Droseras Brasileiras - Temperatura, Sol e Clima - Parte 2
Foto de _Alicja_ |
Como você já deve ter lido na primeira parte dessa publicação (se ainda não leu, clique aqui), as Droseras Brasileiras podem ser encontradas em diferentes tipos de clima. Para garantir que as plantas que você comprou (ou vai comprar) vão sobreviver, é essencial que você tente cultiva-las nos climas onde elas estão adaptadas.
Mas o que isso significa ? Vou dar um exemplo prático pra você entender.
Espécies “Difíceis” de Cultivar
Espécies como (1) Drosera villosa, (2) Drosera graminifolia, (3) Drosera magnifica, (4) Drosera viridis, (5) Drosera roraimae e (6) Drosera latifolia [(A) Morfotipo Típico, (B) Morfotipo Serra do Mar, (C) Morfotipo Salesópolis e (D) Morfotipo Serra do Caparaó] vivem sob o Clima Temperado Sem Estação Seca – Verão Moderado.
Drosera villosa Serra do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil Fotos de Ronny Heirbaut, retiradas do grupo do Facebook “International Carnivorous Plant Society Forum” |
Drosera villosa Rio Preto, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera villosa Fotos de Daniel O. (Daniel Olschewski), retiradas do fórum “www.cpukforum.com” |
Drosera graminifolia Serra do Caraça, Minas Gerais, Brasil Fotos cedidas gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera magnifica Foto de Micah Walmer, retirada do grupo do Facebook “International Carnivorous Plant Society Forum” |
Drosera magnifica Foto de Laurent Guérin, retirada do grupo do Facebook “International Carnivorous Plant Society Forum” |
Drosera viridis Balsa Nova, Paraná, Brasil Foto de Anderson S. Alves, retirada do fórum “www.plantascarnivorasbr.com” |
Drosera roraimae Fotos de Johnny Myob, retiradas do grupo do Facebook “International Carnivorous Plant Society Forum” |
Drosera latifolia (Morfotipo Típico) Teresópolis, Rio de Janeiro, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Mar) Serra do Monte Negro, Rio Grande do Sul, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera latifolia (Morfotipo Salesópolis) Salesópolis, São Paulo, Brasil Foto de Matt Smith, retirada do grupo do Facebook “International Carnivorous Plant Society Forum” |
Espécies que vivem no Clima Temperado Sem Estação Seca - Verão Moderado estão adaptadas a fatores como: (1) alta umidade do ar, (2) alta circulação de ar, (3) temperaturas baixas e estáveis ao longo do ano e (4) grande amplitude térmica diária. Simplesmente NÃO ADIANTA você tentar cultivar essas espécies em outros tipos de clima. Não adianta você tentar cultiva-las em climas que tem estação seca (baixa umidade do ar), ou climas que tem temperaturas muito altas (acima dos 25 °C), ou mesmo climas que não tem grande amplitude térmica diária (lugares onde a diferença de temperatura entre o dia e a noite é pequena).
Se a sua cidade não tem o Clima Temperado Sem Estação Seca – Verão Moderado (onde essas plantas ocorrem) vai ser muito difícil conseguir manter essas espécies vivas por muito tempo. Das espécies Brasileiras, elas são consideradas as de cultivo mais difícil justamente por conta dessa exigência climática.
Existem cultivadores que conseguiram cultivar essas espécies sob o Clima Temperado Sem Estação Seca – Verão Quente (aquele clima que ocorre a nível do mar nas regiões litorâneas do Sul do país), porém eles enfrentaram alguns problemas na fase de adaptação das plantas.
Um cultivador da cidade de Joinville (Santa Catarina) relatou que a adaptação da Drosera magnifica ao clima da sua cidade foi bem difícil, a parte aérea da planta chegou até a morrer durante o processo, mas por sorte ela rebrotou posteriormente das raízes. Aparentemente o motivo dessa adaptação difícil foi por conta do ar úmido estagnado.
