativo do cerrado, possui touceiras do tipo Cespitosa Decumbente
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Touceira Cespitosa Decumbente do Capim Flechinha (Echinolaena inflexa) Estação Ecológica do Jardim Botânico, Brasília, Brasil Foto de Mauricio Mercadante |
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Touceira Cespitosa Decumbente do Capim Flexinha (Echinolaena inflexa) Ruy Barbosa, Bahia, Brasil Foto de Domingos Cardoso, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
Os perfilhos de Crescimento Cespitoso Decumbente podem apresentar dois tipos de crescimento diferente: (A) “Crescimento Estolonífero”, quando os perfilhos apresentam caules do tipo “Estolão”. (B) “Crescimento Rizomatoso”, quando os perfilhos apresentam caules do tipo “Rizoma”.
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Ilustração do Crescimento Estolonífero e Crescimento Rizomatoso em capins Modificação que eu fiz da ilustração retirada do site “www.pngegg.com” |
Eu fiz um vídeo pra exemplificar todo esse assunto
Folhas – caracteres diagnósticos
Lâmina foliar e Bainha
A lâmina foliar é a parte da folha que é alongada. Geralmente possui formato linear ou lanceolada (no formato de lança). A função principal da lâmina foliar é fazer a fotossíntese. A lâmina foliar pode ser: (1) glabra (sem pelos); (2) pilosa (com pelos).
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Folhas do capim nativo Andropogon lateralis |
A bainha é a parte da folha que é alongada, em forma de cartucho, que tem a função de envolver o colmo (se prende ao caule). Ela nasce no nó, e cobre parcialmente ou totalmente o entrenó. As folhas mais novas nascem do interior da bainha. Em Andropogon lateralis a bainha tem uma coloração avermelhada.
Lígula
É uma estrutura que está localizada na parte de cima da folha, bem no limite entre a bainha e a lâmina foliar (vamos dizer que está na parte de dentro da folha). Ela pode ter a função de proteger a gema contra o ataque de herbívoros.
A lígula pode ser: (1) membranosa, como nas espécies de capim da tribo Poeae; (2) pilosa, como nas espécies de capim da tribo Eragrostideae; (3) membranoso-ciliada (uma mistura dos tipos membranosa e pilosa). A lígula raramente é ausente (algumas espécies do gênero Panicum não possuem lígula).
A presença ou ausência, assim como o formato da lígula, são utilizados na classificação espécies, ajudando a separar os diferentes gêneros/espécies com base em suas características.
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Estrutura da lígula em um capim Foto retirada do pdf “A Dinâmica do Crescimento de Plantas Forrageiras e o Manejo das Pastagens” |
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Diferentes tipos de lígulas capins Foto retirada do pdf “Morfologia de Plantas Forrageiras” |
Aurícula
São estruturas que estão localizadas bem no limite entre a bainha e a lâmina foliar, estando bem no contorno da lígula. São prolongamentos laterais da lâmina foliar, estão em cada um dos lados da lâmina e geralmente abraçam o colmo. Essas estruturas não são comuns e estão ausentes na maioria dos capins. A aurícula pode ser: (1) curta; (2) amplexicaule ou invaginante.
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Estrutura da aurícula em um capim Foto retirada do pdf “A Dinâmica do Crescimento de Plantas Forrageiras e o Manejo das Pastagens” |
Colar
É uma estrutura que está localizada na parte de baixo da folha, bem no limite entre a bainha e a lâmina foliar (vamos dizer que está na parte de fora da folha). O colar tem a função de dar movimento a lâmina foliar (pra ela não ficar rígida). O colar também pode ser chamado de “colarinho” ou “colo”.
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Colar do capim exótico Panicum virgatum Foto de John Guretzky |
Espigueta – caracteres diagnósticos
As flores dos capins são muito diferentes das demais plantas (inclusive elas nem recebem esse nome de flor, normalmente são chamadas de “Antécio”). As flores (antécio) não possuem pétalas/sépalas em volta do ovário (região onde as sementes são formadas) e anteras (região onde o pólen é formado). Em vez disso, ovário e anteras são protegidos por folhas especiais modificadas.
