Capim Barba de Bode (Aristida jubata) - Plantas Ornamentais Nativas

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Touceira Cespitosa Ereta do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Curitiba, Paraná, Brasil
Foto de Daniel Escudero, retirada do grupo do Facebook “Identificação Botânica

Esse guia é uma continuação da publicação: "Capim Aristida - Plantas Ornamentais do Cerrado"


Identificação

(1) Possui colmo ramificados apenas na base;
(2) As folhas não tem dimorfismo foliar, são todas parecidas, com formato linear e praticamente lisas, ou seja, sem pelos/tricomas;
(3) A inflorescência é uma panícula aberta. A panícula pode ter muitas flores (panícula plurifloral) ou poucas flores (panícula paucifloral);
(4) Possui glumas inferiores mais curtas que superiores;
(5) Arista central costuma ser um pouco maior que as duas aristas laterais;
(6) O calo do lema é piloso e agudo;

Plantas perenes, geralmente alcançam entre 30 a 80 cm de altura. Possuem um crescimento Cespitoso Ereto (ou seja, formam uma touceira, e uma touceira bem densa).
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Touceira Cespitosa Ereta do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Três Rios, Rio de Janeiro, Brasil
Foto de Simone Carvalho, retirada do grupo do Facebook “Identificação Botânica


As aristas possuem entre 12,5 a 23 cm. Não possui coluna com formato helicoidal.

A panícula no total possui entre 15 - 50 cm.
Sementes do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Cerrado Infinito, São Paulo, Brasil
Fotos de Daniel Caballero (@cerradoinfinito)

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Semente do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Itatiba, São Paulo, Brasil
Foto de Rogério Lupo, retirada do grupo do Facebook “DetWeb



Sementes do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Foto feita por Cleo Cenci Graminho em uma postagem do Facebook

Panícula Aberta do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Sorocaba, São Paulo, Brasil
Foto de Paulo Henrique Gaem, retirada do grupo do Facebook “DetWeb

Durante muitos anos a espécie foi confundida com Aristida pallens, até que sua verdadeira identidade foi estabelecida por Longhi-Wagner.

Habitat e Utilização

O Capim Barba de Bode (Aristida jubata) é uma espécie com muito potencial ornamental (eu diria que é a espécie do gênero mais bonita). As panículas possuem uma coloração arroxeada e aspecto filamentoso de cerdas. São as 3 aristas da gluma lema que dão essa aparência filamentosa/peluda a panícula.
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Aristas da Panícula Aberta do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Foto do técnico em agropecuária e mestre em engenharia florestal Jhonitan Matiello (@jhoni_mtllo)


O Jhonitan Matiello (@jhoni_mtllo) faz parte do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas (NEPRADE/UFSM), e é um dos autores do livro “Plantas nativas ornamentais do bioma Pampa: potenciais e popularização”. O livro convida as pessoas a despertar o olhar para as plantas nativas do bioma Pampa, mostrando os desafios da sua valorização e conservação. O livro tem foco no paisagismo, e traz subsídios técnicos que auxiliam no uso das plantas em jardins e na arte floral.
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Panículas Abertas do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Foto feita por Jreinaldo Da Silva em uma postagem do Facebook

Panículas Abertas do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Foto feita por Lincoln Laudelizio Vituri em uma postagem do Facebook

Panículas Abertas do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Paranapanema, São Paulo, Brasil
Foto feita por Adriano Luís Dos Santos Graminho em uma postagem do Facebook


Panículas Abertas do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Foto de Denibranco

As touceiras formadas pelos indivíduos mais velhos lembram a juba de um leão (daí o nome científico).
Touceira Cespitosa Ereta do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Itapetininga, São Paulo, Brasil
Foto de Cristiane Albino, retirada do grupo do Facebook “Identificação Botânica

Touceira Cespitosa Ereta do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Parque Estadual do Juquery, Franco da Rocha, São Paulo, Brasil
Foto de Hamilton Cezar (@anjosdamataatlantica), retirada da página do Facebook “Anjos da Mata Atlântica ”

Os indivíduos mais novos possuem um aspecto mais modesto, lembrando a barba de um bode (daí o nome popular).
Brotação do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Foto feita por Clecimar Andrade em uma postagem do Facebook


As panículas também podem ser comercializadas para a confecção de espanadores e arranjos florais secos, nas chamadas “feiras de arte”, porém a maior beleza desse capim se encontra quando as plantas ainda estão vivas.
Espanadores feitos com o Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Foto tirada da página do Facebook “phfloresdesidratadas”