Joinville é uma cidade cercada por morros, então a circulação de ar não é muito grande. Por conta do clima, é uma cidade úmida, mas sem circulação de ar a umidade acaba ficando estagnada. Drosera magnifica (e as demais que eu citei lá em cima) gostam de alta umidade, mas essa alta umidade PRECISA estar acompanhada de uma boa circulação de ar (ou seja, ventos).
Essas plantas estão adaptadas a regiões serranas/montanhosas que são úmidas e que ao mesmo tempo recebem muito vento (não existe nada pra barrar o ar na montanha, então ele circula mesmo). A partir do momento que ela estava em Joinville, ficou exposta a um ar úmido que ficava estagnado por muito tempo, e isso deixou a planta irritada e sensível ao ponto de morrer. Passando essa fase de adaptação (depois que a planta já tinha rebrotado das raízes), o cultivador de Joinville relatou que sua Drosera magnifica ficou relativamente resistente. Ela chegava até enfrentar temperaturas altas (que chegavam a 35 ºC no verão) sem muitos problemas.
Acredito que esse sucesso se deva ao fato do clima de Joinville ser parecido com o de onde Drosera magnifica ocorre. Cultivadores da cidade do Rio de Janeiro, que possui o Clima Tropical do tipo Monçônico (ou seja, quente e abafado) precisam cultivar Drosera magnifica em ambiente refrigerado, se não as plantas simplesmente não aguentam.
Enfim Matheus, já entendi que essas espécies realmente são as mais difíceis de cultivar, mas qual seriam as espécies mais tranquilas ?
Espécies “Tranquilas” de Cultivar
As espécies mais tranquilas de cultivar são aquelas consideradas como mais adaptáveis. As Droseras mais adaptáveis são aquelas que ocorrem em climas mais variáveis, que são o: (1) Clima Tropical do tipo Savânico e (2) Clima Temperado do tipo Com Estação Seca - Verão Quente. Porque justamente esses climas ?
(1) Porque em determinadas épocas eles podem ser bem úmidos, já em outras épocas eles podem ser bem secos. Logo, as espécies que vivem neles estão adaptadas a diferentes condições de umidade.
(2) Porque em determinadas épocas eles podem ter temperaturas bem altas, já em outras épocas eles podem ter temperaturas bem baixas, além de também apresentar uma relativa amplitude térmica ao longo do dia. Logo, as espécies que vivem neles estão adaptadas a diferentes condições de temperatura.
Apesar de todo esse raciocínio, o simples fato de serem mais adaptáveis não as tornam mais tranquilas de serem cultivadas, até porque muitas pessoas relatam que enfrentam muitas dificuldades para cultiva-las (eu mesmo passei muita raiva com elas). Os problemas podem estar relacionados com falta de experiência dos cultivadores, falta de estrutura adequada, manejo inadequado, etc. Mas que os cultivadores enfrentam dificuldades, eles enfrentam. Mais enfim, que espécies seriam essas ?
Complexo Drosera villosa
Algumas dessas espécies pertencem ao Complexo Drosera villosa. Atualmente (14-09-2020) essas são as espécies Brasileiras mais cultivadas no Brasil e no exterior.
Drosera ascendens ocorre no (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e no (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. É muito resistente a baixa umidade do ar, entre as espécies do Complexo Drosera villosa, é a espécie mais adaptada a seca.
Drosera ascendens Parque Nacional das Sempre Vivas, Minas Gerais, Brasil Fotos cedidas gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera ascendens Buenópolis, Parque Nacional das Sempre Vivas, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Se você mora em regiões onde a umidade do ar pode ficar bem baixa (Goiânia, Brasília), ela pode ser uma boa opção pra você. Um cultivador de Brasília relatou que seu cultivo é "fácil", contanto que você dê muito sol e bastante circulação de ar pra ela. Em Brasília Drosera ascendens enfrentou temperaturas próximas de 30 ºC sem muitos problemas.
Drosera graomogolensis ocorre no (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e no (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Embora a maioria das populações de Drosera graomogolensis cresça em lugares com alta umidade, elas também podem ser encontradas em lugares mais secos.