Essas folhas especiais modificadas estão organizadas em uma estrutura chamada de “Espigueta”. A espigueta é a unidade reprodutiva básica dos capins. Ela é formada por um eixo central (a raque, que é um tipo especial de colmo) e flores (uma ou mais flores). Quando temos esse eixo central, e as flores estão agregadas/inseridas nele, chamamos essa estrutura de espigueta. Ou seja, as flores dos capins estão localizadas na espigueta.
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Espigueta do capim exótico Panicum virgatum Modificação que eu fiz da foto retirada do site “ohioplants.org” |
A espigueta é formada por diferentes subdivisões/componentes, e é muito importante aprender sobre eles. Os nomes das principais estruturas que vocês precisam aprender a diferenciar são: (1) glumas; (2) calo; (3) aristas e (4) coluna.
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Ilustração de uma Espigueta Modificação que eu fiz da ilustração retirada do site “uncw.edu” |
Glumas
As glumas nada mais são do que folhas especiais modificadas, e a espigueta dos capins possuem 2 pares de glumas. O 1º par é composto pela gluma superior e pela gluma inferior, e o 2º par é composto pela gluma pálea e pela gluma lema.
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O 1º e 2º par de Glumas do capim exótico Triodia Modificação que eu fiz da foto retirada do site “keys.lucidcentral.org” |
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Glumas do capim exótico Centotheca Modificação que eu fiz da foto retirada do livro “Poaceae (Gramineae): taxonomia, morfologia, ecologia, aspectos econômicos e históricos” |
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Glumas do capim nativo Tristachya leiostachya Modificação que eu fiz da foto retirada do livro “Poaceae (Gramineae): taxonomia, morfologia, ecologia, aspectos econômicos e históricos” |
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Glumas do capim nativo Ichnanthus leiocarpus Modificação que eu fiz da foto retirada do livro “Poaceae (Gramineae): taxonomia, morfologia, ecologia, aspectos econômicos e históricos” |
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Gluma Pálea do capim exótico Triodia Modificação que eu fiz da foto retirada do site “keys.lucidcentral.org” |
Gluma Superior e Inferior: essas são as folhas modificadas que ficam localizadas de forma mais externa na espigueta (bem na sua base), ou seja, o 1º par de glumas (superior e inferior) não fica em contato direto com as flores. Quem fica em contato direto com as flores é o 2º par de glumas (pálea e lema), que está mais acima na espigueta.
O 1º par de glumas são as primeiras estruturas que você deve procurar ao analisar a espigueta de um capim. Pode acontecer da gluma inferior e superior estarem reduzidas, ou apenas uma das glumas pode estar reduzida. Essa característica é bem variável. A presença ou ausência, possuir ou não pelos/tricomas, assim como o tamanho das glumas superior e inferior, são utilizados na classificação das plantas, ajudando a separar os diferentes gêneros e espécies com base em suas características únicas.
Por exemplo, na maioria das espécies de capins, depois que as sementes se desenvolvem e são dispersas, ocorre a liberação das espiguetas (elas simplesmente caem). Porém, essa queda/liberação não é total. O 1º par de glumas da espigueta é persistente, e continua preso junto a planta depois que a sementes são dispersas. Enquanto isso o 2º par é liberado junto com a semente, formando um invólucro de proteção.
Esse 1º par de glumas persistentes não são normalmente encontradas nas tribos Paniceae, Andropogoneae, Melinideae e Arundinelleae. Nessas tribos, o 1º par de glumas são conhecidas por serem “caducas”, ou seja, elas não ficam presas na planta depois que as espiguetas são liberadas, ao contrário. O 1º par de glumas é liberado juntamente com o 2º par, e ambos acabam participando no processo de dispersão da semente. Então a semente acaba sendo liberada da planta mãe com um invólucro duplo (uma dupla camada de proteção).
Gluma Pálea: essa é a folha modificada que está localizada de forma mais interna na espigueta, está em contato íntimo com as estruturas reprodutivas da flor (o ovário e as anteras estão envolvidos pela pálea). A gluma pálea está sempre acima e ao lado oposto da gluma lema. A pálea normalmente é membranosa e tem um tamanho mais curto que o lema. Depois que o ovário se desenvolve e “vira” a semente, a pálea normalmente continua ao seu redor, protegendo a semente.