Em áreas rurais era muito utilizado pelos moradores para forrar ninhos de galinhas, mas com a chegada das pastagens exóticas (Urochloa, Melinis, etc.) e grandes lavouras de trigo, algodão e soja na virada dos anos 80/90 eles foram desaparecendo da paisagem. Quando o Capim Barba de Bode se instala no terreno ele costuma ir se alastrando e formando grandes populações, o que prejudica as plantas cultivadas, sendo considerada uma praga (apesar de ser nativo). O gado doméstico só come esse capim como última opção.
Capim Barba de Bode (Aristida jubata) crescendo no pasto
Foto feita por Marcos Roberto Barros em uma postagem do Facebook



Capim Barba de Bode (Aristida jubata) crescendo no Pampa
Júlio de Castilhos, Rio Grande do Sul, Brasil

O Capim Aristida jubata é eliminado sendo retirado manualmente do solo (arrancam toda a touceira), ou por meio do uso de substâncias químicas. Normalmente ele só cresce em solos bem ácidos, então assim que se adiciona calcário no solo para corrigir o pH (ou seja, para deixa-lo neutro ou alcalino) ele para de crescer. Segundo relatos, ele tem muita dificuldade de se estabelecer em áreas que são frequentemente alteradas por ação humana.

Em área de cerrado, pode habitar as seguintes vegetações: Cerrado Sentido Restrito, Campo Sujo e áreas perturbadas. Em áreas perturbadas ele é frequentemente visto em barrancos e beira de estrada (Lembre-se que áreas perturbadas e áreas degradadas são coisas diferentes, tudo bem ?)
Capim Barba de Bode (Aristida jubata) crescendo no meio das pedras
Itaqui, Rio Grande do Sul, Brasil
Foto feita por Gentil Félix Da Silva Neto em uma postagem do Facebook



Capim Barba de Bode (Aristida jubata) crescendo na beira da estrada
Franca, São Paulo, Brasil
Foto feita por Adauto Rodrigues em uma postagem do Facebook


Capim Barba de Bode (Aristida jubata) crescendo no barranco
Três Rios, Rio de Janeiro, Brasil
Foto de Simone Carvalho, retirada do grupo do Facebook “Identificação Botânica



Capim Barba de Bode (Aristida jubata) crescendo no barranco
Oliveira, Minas Gerais, Brasil
Foto de Otávio Ribeiro, retirada do grupo do Facebook “DetWeb




Capim Barba de Bode (Aristida jubata) crescendo em área perturbada
Curitiba, Paraná, Brasil
Foto de Francisco Zangalli, retirada do grupo do Facebook “Identificação Botânica




Capim Barba de Bode (Aristida jubata) crescendo em área perturbada
Curitiba, Paraná, Brasil
Foto de Daniel Escudero, retirada do grupo do Facebook “Identificação Botânica



Cultivo

Infelizmente eu também NUNCA consegui cultivar o capim Aristida jubata. Uma vez consegui obter sementes através do amigo Hamilton Cezar (muitíssimo obrigado jovem), porém não consegui faze-las germinar (estavam em dormência ou já tinham passado do prazo de validade ? Infelizmente nunca saberemos). Quem quiser me vender/trocar/doar algumas sementes, entre em contato comigo por e-mail (matheusloboconta@gmail.com), pelo Instagram (oscordados.mss) ou por WhatsApp (62986313764).

O Hamilton Cezar é o coordenador do projeto "Anjos da Mata Atlântica" (@anjosdamataatlantica).
O projeto tem como objetivo reintroduzir espécies de árvores e plantas nativas raras no meio urbano, através de plantios comunitários, envolvendo a população local e criando uma nova consciência coletiva de preservação.

