O Habitat das Plantas Carnívoras – Onde elas Crescem ? – Parte 2

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Tepui no Escudo das Guianas
Foto de Ricardo Azoury, tirada do livro “Expedições às montanhas da Amazônia

Antes da gente começar (ou melhor, recomeçar o assunto), deixa eu fazer uma coisa aqui. 


Eu gostaria de fazer um agradecimento aos pesquisadores Brasileiros especialistas em plantas carnívoras Fernando Rivadavia e Paulo Gonella. Foi graças ao trabalho de pesquisa realizado por eles nos últimos 20 anos que o conhecimento sobre plantas carnívoras Brasileiras se difundiu pelo nosso país. 

Não bastasse o trabalho de fazer pesquisa (e acreditem, da um trabalhão) eles também se preocupavam com uma coisa ainda mais importante, que é o trabalho de fazer a divulgação ambiental para o pessoal que está fora do meio acadêmico. Eles mesmos divulgavam informações de suas pesquisas em fóruns na internet (o carnívoras.com.br) e grupos de redes sociais (o grupo do Facebook Plantas Carnívoras – Brasil). Foi a partir desse trabalho de divulgação feito por eles que muitos Brasileiros (incluindo eu) passaram a conhecer a enorme diversidade de espécies que temos aqui no nosso país (ou seja, precisamos agradecer muito a eles). 
Inclusive, as informações que vocês vão ver aqui sobre as Droseras Brasileiras dos Campos de Altitude e Campos Rupestres vieram diretamente do que eles divulgaram, incluindo as fotos. 

Ps – tem muito mais gente envolvida que também merece os agradecimentos, então se você for uma delas já peço desculpas por não ter citado seu nome, tá ? 

Ps 2 – Essa aqui é a segunda parte da publicação, então se você chegou até aqui e ainda não viu a primeira parte, é só clicar aqui: "O Habitat das Plantas Carnívoras - Onde elas Crescem ? - Parte 1". 


Campos das Regiões Sudeste e Sul 


Campos de Altitude 

Campos de Altitude na Serra do Mar
Foto de Pedro Hauck, retirada do seu site www.pedrohauck.nt

Os Campos de Altitude são típicos dos pontos mais elevados da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira (Região Sudeste), estando geralmente situados acima de 1.500 metros de altitude. A exceção é o caso dos Campos de Altitude do Parque Estadual da Serra do Mar, no Núcleo Curucutu, que ocorrem em cotas mais baixas, entre 750 a 850 metros de altitude. 

Os Campos de Altitude ocorrem em Rochas Ígneas (Granito) e Rochas Metamórficas (Gnaisse). E no caso particular de Itatiaia, na Rocha Ígnea Sienito nefelínico. Bem diferente dos Campos Rupestres e Cerrados Rupestres, que estão associados a rochas como o Quartzito (Rocha Metamórfica), Arenito (Rocha Sedimentar) e Formações Ferríferas.

A vegetação típica dos Campos de Altitude é a Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa, Florestas Estacionais e seus subtipos e a Floresta Ombrófila Mista), mas ao invés de predominar formações florestais, nas partes mais altas o que predomina são as formações campestres (o bioma Mata Atlântica pode ter vários tipos de fitofisionomias diferentes). Extensas áreas são cobertas apenas por plantas de porte mais baixo (gramíneas e outros arbustos). As florestas ficam situadas nas regiões mais baixas onde os solos são mais profundos. Nas regiões mais altas os solos mais comuns são os Neossolos Litólicos e Cambissolos, mas Organossolos também podem ocorrer. 

Campos de Altitude na Serra do Mar
Fotos de Pedro Hauck, retiradas do seu site www.pedrohauck.nt



A vegetação dos Campos de Altitude é muito parecida com a vegetação das regiões Andino-Patagônicas, das serras do sul do Brasil (Serra do Tabuleiro) e da América Central. 