Gluma Lema: apesar de também estar em contato íntimo com a flor do capim, essa folha modificada está localizada de forma mais externa, e a pálea encontra-se bem na sua base (é quase como se a gluma lema envolvesse a gluma pálea pela base). Essa base do lema é bem espessada/dura, e por conta disso ela recebe o nome de Calo. Assim como acontece com a pálea, depois que o ovário se desenvolve e “vira” a semente, o lema normalmente continua ao seu redor, protegendo a semente.
A título de curiosidade: você já ouviu falar na palha de arroz ? Pois é, ela é nada mais, nada menos, do que as glumas lema e pálea que envolvem a semente do arroz.
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Glumas lema e pálea compondo a palha do Arroz Asiático (Oryza sativa) Foto retirada do site “www.echocommunity.org” |
Essa palha da foto pertence a espécie de arroz asiática, Oryza sativa, porém o Brasil possui espécies de arroz nativas, como a Oryza latifolia e a Oryza glumaepatula.
Calo
Como já mencionado, o calo nada mais é que a base da gluma lema. O calo pode ser: (1) inconspícuo, ou seja, quase não se nota sua presença; (2) conspícuo, ou seja, grande o suficiente pra ser notado. Quando o calo é conspícuo, ele pode ser: (3) pouco desenvolvido e obtuso; (4) desenvolvido e agudo.
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Calo do capim exótico Triodia Modificação que eu fiz da foto retirada do site “keys.lucidcentral.org” |
Arista
Aristas nada mais são do que prolongamentos filamentosos das glumas. Tanto o 1º par de glumas (superior e inferior), como o 2 º par de glumas (lema e pálea) podem possuir aristas, mas as aristas mais analisadas são aquelas do 2º par (lema e pálea). Pode acontecer de apenas uma das glumas possuir aristas, essa é uma característica variável. Quando as glumas não possuem aristas, podem ser chamadas de múticas (gluma mútica, ou lema mútica).
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Aristas do capim nativo Aristida circinalis Modificação que eu fiz da ilustração retirada do artigo intitulado “A Monograph of the Genus Aristida” |
Inflorescência do tipo Panícula Contraída do Capim Aristida circinalis Santa Catarina, Brasil Foto de Luís Adriano Funez |
A arista pode ser: (1) apical, quando está bem na ponta da gluma (típico do gênero Aristida); (2) subapical, quando está próximo da ponta da gluma; (3) dorsal, quando está na parte de trás da gluma (típico de gêneros como Danthonia e Avena); (4) basal, quando está quase próximo a base da gluma.
A arista também pode ser: (5) simples, quando é formado apenas um prolongamento (típico do gênero Stipa); (6) trífida, quando é formado três prolongamentos (típico do gênero Aristida).
Coluna
Pode acontecer da arista girar no entorno do seu próprio eixo, ficando com um formato helicoidal (sabe o formato do DNA ? É tipo esse formato). Quando isso acontece, a parte da arista que possui esse formato é chamada de Coluna.
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Coluna do capim exótico Aristida spiciformis Modificação que eu fiz da ilustração retirada do artigo intitulado “A Monograph of the Genus Aristida” |
O tamanho da coluna pode ser utilizada pra separar diferentes subespécies, como acontece com (1) Aristida megapotamica var. megapotamica (possui coluna helicoidal com 2 a 6 cm); (2) Aristida megapotamica var. brevipes (coluna helicoidal com 2,9 a 4,9 cm); (3) Aristida megapotamica var. longipes (coluna helicoidal com 6 a 10 cm).
Flores (Antécios)
Uma informação muito interessante sobre as flores (antécios) dos capins é que nem todas elas são férteis, e por isso elas são divididas em diferentes grupos:
(1) Flores neutras ou estéreis: não apresentam ovário e anteras no seu interior, ou seja, na flor apenas existem a gluma pálea e gluma lema. Nesse caso, gluma pálea e lema são chamadas de estéreis.
(2) Flores frutíferas: possui ovário e anteras no seu interior, ou seja, é a flor normal que produz sementes. Nesse caso, gluma pálea e lema são chamadas de férteis.
(3) Flores rudimentares: essa é uma flor do tipo 1 (neutra), porém com redução de tamanho (ou seja, as glumas são reduzidas). É como se fosse uma flor vestigial.