Drosera graomogolensis Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera graomogolensis Botumirim, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Das espécies do Complexo Drosera villosa, é de longe a que mais se adapta a temperaturas variáveis. Foi cultivada com sucesso no clima quente e seco de Brasília (Clima Tropical do tipo Savânico), no clima úmido e frio de Santa Catarina (Clima Temperado Sem Estação Seca – Verão Moderado), e no clima quente e úmido do Rio de Janeiro (Clima Tropical do tipo Monçônico). Um cultivador do Rio de Janeiro relatou que suas plantas (que estavam expostas a sol pleno) enfrentaram uma temperatura de 40 ºC sem muitos problemas. Essa é considerada uma das espécies Brasileiras mais fáceis de cultivar.
A Drosera graomogolensis do município de Itacambira (Minas Gerais) aparentemente é a mais fácil de manter em cultivo. Em ambiente natural os maiores indivíduos dessa espécie são vistos no município de Grão Mogol (Minas Gerais), mas em cultivo os indivíduos vindos de Itacambira costumam ficar maiores (pra nossa sorte).
Atualização (05/06/2021) - Estou cultivando essa espécie por muda desde o dia 11/11/2020. Aqui no meu cultivo em Goiânia (Clima Tropical do tipo Savânico) Drosera graomogolensis se mostrou ser uma espécie decepcionante, BEM CHATA. Ela simplesmente não cresce a céu aberto como as outras Droseras (nem mesmo durante o verão úmido), precisa ser cultivada a sombra, em recipiente fechado. Ela não suporta vento e umidade baixa. Pelo que vejo, na minha região ela precisa ser cultivada em terrários. Mais pra frente eu faço uma publicação falando sobre ela.
Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) ocorre no (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. O Morfotipo Serra do Espinhaço parece ser o único que é relativamente adaptável a diferentes condições climáticas. Um cultivador em Santa Catarina relatou que esse morfotipo, durante o verão, enfrentou temperaturas de 35 ºC sem muitos problemas. Pra nossa sorte, esse é justamente o morfotipo que atinge o maior tamanho.
Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) Diamantina, Minas Gerais, Brasil Fotos cedidas gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) Diamantina, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) Diamantina, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pela cultivadora Angelica Lima |
O Morfotipo Pico do Itambé, apesar de ocorrer na Serra do Espinhaço, ocorre a uma altitude de cerca de 2.000 metros, sendo muito provavelmente encontrado apenas no Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado, o que não tornaria ele um morfotipo adaptável a diferentes condições climáticas.
Como eu já falei anteriormente, os demais morfotipos [(A) Morfotipo Típico, (B) Morfotipo Serra do Mar, (C) Morfotipo Salesópolis e (D) Morfotipo Serra do Caparaó] ocorrem no Clima Temperado Sem Estação Seca – Verão Moderado, o que os torna bem pouco adaptáveis. Frequentemente esses morfotipos são chamados de “chatos” pelos cultivadores por conta da grande dificuldade do seu cultivo. O Morfotipo Típico (aquele que costuma ter folhas largas, verdes e bem peludas) é considerado o mais difícil de ser mantido em cultivo, até mesmo pelos cultivadores mais experientes.
Atualização (05/06/2021) - Estou cultivando Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) por sementes desde o dia 08/08/2020. Aqui no meu cultivo em Goiânia (Clima Tropical do tipo Savânico) essa espécie se mostrou ser intermediária. Não é fácil como Drosera spiralis, mas não é chata como Drosera tomentosa e Drosera graomogolensis. Ela cresce a céu aberto como as outras Droseras, mas precisa ser cultivada com um sombrite forte. Ela consegue suportar vento e umidade baixa, porém não fica tão bonita e cresce mais devagar (porém cresce). Mais pra frente eu faço uma publicação falando sobre ela.
Drosera chimaera ocorre no (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente. Não encontrei muitas informações com relação a sua adaptação a diferentes climas, mas aparentemente é uma espécie tranquila de se cultivar. Segundo o relato de um cultivador, ela se adaptou bem ao clima do Rio de Janeiro (Clima Tropical do tipo Monçônico).