Os relatos de cultivo dessa espécie eu coletei conversando com cultivadores, especialistas, ou mesmo lendo comentários nos grupos de botânica do Facebook e WhatsApp.
Como já esperado para as espécies do gênero Aristida, o crescimento da parte aérea das mudas é bem lento. Segundo experiência de cultivadores, o Capim Barba de Bode (Aristida jubata) pode levar até 2 anos para atingir apenas 7 cm de comprimento. Algumas pessoas dizem que é muito fácil de germinar as sementes em saquinhos contendo areia pura, porém eu mesmo não obtive sucesso.
Muda do Capim Barba de Bode (Aristida jubata) em vaso
São Paulo, Brasil
Foto de Hamilton Cezar (@anjosdamataatlantica), retirada da página do Facebook “Anjos da Mata Atlântica



Plantio de mudas do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Foto tirada da página do Facebook “Arca do Cerrado (@AArcadoCerrado)”

Como também já esperado, as sementes não aceitam substratos ricos em matéria orgânica para germinar. Em substratos comerciais, conhecidos como “terra preta”, elas não crescem de jeito nenhum. Inicialmente elas só aceitam substratos pobres e ácidos para germinar, como terra vermelha (latossolo, argissolo) misturada com areia. Só com o passar do tempo que as mudas aceitam receber algum tipo de adubo.

A touceira formada depois que o capim cresce é bem rígida, sendo muito bem estruturada. Ele resiste bem a poda, sendo manual ou feita pelo fogo (inclusive é sempre o primeiro capim a brotar depois que ocorre uma queimada). Encontrei relatos de pessoas dizendo que ele não pega bem por mudas, porém algumas pessoas tiveram sorte repartindo a touceira e plantando em vasos. O Capim Barba de Bode (Aristida jubata) sem dúvidas chama atenção quando plantado em um jardim.



Touceira Cespitosa Ereta do Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Cerrado Infinito, São Paulo, Brasil
Fotos de Daniel Caballero (@cerradoinfinito)

Daniel Caballero (@cerradoinfinito) é responsável pela criação do Cerrado Infinito. O Cerrado Infinito é o primeiro experimento de recriação de uma paisagem de cerrado dentro de uma área urbana pública. Um refúgio de plantas extintas ao longo do desenvolvimento da cidade de São Paulo. Esse projeto de paisagismo naturalista resgata, mapeia sobreviventes, coleta mudas e sementes para serem plantadas em conjunto, formando ao longo do tempo a visualidade dos extintos Campos de Piratininga.

Talude coberto pelo Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Parque Amantikir, Campos do Jordão, São Paulo, Brasil
Foto feita por Rosiane Silva em uma postagem do Facebook

Jardim feito com o Capim Barba de Bode (Aristida jubata)
Nova Odessa, São Paulo, Brasil
Foto tirada da página do Facebook “Paisagismo Etec Itu”

Na página 18 do artigo “Aristida pallens Cav.: Recopilación de Datos Empíricos de Propagación y su uso en Proyectos de Paisajismo” é feita uma pesquisa de cultivo com Aristida pallens, uma espécie nativa da Argentina e Chile que se parece muito com Aristida jubata.

Os pesquisadores constataram que a divisão de perfilhos em plantas adultas de Aristida pallens não é uma boa maneira de propagar mudas (elas acabavam morrendo). A melhor maneira de se obter mudas era através de sementes.

As sementes eram semeadas em uma mistura de turfa e perlita e germinavam em um tempo médio de 10 dias, com porcentagem de germinação em 70%. Após as mudas produzirem 4 folhas, elas eram transplantadas para um substrato com baixo teor de matéria orgânica e boa drenagem (os pesquisadores não citam qual era o substrato). Segundo os pesquisadores, as sementes precisam ser semeadas em substratos com granulometria grossa e pouca matéria orgânica para germinar (ou seja, poucos nutrientes disponíveis).

Ocorrência

O Capim Barba de Bode (Aristida jubata) é nativo do Brasil, porém não é endêmico (pode ser encontrado em outros países). No Brasil, pode ser encontrado na região Centro-Oeste (Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina).

As coletas dessa espécie feitas no Distrito Federal são resultantes de pequenas introduções humanas (não sei por qual motivo tentaram introduzir essa espécie lá). Mas as grandes populações que foram formadas nunca se estabelecem por mais que uma ou duas estações de crescimento. Pequenas populações podem ser encontradas atualmente, mas elas são raras e existem apenas em parques bem preservados.

Acredito que essa espécie não consiga suportar os longos períodos de seca que ocorrem em Goiás e Brasília (por aqui podemos ficar até 6 meses sem ver chuva). Por isso ela costuma ser mais encontrada nos cerrados de São Paulo (que possuí secas mais curtas).

Outras espécies de capins ornamentais nativos


Identificando capins ornamentais nativos


Referência

Essa publicação faz parte do guia de cultivo: "Capim Aristida - Plantas Ornamentais do Cerrado". Todas as referências utilizadas aqui vão estar listadas lá no guia. 

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