Em uma mesma espigueta podemos ter esses três tipos de flores.
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Flor do capim do gênero Andropogon Modificação que eu fiz da ilustração retirada do “Glossário Ilustrado de Morfologia – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília 2009” |
Inflorescência – caracteres diagnósticos
Na maioria das plantas, uma inflorescência nada mais é que um conjunto de flores. Nos capins, essa inflorescência vai ser composta por um conjunto de espiguetas.
Dependendo de como essas espiguetas estão localizadas/organizadas/ramificadas no corpo da planta, a inflorescência vai receber diferentes nomes.
Espiga
É quando temos várias espiguetas inseridas em um mesmo eixo (raque). Porém, elas estão inseridas no eixo de forma direta, ou seja, não existe um pedúnculo/pedicelo de ligação entre o eixo e a espigueta, é como se as espiguetas estivessem coladas no eixo (no jargão técnico, dizemos que são sésseis). Além de estarem inseridas de forma direta no eixo, as espiguetas se encontram muito próximas umas das outras.
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Ilustração de uma inflorescência do tipo Espiga |
O Capim Flechinha (Echinolaena inflexa) e o Capim Tamanduá (Ctenium cirrhosum), ambos nativos do cerrado, apresentam a inflorescência do tipo espiga.
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Inflorescência do tipo Espiga do Capim Flechinha (Echinolaena inflexa) Ruy Barbosa, Bahia, Brasil Foto de Domingos Cardoso, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
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Inflorescência do tipo Espiga do Capim Flechinha (Echinolaena inflexa) Foto retirada do site “powo.science.kew.org” |
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Inflorescência do tipo Espiga do Capim Flechinha (Echinolaena inflexa) Foto retirada do site “sites.ffclrp.usp.br” |
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Inflorescência do tipo Espiga do Capim Tamanduá (Ctenium cirrhosum) Espiguetas duplas como essas são muito raras Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil Foto de Luciano Pedrosa, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
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Inflorescência do tipo Espiga do Capim Tamanduá (Ctenium cirrhosum) Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil Foto de Luciano Pedrosa, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
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Inflorescência do tipo Espiga do Capim Tamanduá (Ctenium cirrhosum) Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil Foto de Anael De Souza |
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Inflorescência do tipo Espiga do Capim Tamanduá (Ctenium cirrhosum) Chapada dos Veadeiros, Goiás, Brasil Foto de Fernanda Barros (@nandavbarros) |
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Inflorescência do tipo Espiga do Capim Tamanduá (Ctenium cirrhosum) Serra da Calçada, Minas Gerais, Brasil Foto de Pablo Burkowski Meyer |
Cacho (racemo)
Em um cacho (também conhecido como racemo) também temos várias espiguetas inseridas em um mesmo eixo (raque). Porém, as espiguetas estão inseridas no eixo de forma indireta, ou seja, existe um pedúnculo/pedicelo ligando/unindo o eixo principal e a espigueta (as espiguetas não ficam coladas diretamente no eixo).
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Ilustração de uma inflorescência do tipo Cacho (racemo) |
Os Capim nativo do cerrado Trachypogon spicatus e Trachypogon macroglossus, apresenta a inflorescência do tipo cacho (racemo).
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Inflorescência do tipo Cacho do Capim Trachypogon spicatus Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil Foto de Luciano Pedrosa, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
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Inflorescência do tipo Cacho do Capim Trachypogon macroglossus São Thomé das Letras, Minas Gerais, Brasil Foto de Valdeci de Andrade, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
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Inflorescência do tipo Cacho do Capim Trachypogon spicatus Foto retirada do site “www.earth.com” |
Panícula
A panícula nada mais é que um cacho composto (um conjunto de cachos). Ao invés de termos várias espiguetas inseridas em um mesmo eixo (raque), temos espiguetas inseridas em vários eixos diferentes. Ou seja, em uma panícula nós temos uma ramificação dos eixos (a raque se divide várias vezes).
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Ilustração de uma inflorescência do tipo Panícula |
Existem tipos específicos de panículas, e os principais tipos de panículas são:
(1) Panícula Aberta: o eixo central (raque) e as suas subdivisões são muito alongados, então as espiguetas acabam ficando muito separadas entre sí. O pedúnculo/pedicelo que liga as espiguetas aos demais eixos da inflorescência também são muito alongados.