Drosera chimaera Cristália, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera chimaera Cristália, Minas Gerais, Brasil Foto de Carlos Eduardo Balarezo Yzarnotegui, retirada do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil” |
Drosera riparia ocorre no (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Não encontrei informações com relação a sua adaptação a diferentes climas.
Drosera riparia Chapada Diamantina, Bahia, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera riparia Mucugê, Bahia, Brasil Fotos de Daniel O. (Daniel Olschski), retiradas do fórum "www.cpukforum.com" |
Complexo Drosera montana
Atualmente (14-09-2020) as Droseras do Complexo Drosera montana não estão entre as espécies mais cultivadas no Brasil e no exterior. Não encontrei muitas pessoas cultivando essas espécies, por isso tive dificuldade de encontrar informações sobre elas.
Drosera tentaculata ocorre no subtipo (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Não encontrei muitas informações com relação a sua adaptação a diferentes climas, mas aparentemente é uma espécie que pode suportar temperaturas na casa dos 30 ºC sem problemas. Em ambiente natural, durante o verão, elas são encontradas em ambientes bem úmidos, mas eles podem secar completamente durante a estação seca.
Drosera tentaculata Diamantina, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera tentaculata Gouveia, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera tentaculata Buenópolis, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera tentaculata Itacambira, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
É uma espécie que resiste bem a baixa umidade do ar, porém lembre-se: no Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado, mesmo durante o inverno (quando não chove) o tempo pode permanecer úmido (durante a noite pode ocorrer a formação de neblina que umidifica as plantas).
Drosera tomentosa ocorre no subtipo (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Não encontrei muitas informações com relação a sua adaptação a diferentes climas, mas aparentemente é uma espécie que pode suportar temperaturas na casa dos 30 ºC sem problemas.
Drosera tomentosa variedade tomentosa Alvarenga, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera tomentosa variedade tomentosa Inhaí, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
As Droseras tomentosas oriundas do município de Grão Mogol (Minas Gerais) parecem ser as mais resistentes em cultivo.
Essa espécie tem uma ampla distribuição, ocorrendo em vários lugares diferentes, então provavelmente deve estar adaptada a diferentes climas. Drosera tomentosa variedade glabrata pode ser encontrada próxima ao nível do mar, vivendo sob o (1) Clima Tropical do tipo Equatorial e o (2) Clima Tropical do tipo Monçônico, o que significa que pode tolerar temperaturas bastante elevadas.
Em ambiente natural Drosera tomentosa costuma estar mais próxima de pequenos cursos d’água, o que sugere que seja uma espécie que goste muito de umidade.
Atualização (05/06/2021) - Estou cultivando Drosera tomentosa var. glabrata por muda desde o dia 20/11/2020. Aqui no meu cultivo em Goiânia (Clima Tropical do tipo Savânico) essa espécie se mostrou ser chata (porém BEM MENOS chata que Drosera graomogolensis). Ela cresce a céu aberto como as outras Droseras (usando sombrite, mas cresce), porém apenas durante o verão úmido. É só a umidade abaixar um pouco e começar a ventar, e ela começa a definhar. Estamos próximos do inverno e fui obrigado a passar a muda para sombra, em ambiente fechado. Mais pra frente eu faço uma publicação falando sobre ela.
Drosera spirocalyx ocorre no subtipo (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Essa é uma espécie de Drosera bem rara em ambiente natural, e mais rara ainda em cultivo, por isso não conseguir achar informações sobre ela referente ao cultivo. Aparentemente até o momento (14-09-2020) só duas pessoas no Brasil conseguiram cultivar essa espécie.
Drosera spirocalyx Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Em ambiente natural elas vivem em ambientes bem secos, costumam ser encontradas bem longe de cursos d’água. É uma espécie que resiste bem a baixa umidade do ar, e talvez possa suportar temperaturas na casa dos 30 ºC como Drosera tentaculata, já que essas espécies podem ser encontradas vivendo nos mesmos ambientes.
