Cactos do Brasil - O que é um Cefálio ?
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Micranthocereus dolichospermaticus Foto de @robroysplants |
Essa publicação faz parte guia “Cactos do Brasil – Gênero Pilosocereus (Cacto Azul)”. Se você não sabe nada sobre esse gênero, da uma olhadinha lá.
O que é um Cefálio ?
O que diferencia a fase jovem, da fase adulta, é a reprodução. As plantas demonstram que são adultas produzindo flores. Normalmente um cacto jovem não é muito diferente de um cacto adulto, então a gente só consegue perceber que ele ficou adulto quando passa a produzir flores. Porém, alguns cactos apresentam características diferentes quando estão ficando adultos, e aí da pra gente perceber quando ocorre a transição da fase jovem pra fase adulta.
Alguns cactos quando vão ficando adultos passam a produzir aréolas com espinhos mais finos e longos, ou até mesmo passam a produzir mais pelos (tricomas) nelas. As flores então passam a nascer só a partir dessas novas aréolas que foram formadas. A gente consegue ver esse processo na espécie Pachycereus schottii.
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Pachycereus schottii Valle de Cirios, Punta Prieta, Baja California, México Foto de @ PhytoImages.siu.edu |
Essa seria uma mudança da fase jovem para a fase adulta, porém essa é uma mudança sutil. Existem cactos que mudam radicalmente da fase jovem para a fase adulta, produzindo uma estrutura chamada de “cefálio”.
O cefálio é uma região produzida no corpo do cacto adulto, e essa região fica responsável apenas por produzir flores. Na região onde se forma o cefálio a uma grande produção de espinhos, porém esses possuem uma forma mais fina (como se fossem cerdas). Também a uma grande produção de pelos (tricomas) na região. Essa combinação de espinhos finos e pelos deixa a estrutura do cefálio extremamente lanosa.
O cefálio pode se desenvolver de forma lateral, apical ou terminal no corpo do cacto adulto.
Cefálio Lateral
Começa a ser formado no topo do caule, porém abaixo da zona de crescimento. A medida em que a planta cresce em altura, o cefálio vai se expandindo e fica com um aspecto de barba comprida. O cefálio pode ser formado a partir de modificações nas aréolas ou costelas.
O cefálio de algumas espécies do gênero Pilosocereus é formado por modificações nas aréolas. Elas são muito lanosas, e pelo fato de estarem próximas dão a impressão que se trata de apenas uma estrutura, quando na verdade são estruturas individuais (ai o Cefálio falso é chamado de Pseudocefálio). Da pra ver essa estrutura em várias espécies, mas ela é evidente principalmente em Pilosocereus aurisetus, Pilosocereus albissumus, Pilosocereus chrysostele e Pilosocereus densiareolatus.
Já viu a publicação sobre o Facheiro Dourado do Cerrado (Pilosocereus vilaboensis) ? Se não viu, clica aqui: "Cactos do Brasil - Facheiro Dourado do Cerrado".
Os gêneros Coleocephalocereus, Espostoa e Micranthocereus produzem um cefálio por modificação nas costelas (geralmente elas são reduzidas). A região do cefálio forma um sulco preenchido por espinhos (em forma de cerdas) e muitos pelos, que dão a estrutura uma forma muito densa.
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Coleocephalocereus goebelianus Bahia, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Fabricio de Oliveira |
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Coleocephalocereus goebelianus Foto retirada do artigo intitulado “Axillary branching of lateral cephalia of Coleocephalocereus (Cactaceae)” |
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Coleocephalocereus pluricostatus Espírito Santo, Brasil Foto de PierreBraun |
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Espostoa guentheri Foto retirada do site "artropodafotos.de" |
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Micranthocereus estevesii Goiás, Brasil Foto de “tsssss” |
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Micranthocereus estevesii Goiás, Brasil Foto de Eddie Esteves Pereira, retirada do site “www.pierre-braun.com” |
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Micranthocereus estevesii Goiás, Brasil Foto de Gerhard Helmen, retirada do site “www.pierre-braun.com” |
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Micranthocereus purpureus Bahia, Brasil Foto de Marlon Machado |
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Micranthocereus purpureus Rio de Contas, Bahia, Brasil Foto de Marlon Machado |
Cefálio Apical
Começa a ser formado no topo do caule, bem na zona de crescimento. Isso faz com que o cacto pare de crescer na época de reprodução. Depois que a floração acaba, o cacto volta a crescer normalmente.
O cefálio apical pode formar uma estrutura chamativa na forma de escova na ponta do caule, como acontece com Pachycereus militaris, ou mais discretamente como em Stephanocereus luetzelburgii.
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Pachycereus militaris Foto de cultivar413 |
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Stephanocereus luetzelburgii Morro do Chapéu, Bahia, Brasil Foto de Marlon Machado |
Ou pode formar uma estrutura anelar, que vai formando vários colares nas regiões de crescimento do cacto. Essa estrutura anelar é típica de Cephalocereus apicephalium, Arrojadoa, Stephanocereus leucostele e Rhipsalis pilocarpa.
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Stephanocereus leucostele Foto retirada do artigo intitulado “Axillary branching of lateral cephalia of Coleocephalocereus (Cactaceae)” |
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Arrojadoa rhodantha var. aureispina Foto retirada do artigo intitulado “Axillary branching of lateral cephalia of Coleocephalocereus (Cactaceae)” |
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Arrojadoa marylaniae Bahia, Brasil Foto de D. Pierre Braun, retirada do site “www.pierre-braun.com” |
Cefálio Terminal
Começa a ser formado no topo do caule, bem na zona de crescimento. Isso faz com que o cacto pare de crescer. Porém, diferente do cefálio apical, no cefálio terminal o crescimento para definitivamente para sempre. O cefálio terminal é típico de Discocactus e Melocactus.
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Melocactus zehntneri Foto de Daniel Bruno |
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Discocactus horstii Foto retirada do site "kaktus-world.ru" |
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Discocactus heptacanthus Foto retirada do site "kaktus-world.ru" |
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