Droseras Brasileiras - Drosera latifolia
Morfologia
Normalmente essa espécie costuma ter as folhas mais Lanceoladas. O pecíolo é sempre mais curto que a lâmina. A parte de cima da folha é lisa, enquanto a parte de baixo tem um pouco de pelos (tricomas).
Roseta da Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Mar) Pedra do Garrafão, Biritiba Mirim, São Paulo, Brasil Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras - Brasil” |
Roseta da Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) Parque Nacional das Sempre Vivas, Minas Gerais, Brasil Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras - Brasil” |
Drosera latifólia geralmente não forma caules, mas quando ocorre em lugares semi-aquáticos e semi-sombreados pode formar um caule curto de 10 cm de comprimento que mantem algumas folhas mortas. As raízes são ligeiramente suculentas (ou seja, conseguem armazenar certas quantidades de nutrientes para a planta).
Essa é a espécie mais comum do Comlpexo Drosera villosa, ocorrendo em diversos lugares diferentes. Por conta disso ela caba tendo características diferentes dependendo de onde ela se encontra. Quando os indivíduos de determinada região possuem características um pouco mais específicas que os demais, a gente chama esses indivíduos de “morfotipos”.
Drosera latifolia possui 6 morfotipos diferentes, são eles: (A) Morfotipo Típico, (B) Morfotipo Serra do Mar, (C) Morfotipo Salesópolis, (D) Morfotipo Serra do Espinhaço, (E) Morfotipo Pico do Itambé e (F) Morfotipo Serra do Caparaó.
Ocorrência
A Drosera latifolia é uma espécie que é endêmica do Brasil e tem uma grande distribuição pelo país. Ela pode ser encontrada nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Ela é encontrada vivendo em altitudes que variam de 700 metros a 2.550 metros.
Em Minas Gerais ela ocorre na Serra do Espinhaço, onde as rochas mais comuns são o Quartzito (Rocha Metamórfica) e o Arenito (Rocha Sedimentar), que originam sedimentos e solos mais arenosos (Neossolos Litólicos).
Ilustração da Serra do Espinhaço Modificação que eu fiz da ilustração adaptada por Maíra Goulart e publicada por Rodrigo Hortenciano no site "exploradores.com.br" |
Nas demais regiões, ela ocorre principalmente na Serra da Mantiqueira e Serra do Mar, onde as rochas mais comuns são o Granito (Rochas Ígneas) e Gnaisse (Rochas Metamórficas), que originam sedimentos e solos mais argilosos (Neossolos Litólicos).
Serra do Mar Foto de Miguelrangeljr |
Em Minas Gerais, ela ocorre nos Campos Rupestres da Serra do Espinhaço, onde é encontrada vivendo em sedimentos orgânicos, arenosos e Neossolos Litólicos.
Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) crescendo sobre sedimentos Diamantina, Minas Gerais, Brasil Fotos de Christian Dietz, retiradas do fórum “www.cpukforum.com” |
Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) crescendo sobre o musgo Sphagnum Diamantina, Minas Gerais, Brasil Fotos de Christian Dietz, retiradas do fórum “www.cpukforum.com” |
A Drosera latifolia foi encontrada vivendo com outras espécies de Droseras, como a Drosera ascendens, Drosera camporupestris, Drosera communis, Drosera grantsaui, Drosera spiralis e Drosera tomentosa (ambas as variedades), bem como outras espécies de plantas carnívoras, como as Utricularia e Genlisea.
Morfologia e Ocorrência dos Morfotipos de Drosera latifolia
(A) Morfotipo Típico
Morfologia
Esse morfotipo costuma ter uma roseta compacta (isto é, as folhas ficam juntinhas). Essa roseta pode ter um tamanho pequeno ou médio (plantas que estão em altitudes mais baixas tem rosetas maiores). A lâmina tem uma forma mais Oblonga. O pecíolo é sempre bem mais curto que a lâmina. A parte de cima da folha tem um pouquinho de pelos, e a parte de baixo é super peluda (densamente rica em tricomas).