É uma espécie que resiste bem a baixa umidade do ar, porém lembre-se: no Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado, mesmo durante o inverno (quando não chove) o tempo pode permanecer úmido (durante a noite pode ocorrer a formação de neblina que umidifica as plantas).
Drosera montana ocorre no subtipo (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Não encontrei muitas informações com relação a sua adaptação a diferentes climas, mas aparentemente é uma espécie que pode suportar temperaturas na casa dos 30 ºC sem problemas. Essa é uma espécie com uma grande área de distribuição pelo país, então provavelmente ela está adaptada a diferentes climas. Apesar de comum, é uma das espécies mais difíceis de serem cultivadas por conta do fato de entrarem em dormência no inverno.
Drosera montana (Morfotipo Sulista) Serra da Boa Vista, Santa Catarina, Brasil Fotos de Volmir Antunes Filho, retiradas do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil” |
Complexo Drosera graminifolia
Dentre os complexos aqui apresentados, o Complexo Drosera graminifolia é o que tem menos espécies, porém uma das espécies é umas das Droseras Brasileiras mais cultivadas no Brasil e no exterior.
Drosera spiralis ocorre no (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. É muito resistente a baixa umidade do ar, entre as espécies do Complexo Drosera graminifolia, é a espécie mais adaptada a seca, e de longe é a mais adaptada a temperaturas variáveis.
Drosera spiralis Botumirim, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera spiralis Foto de Michael Barton, retirada do grupo do Facebook “International Carnivorous Plant Society Forum” |
Drosera spiralis Foto de Johnny Myob, retirada do grupo do Facebook “Carnivorous Plants Community” |
Drosera spiralis Foto de Matt Smith, retirada do grupo do Facebook “Carnivorous Plants Community” |
Alguns cultivadores consideram Drosera spiralis como a espécie Brasileira mais fácil de ser cultivada. Foi cultivada com sucesso no clima do Rio Grande do Norte (Clima Tropical do tipo Savânico) e Rio de Janeiro (Clima Tropical do tipo Monçônico). No Rio de Janeiro ela ficava exposta a sol pleno, a uma temperatura na casa dos 35 ºC com apenas 40% de umidade. Segundo o cultivador, ela era mantida sob essas condições por muito tempo sem nenhum problema.
Atualização (05/06/2021) - Estou cultivando Drosera spiralis por sementes e mudas desde o dia 08/08/2020. Aqui no meu cultivo em Goiânia (Clima Tropical do tipo Savânico) essa espécie se mostrou ser chatinha durante a fase jovem e BEM FÁCIL durante a fase adulta. Na fase jovem ela precisa de cuidados (sombrite), mas adulta ela cresce a céu aberto como as outras Droseras (não precisa de sombrite) e suporta vento e umidade baixa. Ela cresce como uma Drosera filiformis ou Drosera capensis, é bem tranquila mesmo, DE LONGE é a espécie Brasileira mais fácil de ser cultivada aqui em casa. Mais pra frente eu faço uma publicação falando sobre ela.
Espécies “Complicadas” de Cultivar
Apesar de parecerem adaptáveis a diferentes condições, são plantas que simplesmente não se dão muito bem em cultivo. São as famosas “plantas chatas”, que morrem sem nenhum motivo aparente.
Drosera camporupestris ocorre no (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Não encontrei muitas informações com relação a sua adaptação a diferentes climas, mas aparentemente ela pode suportar temperaturas altas e umidade abaixo dos 40 %. Dentre essas plantas consideradas “chatas”, é a espécie mais cultivada por ser menos exigente.
Drosera camporupestris Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil Fotos de Anderson S. Alves, retiradas do fórum “www.plantascarnivorasbr.com” |
Drosera camporupestris Gouveia, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera grantsaui ocorre apenas no (1) Clima Tropical Savânico do tipo Savânico e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente. Não encontrei muitas informações com relação a sua adaptação a diferentes climas, mas aparentemente é uma espécie que pode suportar temperaturas altas, desde que a umidade do ar esteja muito alta. Cultivadores relataram que ela morre sem motivo, voltando a crescer da base do caule depois de um determinado intervalo de tempo.