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Fotos de Aislan Mendes, retirada do site www.mochileiros.com.
O Aislan Mendes fez um registro SENSACIONAL do seu mochilão pelo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro
Santa Catarina, Brasil

Os Organossolos (Turfeiras) são muito comuns nas serras do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, que se encontra em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Nessa serra foram encontradas cerca de 21 regiões (manchas/áreas) de Organossolos. Cerca de 38% dessas regiões de Organossolos estavam em áreas mais baixas (abaixo de 1.156 metros), enquanto 23% ocupavam as altitudes mais elevadas (acima de 1.220 metros). Com relação ao tamanho, cerca de 80% dos Organossolos possuíam áreas bem “pequenas” (menores que 4.200 m²) e apenas 9,5% tinham realmente um tamanho grande (maiores que 12.300 m²). 

Campos de Altitude é diferente de Campo Limpo. Apesar do Campo Limpo poder ser encontrados em altitudes muito elevadas, ele é uma fitofisionomia do Cerrado, então não faz parte da vegetação típica que ocorre nos Campos de Altitude (a Mata Atlântica). 


Plantas Carnívoras dos Campos de Altitude 

Drosera magnifica 
A Drosera magnifica é a maior espécie de Drosera do Brasil e está entre as 3 maiores do mundo. Ela ocorre na Serra do Padre Ângelo (no Pico do Padre Ângelo), que está na região do Vale do Rio Doce. Nessa mesma região estão a Serra da Mantiqueira (região dos Campos de Altitude) e a Serra do Espinhaço (região dos Campos e Cerrados Rupestres). 
Serra do Padre Ângelo
Parque Estadual Sete Salões, Conselheiro Pena, Minas Gerais, Brasil
Foto de wikimapiga.org

Pico do Padre Ângelo, o ponto mais alto da Serra
Parque Estadual Sete Salões, Conselheiro Pena, Minas Gerais, Brasil
Foto retirada do "Blog Zé Araújo"



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Drosera magnifica
Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Fernando Rivadavia, retirada do artigo intitulado “Drosera magnifica (Droseraceae): the largest New World sundew, discovered on Facebook

Drosera magnifica
Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do "en.wikipedia.org"

A vegetação mais alta da Serra do Padre Ângelo, onde as Droseras ocorrem, é uma área de transição entre a vegetação dos Campos de Altitude e Campo Rupestre (fitofisionomia Campo Sujo). A Drosera magnifica ocorre entre os sedimentos e Neossolos Litólicos formandos a partir do Arenito (Rocha Sedimentar). 


Drosera villosa 
A Drosera villosa ocorre em áreas com mais de 1.200 metros de altitude na Serra do Ibitioca e Serra Negra, ambas as serras fazendo parte do grande planalto da Serra da Mantiqueira. 
Serra do Ibitioca
Minas Gerais, Brasil
Foto de Helio Salmon


Ela foi encontrada vivendo sobre o musgo Sphagnum, sedimentos arenosos e Neossolos litólicos na região de transição entre os Campos Rupestres e Campos de Altitude. 
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Ambiente onde a Drosera villosa pode ser encontrada
Serra do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil
Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do artigo intitulado “Exhuming Saint-Hilaire: revision of the Drosera villosa complex (Droseraceae) supports 200 year-old neglected species concepts

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Drosera villosa
Serra do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil
Fotos da publicação do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil


Drosera villosa
Serra Negra, Minas Gerais, Brasil
Foto da publicação do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil




Cerrado das Regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sudeste 

Veados Campeiros (Ozotoceros bezoarticus) passeando pelos Campos Limpos
Parque Nacional das Emas, Goiás, Brasil
Foto de Alexandre Camargo Coutinho, retirada do "Mapeamento do Uso e Cobertura da Terra do Cerrado - Projeto TerraClass Cerrado 2013"

Pra falar sobre os Campos Rupestres, primeiro a gente precisa fazer uma introdução sobre o Cerrado, tudo bem ? Então vamos lá.