Roseta da Drosera latifolia (Morfotipo Típico) Parque Nacional do Itatiaia, divisa de Minas Gerais com Rio de Janeiro, Brasil Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Fernando Rivadavia, retirada do fórum “www.cpukforum.com” |
Ocorrência
Pode ser encontrado na Serra dos Órgãos (no centro do Rio de Janeiro) até a Serra da Mantiqueira (fronteira entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), incluindo a Serra de Itatiaia e a Serra do Papagaio. Também ocorre na Serra da Araponga, no leste de Minas Gerais, e no Morro do Forno Grande, no Espírito Santo.
(B) Morfotipo Serra do Mar
Morfologia
Esse morfotipo costuma ter uma roseta compacta (isto é, as folhas ficam juntinhas). Essa roseta costuma ter um tamanho médio. A lâmina tem uma forma Lanceolada ou Oblongo-lanceolada. O pecíolo é sempre bem mais curto que a lâmina. A parte de cima da folha costuma ser lisa, e a parte de baixo pode ser mais lisa ou mais peluda (rica em tricomas).
Roseta da Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Mar) Pedra do Garrafão, Biritiba Mirim, São Paulo, Brasil Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras - Brasil” |
Ocorrência
De longe esse é morfotipo com maior área de ocorrência. Ele ocorre desde a Serra do Rio do Rastro (perto da fronteira entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul) até a Serra da Bocaina (Fronteira São Paulo-Rio de Janeiro). Todas essas serras fazem parte da grande Serra do Mar.
(C) Morfotipo Salesópolis
Morfologia
Esse morfotipo costuma ter uma roseta frouxa (isto é, as folhas não ficam juntinhas, elas estão mais espaçadas). Essa roseta pode ter um tamanho médio ou grande (até 12 cm de diâmetro). A lâmina tem uma forma Lanceolada. O pecíolo tem um comprimento médio, quase do tamanho da lâmina. A parte de cima da folha tem um pouquinho de pelos, e a parte de baixo é super peluda (densamente rica em tricomas).
A principal diferença desse morfotipo para o Morfotipo Serra do Mar é com relação ao tamanho e quantidade de pelos (tricomas). O Morfotipo Salesópolis tem rosetas bem maiores, com pecíolos bem mais longos e são plantas geralmente bem mais peludas.
Roseta da Drosera latifolia (Morfotipo Salesópolis) Salesópolis, São Paulo, Brasil Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Fernando Rivadavia, retirada do fórum “www.cpukforum.com” |
A principal diferença desse morfotipo para o Morfotipo Serra do Mar é com relação ao tamanho e quantidade de pelos (tricomas). O Morfotipo Salesópolis tem rosetas bem maiores, com pecíolos bem mais longos e são plantas geralmente bem mais peludas.
Ocorrência
Ele ocorre na Serra do Mar, no estado de São Paulo.
(D) Morfotipo Serra do Espinhaço
Morfologia
Esse morfotipo costuma ter uma roseta frouxa (isto é, as folhas não ficam juntinhas, elas estão mais espaçadas). Essa roseta pode ter um tamanho médio ou grande. A lâmina tem uma forma Oblonga-lanceolada. O pecíolo tem um comprimento curto ou médio (menor ou igual à metade do comprimento da lâmina). A parte de cima e a parte de baixo da folha costumam ser lisas.
Roseta da Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) Parque Nacional das Sempre Vivas, Minas Gerais, Brasil Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras - Brasil” |
Ocorrência
Esse morfotipo é mais comum no planalto da Serra do Cabral e Diamantina (no centro-norte da Serra do Espinhaço), mas também é conhecido por ocorrer em terras altas ao redor das cidades de Ouro Preto e Mariana (no sul da Serra do Espinhaço). Os morfotipos da Serra do Cabral são relativamente bem grandes, possuindo rosetas que podem atingir os 15 cm de diâmetro (já em outras serras esse mesmo morfotipo atinge um tamanho um pouco menor).