Drosera grantsaui Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera grantsaui Foto de Gianni Marcantoni, retirada do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil” |
Drosera grantsaui Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil Foto de Michael Barton, retirada do grupo do Facebook “International Carnivorous Plant Society Forum” |
Drosera chrysolepis ocorre no (1) Clima Tropical do tipo Equatorial, (2) Clima Tropical do tipo Monçônico, (3) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (4) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Não encontrei informações com relação a sua adaptação a diferentes climas. Aparentemente é muito difícil de ser cultivada, mesmo entre os cultivadores mais experientes. Essa é uma planta muito rara em cultivo.
Drosera chrysolepis Planta com 1 ano de idade Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera chrysolepis Planta com 1 ano e 6 meses de idade Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
Drosera chrysolepis Foto de Gianni Marcantoni, retirada do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil” |
Drosera chrysolepis Foto de Pietro Falchi, retirada do grupo do Facebook “International Carnivorous Plant Society Forum” |
Drosera chrysolepis Foto de Prompt, retirada do fórum “www.cpukforum.com” |
Drosera schwakei ocorre no subtipo (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Assim como Drosera sprirocalyx, essa é uma espécie de Drosera bem rara em ambiente natural, e aparentemente também é rara entre os cultivadores, por isso não conseguir achar informações sobre ela referente ao cultivo. Na verdade, eu nem poderia colocar ela nesse tópico de “Espécies Complicadas de Cultivar”, porque eu realmente não sei se ela é considerada como "espécie chata". Mas enfim, continuando.
Em ambiente natural elas vivem em ambientes bem secos, costumam ser encontradas bem longe de cursos d’água, vivendo nos mesmos ambientes onde vivem cactos como o Discocactus placentiformis ou o Discocactus horstii. É uma espécie que resiste bem a baixa umidade do ar, e talvez possa suportar temperaturas na casa dos 30 ºC como Drosera tentaculata, já que essas espécies podem ser encontradas vivendo nos mesmos ambientes. De todas as espécies de Droseras que vivem nos Campos Rupestres, essa é que tem o crescimento mais lento.
Drosera schwakei Diamantina, Minas Gerais, Brasil Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher |
É uma espécie que resiste bem a baixa umidade do ar, porém lembre-se: no Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado, mesmo durante o inverno (quando não chove) o tempo pode permanecer úmido (durante a noite pode ocorrer a formação de neblina que umidifica as plantas).
Drosera quartzicola ocorre no subtipo (1) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Quente e (2) Clima Temperado Com Estação Seca - Verão Moderado. Atualmente (14-09-2020) essa espécie não existe em cultivo. Aparentemente foram feitas duas tentativas para tentar cultiva-la, mas ambas não tiveram sucesso.
Drosera communis pode ser encontrada em vários tipos de clima diferente (Clima Tropical do tipo Savânico, Clima Tropical do tipo Equatorial, Clima Tropical do tipo Monçônico, Clima Temperado do tipo Sem Estação Seca e seus subtipos e Clima Temperado Com Estação Seca e seus subtipos). Apesar de poder encontrada nessa diversidade de climas, não encontrei muitas informações com relação a sua adaptação a diferentes climas. Apesar de ser bastante comum em ambiente natural, essa é uma espécie muito rara em cultivo.
Drosera communis Balsa Nova, Paraná, Brasil Foto de Anderson S. Alves, retirada do fórum “www.plantascarnivorasbr.com” |
Se você tem uma espécie ai no seu cultivo que tem esse nome, e que parece ser fácil de ser cultivada, é porque provavelmente não é Drosera communis, e sim Drosera tokaiensis. Muitas Drosera tokaiensis foram rotuladas no mercado como Drosera communis, o que é um grande erro.
Ela é uma espécie muito tolerante ao calor (desde que a origem das plantas seja do planalto central ou do litoral). Além disso gosta de umidade muito, MUITO alta. Em algumas situações de alta umidade ela deixa de crescer apenas como uma roseta basal e passa a crescer na vertical, formando um caule alto, lembrando uma Drosera grantsaui.