O nome Savana (Sabana, em espanhol) veio do termo indígena caribenho “Habana”, que era o nome indígena utilizado para chamar os conhecidos “Llanos” da Bacia do Orinoco, no norte da América do Sul (regiões com árvores e arbustos espalhados em campos cheios de gramíneas, que não formam uma mata fechada). 
As Savanas são encontradas na África, Ásia e Oceania, e aqui na América do Sul ela é conhecida (pelos Brasileiros) como Cerrado, mas também pode ser chamada de Tabuleiro, Agreste, Chapada (região Nordeste), Campina, Gerais (região sudeste) e Lavrado (região norte). 

No Brasil, o Cerrado ocupa mais de 2.000.000 km², o que representa mais de 23% do território Brasileiro. Ocorrem em altitudes que variam de 300 metros (Baixada Cuiabana em Mato Grosso), a mais de 1.600 metros (Chapada dos Veadeiros em Goiás). O Cerrado se localiza principalmente em áreas onde o inverno é seco (Junho, Julho e Agosto é o auge da seca) e o verão é chuvoso (Dezembro, Janeiro e Fevereiro é o auge das chuvas). 
Campo Sujo (em cima) e Cerrado Sentido Restrito (ao fundo) na trilha do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
Alto Paraíso de Goiás, Goiás, Brasil
Foto de Rafael Kosoniscs, retiradas do site seumochilao.com.br

No Brasil, o Cerrado pode ser encontrado na região Norte, principalmente no estado do Tocantins e em manchas nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. No Nordeste, em partes dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí. Na região Sudeste, principalmente no estado de Minas Gerais e parte de São Paulo. Na região Sul, apenas manchas minúsculas no estado do Paraná. Na região Centro Oeste, nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. 

No Distrito Federal, 100% da sua área é coberta pelo Cerrado. No estado de Goiás, 97% do estado é coberto pelo Cerrado, apenas 3% do estado é coberto pela Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), que está localizada na região sudoeste do estado (Bacia Sedimentar do Paraná). Dos 246 municípios goianos, 26 têm ocorrência da Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), sendo que os principais municípios são: Quirinópolis, Marzagão, Cachoeira Alta, Corumbaíba, Paranaiguara, Morrinhos, Santa Helena de Goiás, Inaciolândia, São Simão, Buriti Alegre, Água Limpa, Corumbaíba, Goiatuba e Araporã. 

Fora do Brasil, o Cerrado pode ser encontrado principalmente na Bolívia e no Paraguai. Na Colômbia, Guiana, Suriname e Venezuela, o Cerrado é chamado de Llanos. Vários tipos de vegetação (fitofisionomias) podem ser encontradas no Cerrado, desde aquelas mais Florestais (Cerradão) as mais Campestres (Campo Limpo). 
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana (Cerrado)
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana (Cerrado) de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana (Cerrado) de acordo com solo e o nível freático (lençol freático)
Ilustração retirada do livro "Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação"



Campo Rupestre (Savana Parque, segundo a nova classificação do IBGE de 2012) 

Campo Rupestre (fitofisionomia Campo Limpo)
Foto de Rafael Santiago, retirada do "Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção da Serra do Espinhaço"

Os Campos Rupestres e Cerrados Rupestres são o conjunto de fitofisionomias associadas aos afloramentos rochosos de formações Quartzíticas (Rocha Metamórfica), Areníticas (Rocha Sedimentar) e Ferríticas (Vários tipos de Rocha) inseridas dentro do bioma Cerrado (Savana) e suas áreas de transição com a Caatinga (Savana Estépica) e Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional e seus vários tipos). Os Campos Rupestres e Cerrados Rupestres que são encontrados em formações ferríticas geralmente são chamados de “Campos Rupestres Ferruginosos” ou “Campos Rupestres sobre a Canga”. 

Os Campos Limpos e Campos Sujos são as fitofisionomias mais comuns dos Campos Rupestres. Quando o Cerrado Sentido Restrito e Cerradão ocorrem nos afloramentos rochosos acima de 900 metros de altitude, chamamos essas fitofisionomias de Cerrado Rupestre. 
Se você quiser saber mais a fundo o que é um Campo Limpo, Campo Úmido, Cerrado Sentido Restrito e Cerradão, é só ler a minha publicação sobre os Neossolos, nela eu explico o que são essas vegetações: "Onde as Plantas Crescem - Neossolos".