Os capins nativos dos Pampas, Capim Névoa (Eragrostis airoides), Capim dos Pampas (Cortaderia selloana) e Capim Felpudo (Bothriochloa laguroides), juntamente com o capim nativo do cerrado, Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix), apresentam a inflorescência do tipo Panícula Aberta.
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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) Foto de Giancarlo Zorzin, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) Chapada dos Veadeiros, Goiás, Brasil Foto de Eduardo Vilela, retirada do grupo do Facebook “Identificação Botânica” |
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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) Retirada da página do Facebook “Rede De Sementes Do Cerrado” |
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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Brinco de Princesa (Loudetiopsis chrysothrix) Tocantins, Brasil Foto de G.H.Rua |
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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim dos Pampas (Cortaderia selloana) Foto retirada do site “flora10.com.br” |
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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim dos Pampas (Cortaderia selloana) Foto retirada do site “plantasflores.net” |
Fiz uma publicação específica a respeito do Capim dos Pampas, gostaria de dar uma olhada ? É só clicar aqui:" Capim dos Pampas (Cortaderia selloana) - Plantas Ornamentais Nativas"
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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Névoa (Eragrostis airoides) Foto retirada do site “labfito.vacaria.ifrs.edu.br” |
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Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Felpudo (Bothriochloa laguroides) Foto retirada da página do Facebook “Vecinxs por la reserva natural de Laferrere” |
Inflorescência do tipo Panícula Aberta do Capim Felpudo (Bothriochloa laguroides) Foto retirada do blog “plantaslujan-a.blogspot.com” |
(2) Panícula Contraída: o eixo central (raque) pode ou não ser longo, porém as suas subdivisões são sempre bem curtas, então as espiguetas acabam ficando muito próximas entre sí. O pedúnculo/pedicelo que liga as espiguetas aos demais eixos da inflorescência também são muito curtos, dando a impressão que a panícula contraída é uma inflorescência do tipo espiga.
Capins nativos como os do gênero Sporobolus apresentam a inflorescência do tipo Panícula Contraída.
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Inflorescência do tipo Panícula Contraída do Capim dSporobolus indicus Foto retirada do site “flowers.la.coocan.jp” |
(3) Panícula Espiciforme: o eixo central (raque) é longo, suas subdivisões são curtas e tem tamanhos similares/padronizados. As subdivisões podem estar concentradas no topo do eixo central, ou estarem distribuídas em diferentes alturas. As espiguetas possuem pedúnculos/pedicelos curtos e estão muito próximas entre sí, aparentando estarem “achatadas”.
Essas subdivisões curtas e com tamanhos similares lembram dedos humanos, então as vezes essas subdivisões são chamadas de “Dígitos”, e a inflorescência acaba sendo chamada de “Inflorescência Digitada”.
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Ilustrações de inflorescências do tipo Panícula Espiciforme |
O Capim Douradinho (Axonopus aureus), o Capim Orelha de Coelho (Paspalum stellatum), o Capim Pé de Galinha Branco (Chloris elata) e o Capim Pé de Galinha Roxo (Chloris barbata) apresentam a inflorescência do tipo Panícula Espiciforme.
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Douradinho (Axonopus aureus) Jardim Louise Ribeiro (@jardimlouiseribeiro), Brasília, Brasil Foto tirada pela arquiteta e paisagista Mariana Siqueira (@jardinsdecerrado) |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Douradinho (Axonopus aureus) Foto tirada pela arquiteta e paisagista Mariana Siqueira (@jardinsdecerrado) |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Douradinho (Axonopus aureus) Chapada dos Veadeiros, Alto Paraíso de Goiás, Goiás, Brasil Foto tirada pela arquiteta e paisagista Mariana Siqueira (@jardinsdecerrado) |
Mariana Siqueira é a idealizadora do projeto Os Jardins do Cerrado (@jardinsdecerrado), que tem a finalidade de introduzir a flora rasteira do cerrado em parques e jardins para inspirar a valorização das savanas e dos campos do Brasil.