(E) Morfotipo Pico do Itambé
Morfologia
Esse morfotipo costuma ter uma roseta compacta (isto é, as folhas ficam juntinhas). Essa roseta costuma ter um tamanho médio. A lâmina tem uma forma Oblonga a Lanceolada e é geralmente bem larga (com até 7 mm de largura, é o morfotipo com folhas mais largas). O pecíolo é bem mais curto que a lâmina (tem menos da metade do comprimento da lâmina). A parte de cima da folha costuma ser um pouquinho peluda, e a parte de baixo é super peluda (rica em tricomas). O morfotipo do Pico do Itambé lembra um pouco a Drosera graomogolensis.
Roseta da Drosera latifolia (Morfotipo Pico do Itambé) Pico do Itambé, Minas Gerais, Brasil Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Fernando Rivadavia, retirada do fórum “www.cpukforum.com” |
Ocorrência
Esse morfotipo ocorre no Pico do Itambé, que está localizado no centro da Serra do Espinhaço.
Curiosamente, embora o Pico do Itambé esteja localizado na parte central da Serra do Espinhaço (em Minas Gerais) o morfotipo que ocorre nessa região é muito diferente do morfotipo que ocorre em Diamantina e Serro (que é o Morfotipo da Serra do Espinhaço). Isso é explicado por conta da altitude (esse morfotipo do Pico do Itambé ocorre em altitudes extremamente elevadas).
(F) Morfotipo Serra do Caparaó
Morfologia
Esse morfotipo costuma ter uma roseta compacta (isto é, as folhas ficam juntinhas). Essa roseta costuma ter um tamanho pequeno. A lâmina tem uma forma Lanceolada. O pecíolo é bem mais curto que a lâmina (menor que a metade do comprimento da lâmina). A parte de cima da folha costuma ser lisa ou um pouquinho peluda, e a parte de baixo é bem peluda (rica em tricomas).
Roseta da Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Caparaó) Divisa do Pico da Bandeira, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, Brasil Foto do pesquisador especialista em plantas carnívoras Fernando Rivadavia, retirada do fórum “www.cpukforum.com” |
Ocorrência
Ocorre na Serra do Caparaó, que está localizada na fronteira entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Esse é o menor dos morfotipo de Drosera latifolia, e também é o que ocorre em altitudes mais elevadas (até 2.550 metros de altitude).
Os morfotipos que ocorrem na Serra dos Órgãos (estado do Rio de Janeiro), Serra da Bocaina (fronteira entre São Estados de Paulo e Rio de Janeiro) e Serra do Caparaó (fronteira entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo) normalmente ocorrem em altitudes mais altas (acima de 1.500 metros) e estão mais expostos ao sol e ao vento, o que faz com que eles estejam mais suscetíveis a desidratação. Por conta disso esses morfotipos geralmente são mais pequenos, possuindo uma roseta bem compacta (até as inflorescências tem um comprimento menor). A lâmina foliar geralmente tem um formado mais Oblongo-elíptico (diferente do formato mais comum, que é Lanceolado ou Oblongo-lanceolado). As folhas também podem ser decumbentes ao em vez de semi-eretas (folhas decumbentes ficam inclinadas/deitadas/rentes ao substrato, ao invés de erguidas).
Com todas essas características diferentes, esses morfotipos podem ser confundidos com a Drosera tomentosa variedade glabrata. Os morfotipos da Serra do Espinhaço (excluindo o Pico do Itambé) e de algumas partes do estado do Paraná são os menos peludos.
Apesar da grande variação morfológica observada em Drosera latifolia, ela é relativamente “fácil” de ser diferenciada das outras espécies do complexo. Drosera latifolia geralmente tem pecíolos curtos e a base da inflorescência é geralmente lisa (diferente da Drosera villosa, que tem a inflorescência bem peluda).
Risco de extinção
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), atualmente a Drosera latifolia é considerada como uma espécie Pouco Preocupante (sigla LC, do inglês “Least Concern”). É uma espécie comum que ocorre em várias unidades de conservação.
Outras espécies do Complexo Drosera villosa
Pra facilitar a vida de vocês, vou deixar aqui o link que vai direto para as publicações sobre os outros complexos.
Referência
Essa publicação faz parte do guia de cultivo das Droseras Brasileiras. Todas as referências utilizadas aqui vão estar listadas lá no guia. Para acessar o guia, é só clicar aqui “Como Plantar Droseras Brasileiras ?”.
Comentários
Postar um comentário