Em geral, os Campos Rupestres ocorrem principalmente acima de 900 metros de altitude, em montanhas cujas rochas são de origem muito antiga (pré-cambriana). As principais rochas que compõem esses ambientes são o Quartzito (Rocha Metamórfica), o Arenito (Rocha Sedimentar) e Formações Ferríferas (geralmente compostas de rochas metamórficas e sedimentares, como os Itabiritos, Jaspilitos, Diamictitos, Dolomitos e Filitos ferruginosos). 
Bem diferente dos Campos de Altitude, que ocorrem sobre Rochas Ígneas (Granito) e Rochas Metamórficas (Gnaisse). 

Os Campos Rupestres podem ser encontrados principalmente ao longo da cadeia de montanhas da Serra do Espinhaço (a única cordilheira encontrada no Brasil), mas também podem ser encontrados em outras áreas isoladas do Brasil Central. Eles podem ser encontrados em  grandes concentrações na Chapada dos Veadeiros e Serra dos Pirineus (Goiás), na Serra da Canastra (Sudoeste de Minas Gerais), Serra do Lenheiro (região de São João Del Rei, Minas Gerais) e Serra de São José (Itutinga e Tiradentes, Minas Gerais). 

A Serra da Canastra, Serra do Lenheiro e Serra de São José fazem parte da Serra da Mantiqueira, mas as rochas e a vegetação estão mais relacionadas aos Campos Rupestres da Serra do Espinhaço. Também existem outras áreas de Campos Rupestres fora do Brasil Central. As mais conhecidas são a Serra dos Carajás, no Pará, onde a vegetação cresce sobre a Canga e a Serra da Jibóia, no Leste da Bahia, onde os Campos Rupestres ocorrem sobre Gnaisses (Rocha Metamórfica) e Granitos (Rocha Ígnea). 
Vista da Serra de Carajás
Pará, Brasil
Foto retirada do livro “Paisagens e Plantas de Carajás

Curso d’água passando pela Canga
Serra dos Carajás, Pará, Brasil
Foto retirada do livro “Paisagens e Plantas de Carajás

Pinheirinho-da-canga (Paepalanthus fasciculoides)
Serra dos Carajás, Pará, Brasil
Foto retirada do livro “Paisagens e Plantas de Carajás


Lagoas sobre a Canga
Serra dos Carajás, Pará, Brasil
Fotos retiradas do livro “Paisagens e Plantas de Carajás

Uma espécie de planta carnívora que pode ser encontrada fora dos Campos Rupestres das regiões do Brasil Central é a Drosera sessilifolia. Ela pode ser encontrada na Guiana Inglesa, Venezuela e no Brasil. No Brasil ela pode ser encontrada nos estados do Amazonas, Roraima, Pará, Tocantins e Minas Gerais e nas regiões Nordeste e Centro-Oeste (exceto no Distrito Federal). Na Serra dos Carajás ela foi encontrada apenas na Serra Sul, sendo observada apenas uma pequena população crescendo sobre a Canga. A Drosera sessilifolia foi a única espécie de Drosera encontrada na Serra dos Carajás. 

Drosera sessilifolia na Canga
Serra de Carajás, Pará, Brasil
Fotos de P.L. Viana, retiradas do artigo intitulado “Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Droseraceae



A vegetação dos Campos Rupestres é muito parecida com a do Escudo das Guianas (Tepuis) e das Restingas ao longo do litoral do Brasil. Algumas características da região dos Andes também podem ser encontradas nesses ambientes. 


Explicando o que é o Escudo das Guianas 
As placas tectônicas estão em umas estruturas que a gente chama de Crátons. No Brasil existem 4 crátons, e o que está no extremo norte do Brasil recebe o nome de Escudo das Guianas. O Escudo das Guianas é uma região de morros, serras, chapadas e montanhas, e cada uma recebe um nome diferente (o que complica a vida de todo mundo), mas normalmente QUALQUER REGIÃO DE CHAPADA vai ser chamada popularmente de Tepuis (“casa dos deuses”, no idioma do povo da região). 