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Claudomiro coletando as inflorescências Capim Douradinho (Axonopus aureus) Chapada dos Veadeiros, Alto Paraíso de Goiás, Goiás, Brasil |
Claudomiro de Almeida Cortes (@claudomirode) é o presidente do Cerrado de Pé (@cerradodepe). O Cerrado de Pé é uma associação de coletores de sementes das comunidades do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (composta atualmente por 100 famílias, sendo 77% mulheres). O objetivo da associação é contribuir para a conservação e restauração do cerrado, coletando sementes de gramíneas, ervas, arbustos e árvores de espécies nativas do cerrado para projetos e iniciativas de recuperação de áreas degradadas.
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Douradinho (Axonopus aureus) Chapada dos Veadeiros, Alto Paraíso de Goiás, Goiás, Brasil Foto de Mauricio Mercadante |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Orelha de Coelho (Paspalum stellatum) UNB, Brasília, Brasil Foto do professor Júlio Barêa Pastore (@juliobpastore) |
O professor Júlio é o idealizador e um dos coordenadores do Jardim de Sequeiro (@jardimdesequeiro), projeto de paisagismo naturalista implementado no Instituto Central de Ciências (ICC) da Universidade de Brasília (UNB).
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Orelha de Coelho (Paspalum stellatum) Balão (Rotatória) da Escola Parque 210/211 Norte, UNB, Brasília, Brasil Foto de @jardimpilotofilme |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Orelha de Coelho (Paspalum stellatum) Cavalcante, Goiás, Brasil Foto de Mauricio Mercadante |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Orelha de Coelho (Paspalum stellatum) Jardim Botânico de Brasília, Brasília, Brasil Foto de João Medeiros |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Orelha de Coelho (Paspalum stellatum) Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília, Brasília, , Brasil Foto de Mauricio Mercadante |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Orelha de Coelho (Paspalum stellatum) Foto de Gabriel Hugo Rua, retirada do site “reflora.jbrj.gov.br” |
Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Pé de Galinha Branco (Chloris elata) Santa Catarina, Brasil Foto de Luís Adriano Funez |
Luís Adriano Funez é o coordenador do site "Flora de Santa Catarina", um projeto que busca catalogar, gerar e disponibilizar conhecimento sobre a flora do estado de Santa Catarina.
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Pé de Galinha Branco (Chloris elata) Foto de Ignacio Martin Luna |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Pé de Galinha Branco (Chloris elata) Severínia, São Paulo, Brasil Foto de Alexandre Medeiros, retirada do grupo do Facebook “DetWeb” |
Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Pé de Galinha Roxo (Chloris barbata) Santa Catarina, Brasil Foto de Luís Adriano Funez |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Pé de Galinha Roxo (Chloris barbata) Foto retirada do site “www.floraofsrilanka.com” |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Pé de Galinha Roxo (Chloris barbata) Foto de Surajit Koley |
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Inflorescência do tipo Panícula Espiciforme do Capim Pé de Galinha Roxo (Chloris barbata) Foto de Aarti S. Khale |
Inflorescência em Ramos da Tribo Andropogoneae
Inflorescência em Ramos do Capim Rabo de Burro (Andropogon bicornis) Santa Catarina, Brasil Foto de Luís Adriano Funez |
Todos os capins pertencem a família Poaceae (se lê, “Poace”), mas essa família está dividida em várias subfamílias e tribos diferentes. Cada tribo possui suas próprias características, e capins que compartilham a mesma tribo possuem muitas características parecidas.
A tribo Andropogoneae possui inflorescências muito, muito, muito, mas MUITOOOOOO complexas MESMO.
Por conta disso, fiz uma publicação a parte explicando as inflorescências dessas espécies. Pra dar uma olhadinha nela, é só clicar aqui: "Capim Rabo de Burro - Identificação de Plantas Ornamentais Nativas".
Capins Nativos do Cerrado – Principais gêneros
As vegetações do Cerrado (fitofisionomias, no jargão técnico) que apresentam a maior riqueza e diversidade de capins são: (1) Campo Limpo, (2) Campo Sujo e (3) Campo Rupestre. As 3 maiores subfamílias, que contém os 10 gêneros com maior número de espécies, são:
OBSERVAÇÃO – Os 10 gêneros contêm mais de 50% de todas as espécies de capins registradas para a região do Cerrado.