Essa espécie possui 2 problemas principais: (1) ela exige ser cultivada sob o sol pleno e (2) suas raízes precisam ficar submersas em água gelada. Como produzir uma condição dessas em cultivo ? É bem difícil.
Cultivar no Sol ou na Sombra ?
No geral, todas as espécies Brasileiras gostam e devem ser cultivadas a pleno sol (quanto mais sol, melhor). Quando estão expostas ao sol elas adquirem uma coloração vermelho sangue muito intensa, ficam mais robustas e mais resistentes também.
Blz Matheus, então posso colocar minhas plantas no sol sem problemas ? Não é bem assim.
Elas gostam de sol, mas essa exposição ao sol precisa ser acompanhada de umidade alta (60 % pelo menos). Exposição ao sol com baixa umidade do ar pode ser muito incomodo para as plantas. Em habitat natural, as Droseras só ficam expostas ao sol com baixa umidade durante o inverno, quando as temperaturas estão baixas (na casa dos 15 ºC). Plantas expostas ao sol com temperaturas elevadas (acima dos 30 ºC) e baixa umidade (abaixo dos 40 %) podem morrer se ficarem nessas condições por muitos dias.
Aqui em Goiânia durante o final da primavera e o verão (novembro a março) as temperaturas são altas (na casa dos 30 ºC), porém a umidade é alta e as plantas aguentam bem a exposição ao sol (quase todas né). No final do inverno e começo da primavera (agosto a setembro) a umidade do ar está bem baixa (20 %) e as temperaturas estão super altas (na casa dos 35 ºC), as plantas simplesmente não conseguem ficar expostas ao sol nessas condições, elas vão definhando lentamente (nem todas é claro, sempre tem aquelas que são mais resistentes).
Pra conseguir manter algumas plantas vivas, preciso coloca-las a meia sombra, pegando apenas o solzinho da manhã (o da tarde nem pensar). Quando as temperaturas começam a abaixar e a umidade começa a aumentar, eu volto a expor as plantas ao sol da tarde novamente (de maneira gradual, é claro). Quando eu falo em expor ao sol da tarde, é com a presença de um sombrite, tudo bem ? Aqui em Goiânia o sol arde na pele, então pra algumas espécies aguentar o sol da tarde só mesmo com um sombrite.
As únicas Droseras Brasileiras que podem ser cultivadas em condições sombreadas sem problemas são: (1) Drosera communis (essa precisa receber água gelada na raiz), (2) Drosera grantsaui, (3) Drosera latifolia, (4) Drosera riparia, (5) Drosera tomentosa e (6) Drosera viridis.
Fase de “Enfeiamento”
Um relato muito interessante que eu encontrei entre os cultivadores foi a tal “Fase de Enfeiamento”. Às vezes, do nada, uma planta que está saudável e bonita simplesmente começa a ficar feia. As folhas vermelhas param de ser produzidas e começam a aparecer umas folhas com coloração esverdeada e um aspecto ressecado/queimado.
As vezes a planta se recupera desse estado e volta a produzir as folhas normais, mas as vezes ela vai definhando pouco a pouco e acaba que a parte aérea da planta (a roseta) morre completamente.
Se isso acontecer com você, primeiro verifique as condições do seu cultivo. Se elas estão iguais como sempre, não faça nada com a planta. Geralmente elas voltam a brotar posteriormente da base do caule ou das raízes. Vi vários relatos desse tipo envolvendo Drosera graomogolensis e Drosera grantsaui.
O interessante disso tudo é que essa tal “Fase de Enfeiamento” também é vista em plantas que estão em ambiente natural. Será algum tipo de ataque natural feito por ácaros ou fungos ? Não tenho ideia.
Referência
Essa publicação faz parte do guia de cultivo das Droseras Brasileiras. Todas as referências utilizadas aqui vão estar listadas lá no guia. Para acessar o guia, é só clicar aqui “Como Plantar Droseras Brasileiras ?”.
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