Assim como no restante das chapadas do Brasil, as chapadas do Escudo das Guianas (os Tepuis) também são formadas principalmente por Quartzito (Rocha Metamórfica) e Arenito (Rocha Sedimentar). A vegetação dos Campos Rupestres é muito parecida com a do Escudo das Guianas, porque a vegetação dessa região é o Cerrado (Cerrado e Caatinga na verdade), e como a maior parte dessas áreas de Cerrado estão acima dos 900 metros de altitude, todas são consideradas automaticamente como Campos Rupestres e Cerrados Rupestres. 
Escudo das Guianas
Mapa feito por Tom Hollowell, NMNH Informática
No Escudo das Guianas existe uma serra chamada de Pacaraimã (Serra Pacaraimã ou Montanhas Pacaraimã, tanto faz), e a parte mais alta dessa serra/montanha é chamada de Monte Roraima (ela ocupa uma pequena parte do estado de Roraima). Como o Monte Roraima é uma chapada, então ele também é um tipo de Tepui, que no caso possui cerca de 2. 875 metros de altitude. O Monte Roraima está dentro do Parque Nacional Monte Roraima. 

As plantas carnívoras do gênero Heliamphora, a Bromélia carnívora Brocchinia reducta e a Drosera roraimae são endêmicas das regiões do Escudo das Guianas. 
Monte Roraima
Foto de Paolo Costa Baldi


Monte Roraima (direita)
Foto do mochilão feito por thiagozuza, retirada do site ztrip.com.br

Monte Roraima
Foto do mochilão feito por Flavio Varricchio, retirada do site adventurezone.com.br

Drosera roraimae
Monte Roraima
Foto de Rita Souza

Heliamphora nutens
Monte Roraima
Foto do mochilão feito por Flavio Varricchio, retirada do site adventurezone.com.br

Brochinnia reducta
Monte Roraima
Foto do mochilão feito por Flavio Varricchio, retirada do site adventurezone.com.br

Drosera roraimae
Monte Roraima
Foto do mochilão feito por Flavio Varricchio, retirada do site adventurezone.com.br

Brochinnia reducta
Monte Roraima 
Foto de Adalberto Jose Perez Lopez 

Brochinnia reducta
Monte Roraima
Foto de Christian Hummert

Outra serra dentro do Escudo das Guianas é a Serra da Neblina (ou Serra do Imeri), e de todas as serras do escudo, ela é a mais alta. A parte mais alta dessa serra é chamada de Pico da Neblina, com 2.995 metros (é o pico mais alto do Brasil). O Pico da Neblina está dentro do Parque Nacional do Pico da Neblina, que está no estado do Amazonas.
Pico da Neblina
Foto da Força Aérea do Brasil


Pico da Neblina
Foto de Ricardo Azoury, tirada do livro “Expedições às montanhas da Amazônia



Vegetação da Serra da Neblina
Foto de Ricardo Azoury, tirada do livro “Expedições às montanhas da Amazônia



Heliamphora tatei
Serra da Neblina
Foto de Ricardo Azoury, tirada do livro “Expedições às montanhas da Amazônia

O pesquisador especialista em Bromélias Gustavo Martinelli coletando Heliamphora tatei
Serra da Neblina
Foto de Ricardo Azoury, tirada do livro “Expedições às montanhas da Amazônia

Outra serra da região do Escudo das Guianas é a Serra do Aracá, que está no Município de Barcelos, Amazonas. 
Serra do Aracá
Foto de Ricardo Azoury, tirada do livro “Expedições às montanhas da Amazônia

Drosera roraimae
Serra da Neblina
Foto de Ricardo Azoury, tirada do livro “Expedições às montanhas da Amazônia


Voltando a falar dos Campos Rupestres 
Os solos dos Campos Rupestres são pobres em nutrientes, ácidos e estão muito sujeitos a oscilações diárias de temperatura (ou seja, de tarde o solo queima, e de noite ele congela). Também são muito expostos ao vento (o que causa ressecamento nas plantas) e geralmente tem pouca água disponível (ou seja, as plantas sofrem com a falta d’água). 