(1) Subfamília Panicoideae (se lê, “panicoide”)
(A) Tribo Paniceae (se lê, “panice”) - possui os gêneros: Paspalum (96 espécies), Panicum (24 espécies) e Digitaria (23 espécies).
(B) Tribo Paspaleae - possui os gêneros: Axonopus (39 espécies) e Mesosetum (19 espécies).
(C) Tribo Andropogoneae - possui os gêneros: Andropogon (12 espécies) e Schizachyrium (14 espécies).
A principal característica dessa subfamília é que as glumas inferior e superior são caducas, caem junto com as espiguetas depois que as sementes já estão maduras.
(2) Subfamília Aristidoideae
(D) Tribo Aristideae - possui os gêneros: Aristida (23 espécies).
A principal característica dessa subfamília é que as espiguetas costumam ter apenas uma flor (antécio), e a gluma lema é forte e rígida, contendo 3 aristas compridas. A gluma lema cobre totalmente a gluma pálea.
Eu fiz uma publicação TOTALMENTE dedicada a esse gênero. Nela eu falo a respeito de taxonomia, localização das espécies, habitat, reprodução, etc. Se quiser dar uma olhadinha nela, é só clicar aqui: "Capim Aristida - Plantas Ornamentais do Cerrado".
(3) Subfamília Chloridoideae
(E) Tribo Eragrostideae - possui os gêneros: Eragrostis (13 espécies).
(F) Tribo Zoysieae - possui os gêneros: Sporobolus (12 espécies).
A principal característica dessa subfamília é que as glumas inferior e superior são persistentes, elas não caem junto com as espiguetas depois que as sementes já estão maduras, elas continuam presas junto a planta.
Identificação de Capins – Literatura
Pra identificar alguma espécie de capim específico, vocês precisam de uma coisa chamada de “chave de identificação”. Essa chave vocês podem conseguir no site “Flora do Brasil”, no artigo “Gramíneas das formações savânicas e campestres do Parque Ecológico Bernardo Sayão – Brasília, Distrito Federal, Brasil.”, no livro “Morfologia e Taxonomia de gramíneas Sul-Rio-Grandenses” e no livro “Gramíneas do Cerrado Tarciso S. Filgueiras”.
Identificação de Capins – Grupos do Facebook
Outra forma de identificar essas plantas é postar fotos dos capins nos grupos de identificação botânica do Facebook (Identificação de Plantas, Identificação Botânica, DetWeb, existem vários grupos). Lá existem vários especialistas/pesquisadores que podem identificar os capins pra vocês sem nenhum custo.
Pra identificação de algum capim específico, tire fotos das estruturas botânicas mais importantes (folha, bainha, colar, lígula, aurícula, glumas, espiguetas, inflorescência, etc.). Não se esqueça de dizer em que cidade e estado mora, a localização é muito importante também.
Espécies de capins ornamentais nativos
Venda de capins ornamentais nativos
Já tenho mudas disponíveis do Capim Cidreira Brasileiro (Elionurus muticus). Quem quiser adquirir alguma, basta clicar na imagem para ver o anúncio. Ou, é só entrar em contato comigo por e-mail (matheusloboconta@gmail.com), pelo Instagram (@oscordados.mss) ou por WhatsApp (62986313764).
Referências
- A Dinâmica do Crescimento de Plantas Forrageiras e o Manejo das Pastagens
- Botânica: Morfologia e Descrição Fenotípica
- Distinção de espécies de capim Rabo-de-Burro
- Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial - Plantas para o Futuro - Região Centro-Oeste
- Flora e Funga do brasil
- Gramíneas das formações savânicas e campestres do Parque Ecológico Bernardo Sayão – Brasília, Distrito Federal, Brasil.
- Glossário Ilustrado de Morfologia – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília 2009
- Gramíneas do Cerrado Tarciso S. Filgueiras
- Identificação e Características de Forrageiras Perenes para Consórcio com Milho
- Morfologia de Gramíneas Forrageiras
- Morfologia de Plantas Forrageiras
- Morfologia e Taxonomia de gramíneas Sul-Rio-Grandenses
- Princípios básicos do manejo de pastagens
- Poaceae (Gramine): taxonomia, morfologia, ecologia, aspectos ambientais e históricos
- Sinopse do gênero Andropogon L. (Poaceae -Andropogoneae) no Brasil
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