Nas regiões mais úmidas e com solos mais profundos a maioria das plantas dos Campos Rupestres vão ser anuais, se desenvolvendo rapidamente nas épocas mais favoráveis (época das chuvas) e morrendo nas épocas mais difíceis (época das secas). Mas também vão existir muitas espécies perenes, que resistem a estação seca entrando em dormência. 
Nas regiões mais secas e com solos mais rasos a maioria das plantas vão ser perenes, tendo um crescimento extremamente lento e tendo várias adaptações para resistir a falta d’água e ao fogo. 

Os Cerrados Rupestres vão estar localizados em fendas e bolsões na rocha que acumularam grandes quantidades de matéria orgânica e água. É possível achar os Cerrados Rupestres em solos mais profundos, como Latossolos, mas mesmo estes, se existirem, vão ser bem rasos. 

Os solos mais comuns que podemos encontrar nos Campos Rupestres são os Neossolos Litólicos, Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartazrênicos, Cambissolos, Plintossolos Pétricos e Organossolos. As Lateritas e as Cangas (que não são solos mais se comportam como solos) também podem ser encontradas. 

Lembre-se que você pode conhecer cada um desses solos lendo a minha publicação aqui: "Solo, Terra e Substrato - Qual é a Diferença ?". 

Os Neossolos Litólicos, Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartzarênicos, Cambissolos e Plintossolos Pétricos que estão localizados nas regiões mais secas (isto é, que sofrem com a falta de água) costumam apresentar muitas espécies de gramíneas (Poaceae, Cyperaceae). 

Os Neossolos Litólicos, Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartzarênicos, Cambissolos e Plintossolos Pétricos que estão localizados nas regiões mais úmidas (isto é, que recebem mais água) costumam apresentar muitas espécies de arbustos, como: Canela de Ema (Velloziaceae), Sempre Vivas (Eriocaulaceae), Xyridaceae, Gentianaceae, Orchidaceae, etc. 

Os Neossolos Litólicos, Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartzarênicos, Cambissolos e Plintossolos Pétricos que estão localizados nas regiões mais encharcadas (próximo de riachos, lagoas, etc.) vão ter espécies mais adaptadas a ambientes úmidos, como Burmanniaceae, Lentibulariaceae e plantas carnívoras como as Droseras. 


Plantas Carnívoras da Serra do Espinhaço 

Serra do Espinhaço vista do vilarejo da Lapinha da Serra
Santana do Riacho, Minas Gerais, Brasil
Foto de Miguel Andrade, retirada do "Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção da Serra do Espinhaço"

Ilustração da Serra do Espinhaço
Ilustração adaptada por Maíra Goulart e publicada por Rodrigo Hortenciano no site exploradores.com.br

A Serra do Espinhaço é um dos grandes centros de diversidade de plantas aqui do Brasil (se não o maior). Em toda Serra do Espinhaço são encontradas mais de 4.000 espécies de plantas. Só na Serra do Cipó (que faz parte da grande Serra do Espinhaço), que tem uma área de aproximadamente 200 km² (o que representa menos de 5% da Serra do Espinhaço), foram encontradas cerca de 1.333 espécies de plantas. 

Falando mais especificamente das plantas carnívoras, a região da Serra do Espinhaço é a área com a maior diversidade de Droseras de todo o continente americano. O Parque Nacional das Sempre Vivas (que está no norte da serra) possui 11 espécies no total. A região do Planalto de Diamantina possui 13 espécies e a Serra do Cipó 12 espécies.

Esse aqui é um documentário Brasileiro que apresenta o Parque Nacional das Sempre Vivas. Ele é excelente, mostra bem as vegetações que ocorrem no parque (mostra principalmente os Campos Rupestres, onde as Droseras ocorrem). Infelizmente eles identificaram de maneira errada as Droseras que aparecem no parque (nem tudo é perfeito, né ? kk). 

Depois da região da Serra do Espinhaço, a área com maior número de espécies de Droseras e a região chamada de Gran Sabana Oriental, que faz parte do Escudo das Guianas e está ao sul da Venezuela e Guiana (possui 11 espécies no total). 


Drosera ascendens 
A Drosera ascendens ocorre nos Campos Rupestres (fitofisionomia Campo Limpo) do Planalto de Diamantina (município de Diamantina) e no Parque Nacional das Sempre Vivas (que está na Serra do Espinhaço), ambos no estado de Minas Gerais, Brasil. 
Foi encontrada vivendo nos sedimentos e Neossolos Litólicos formados pelo Arenito (Rocha Sedimentar). 

Drosera ascendens
Parque Nacional das Sempre Vivas, Minas Gerais, Brasil
Fotos do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do artigo intitulado “Exhuming Saint-Hilaire: revision of the Drosera villosa complex (Droseraceae) supports 200 year-old neglected species concepts


Drosera ascendens
Parque Nacional das Sempre Vivas, Minas Gerais, Brasil
Fotos da publicação do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil



Drosera chimaera 
A Drosera chimaera é endêmica da Serra de Grão Mogol, no norte de Minas Gerais, Brasil. A Serra de Grão Mogol faz parte da Serra do Espinhaço. 
Ela foi encontrada vivendo em sedimentos arenosos e Neossolos Litólicos formados por Arenito (Rocha Sedimentar). 
Drosera chimaera
Cristalina, Minas Gerais, Brasil
Fotos do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do artigo intitulado “Exhuming Saint-Hilaire: revision of the Drosera villosa complex (Droseraceae) supports 200 year-old neglected species concepts



Drosera riparia 
A Drosera riparia é endêmica do planalto da Chapada Diamantina, no centro da Bahia, Brasil. A Chapada Diamantina faz parte da Serra do Espinhaço. 
Ela ocorre desde a Serra das Almas (município de Rio de Contas, no sul da Serra) até o município de Lençóis (no norte da Serra). Também pode ser encontrada na Serra de Jacobina. 

A Drosera riparia vive em uma região de transição entre os Campos Rupestres e a Caatinga (Savana Estépica), sendo encontrada em sedimentos arenosos e Neossolos Litólicos, mas foi encontrada em maior número nas margens de rios perenes, junto ao musgo Sphagnum. 

Drosera riparia
Mucugê, Bahia, Brasil
Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do artigo intitulado “Exhuming Saint-Hilaire: revision of the Drosera villosa complex (Droseraceae) supports 200 year-old neglected species concepts





Drosera latifolia 
A Drosera latifolia é uma espécie que é endêmica do Brasil e tem uma grande distribuição pelo país. Ela pode ser encontrada nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. 
Drosera latifolia
Parque Nacional das Sempre Vivas, Minas Gerais, Brasil
Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do artigo intitulado “Exhuming Saint-Hilaire: revision of the Drosera villosa complex (Droseraceae) supports 200 year-old neglected species concepts


Drosera latifolia
Parque Nacional das Sempre Vivas, Minas Gerais, Brasil
Fotos da publicação do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil



Drosera graomogolensis 
A Drosera graomogolensis é endêmica do “Complexo Montanhas do Norte” da Serra do Espinhaço. É encontrada principalmente na Serra de Grão Mogol (Minas Gerais), mas pode ocorrer até o norte da Serra do Espinhaço (próximo com a fronteira com a Bahia). Ocorre nos Campos Rupestres, principalmente naqueles que estão na transição entre o Cerrado e a Caatinga (Savana Estépica). 
Ela foi encontrada vivendo em sedimentos arenosos e Neossolos Litólicos formados por Quartzito (Rocha Metamórfica). 

Drosera graomogolensis
Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil
Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do artigo intitulado “Exhuming Saint-Hilaire: revision of the Drosera villosa complex (Droseraceae) supports 200 year-old neglected species concepts



Drosera graomogolensis
Rio do Peixe, Botumirim, Minas Gerais, Brasil
Fotos da publicação do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil



Drosera quartzicola 
A Drosera quartzicola é endêmica da Serra do Cipó, no centro de Minas Gerais, Brasil. A Serra do Cipó faz parte da Serra do Espinhaço. 
Ela foi encontrada vivendo nos Campos Rupestres mais secos da Serra, em sedimentos arenosos misturados com cascalho de Quartzo Leitoso (dai vem o nome científico da planta). 

Drosera quartzicola
Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil
(A): final da estação das chuvas (abril), (B): início da estação seca (julho)
Fotos dos pesquisadores especialistas em plantas carnívoras Fernando Rivadavia e Paulo Gonella, retiradas do artigo intitulado “Drosera quartzicola (Droseraceae), a new and threatened species from the Serra do Cipó, Brazil

Drosera quartzicola
Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil
Fotos do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do artigo intitulado “Drosera quartzicola (Droseraceae), a new and threatened species from the Serra do Cipó, Brazil



Drosera spiralis 
A Drosera spiralis é endêmica das partes centrais e norte da Serra do Espinhaço. 
As partes centrais da Serra do Espinhaço correspondem as partes mais altas do Planalto de Diamantina (municípios de Diamantina, Serro, Couto de Magalhães de Minas, Rio Vermelho, São Gonçalo do Rio Preto, Buenópolis), e a parte mais ao norte corresponde a um conjunto de montanhas que estão nos municípios de Itacambira, Botumirim e Grão Mogol. 

É encontrada nos Campos Rupestres, crescendo em Neossolos Litólicos formados por Arenito (Rocha Sedimentar) e Quartzito (Rocha Metamórfica) e em sedimentos orgânicos e arenosos. 


Drosera spiralis
Itacambira, Minas Gerais, Brasil
Fotos da publicação do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil


Drosera spiralis
Botumirim, Minas Gerais, Brasil
Fotos da publicação do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil


Drosera graminifolia 
A Drosera graminifolia é endêmica da Serra do Caraça, que está entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, Minas Gerais, Brasil. A Serra do Caraça faz parte do planalto sul da Serra do Espinhaço. 
Ela foi encontrada vivendo numa vegetação de transição entre os Campos Rupestres e os Campos de Altitude. Vive na parte mais alta das montanhas, onde a umidade é constante mesmo na estação mais seca. 

É encontrada em Neossolos Litólicos formados por arenito, mas também pode ser encontrada vivendo em uma mistura de sedimentos orgânicos e arenosos. 
 

Drosera graminifolia
Serra do Caraça, Minas Gerais, Brasil
Fotos da publicação do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retiradas do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil


Quer saber como identificar e cultivar Droseras Brasileiras? É só clicar aqui "Como Plantar Droseras Brasileiras ?"



Referência 1 - Fernando Rivadavia e Paulo Gonella 

As informações sobre Drosera villosa, Drosera ascendens, Drosera graomogolensis, Drosera riparia e Drosera chimaera foram retiradas do artigo intitulado “Exhuming Saint-Hilaire: revision of the Drosera villosa complex (Droseraceae) supports 200 year-old neglected species concepts”.

As informações e fotos sobre a Drosera magnifica foram retiradas do artigo intitulado “Drosera magnifica (Droseraceae): the largest New World sundew, discovered on Facebook”.

As informações e fotos sobre a Drosera quartzicola foram retiradas do artigo intitulado "Drosera quartzicola (Droseraceae), a new and threatened species from the Serra do Cipó, Brazil".

As informações sobre as espécies Drosera spiralis e Drosera graminifolia foram retiradas do artigo intitulado “Re-establishment of Drosera spiralis (Droseraceae), and a new circumscription of D. graminifolia”. 

As informações e fotos sobre a Drosera amazonica foram retiradas do artigo intitulado "A New Species Of Sundew (Drosera, Droseraceae), With Water-Dispersed Seed, From The Floodplains Of The Northern Amazon Basin, Brazil".

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