Droseras Brasileiras - Substrato

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Drosera tentaculata crescendo sobre o cascalho de quartzo 
Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil 
Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher 

Se você chegou a ler os guias de identificação das Droseras Brasileiras (se você não leu, são esses aqui: link 1, link 2, link 3 e link 4) deve ter notado que a maioria das espécies, em habitat natural, ocorrem em sedimentos arenosos e Neossolos Litólicos, sejam eles formados por Arenito (Rocha Sedimentar) ou Quartzito (Rocha Metamórfica).

Como você já deve ter visto nas minhas publicações anteriores (essas aqui: link 1 e link 2) devemos cultivar as plantas carnívoras em substratos que imitam as condições onde elas são encontradas em ambiente natural. O que isso significa ? Significa que o substrato onde vamos cultivar as nossas Droseras, precisam simular/imitar as características dos sedimentos e solos onde elas são normalmente encontradas.
Beleza Matheus, quais são as características desses sedimentos e solos ? 

Bom, primeiramente: se você não sabe qual a diferença entre solo, terra, substrato e sedimento, as coisas a partir de agora podem ficar um pouco confusas pra você. Eu preciso que primeiro você entenda quais são essas diferenças, pra só depois a gente continuar com o nosso assunto aqui. Na publicação que eu fiz sobre solos (essa aqui: “Solo, Terra e Substrato – Qual é a Diferença ?”) eu falo sobre todas essas diferenças de maneira bem simples pra você (ela é um resumo simples das minhas aulas de Ciências do Solo que eu tive durante a minha graduação aqui na UFG). Enfim, vamos lá. 

Droseras e o Solo

Explicando de maneira BEM simplificada: as rochas são formadas por minerais, e os minerais possuem diferentes características (como as cores) e propriedades (textura, dureza, etc). Isso significa que rochas diferentes possuem características/propriedades diferentes. Os sedimentos e os solos são formados a partir das rochas, então se as rochas tiverem uma característica/propriedade X, os solos e os sedimentos também vão ter. 

O Arenito (Rocha Sedimentar) e o Quartzito (Rocha Metamórfica) são formados por um elemento químico chamado de Silício (o símbolo Si na tabela periódica). O Silício raramente é encontrado puro na natureza, geralmente ele é encontrado junto com o Oxigênio. Quando esses dois elementos químicos estão combinados, eles formam um composto chamado de Sílica (SiO2 – se lê “Dióxido de Silício”). A Sílica pode ser encontrada na natureza em várias formas diferentes, e a forma mais conhecida e comum é quando ela forma um mineral chamado de Quartzo. 
Quartzo 
Foto de alusruvi 

O Arenito e o Quartzito são formados principalmente pelo mineral Quartzo. O Arenito pode ter, além do Quartzo, outros minerais como a Muscovita, Ilmenita e a Monazita, mas o Quartzito geralmente é formado 100 % pelo Quartzo. 
Enfim, se o Arenito e o Quartzito são formados principalmente pelo Quartzo, isso significa que os sedimentos e Neossolos Litólicos originados a partir dessas rochas são RIQUÍSSIMOS em Quartzo. 
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Superfície de um Neossolo Litólico rico em Quartzo 
O branco da imagem é por conta da alta concentração de cascalho e areia de quartzo 
Diamantina, Minas Gerais, Brasil 
Foto da publicação de Adilson Peres Junior, retirada do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil” 

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Superfície de um Neossolo Litólico rico em Quartzo 
Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil 
Foto da publicação do pesquisador especialista em plantas carnívoras Paulo Gonella, retirada do fórum "www.cpukforum.com


Que características/propriedades um sedimento/solo rico em Quartzo possui ? 

Características Físicas 

Sedimentos e Neossolos Litólicos constituídos principalmente pelo Quartzo são altamente porosos. Essa característica faz com que eles sejam extremamente aerados e muito permeáveis a água (a água infiltra neles maravilhosamente bem), só que isso tem um problema. 

A partir do momento que a água se infiltra muito bem, ela também evapora muito bem, se ela evapora muito bem, significa que os sedimentos/solos secam rapidamente se não forem “reidratados” pela água da chuva ou algum curso d’água. Ou seja, esses sedimentos/solos ricos em Quartzo não são capazes de acumular água por muito tempo . 

Como você já deve ter visto nas minhas publicações anteriores (essas aqui: link 1 e link 2) para as plantas carnívoras, principalmente para as nossas Droseras Brasileiras, isso não é bem um problema por conta do lugar onde elas vivem. 

Características Químicas 

Sedimentos e Neossolos Litólicos constituídos principalmente pelo Quartzo são muito, mas muito pobres em nutrientes. Como são solos muito porosos, a água acaba infiltrando facilmente por eles, e na medida em que a água vai escorrendo ela vai levando todos os nutrientes que puder com ela. Nitrato (NO3), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Potássio (K) e Fósforo (P) são alguns dos nutrientes mais importantes para o desenvolvimento das plantas, mas eles se misturam muito bem na água, então são constantemente levados embora toda vez que chove. Por conta disso a concentração desses nutrientes nos sedimentos/solos é baixa ou extremamente baixa. 

Nitrato (NO3), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Potássio (K) e Fósforo (P) são conhecidos por serem minerais básicos/alcalinos. Quando esses minerais estão presentes eles deixam os sedimentos/solos com um pH mais alcalino. A partir do momento que a concentração desses minerais básicos/alcalinos fica reduzida, eles não conseguem mais influenciar o pH, então os sedimentos/solos passam a apresentar um pH ácido, moderadamente ácido ou fortemente ácido. 

Como você já deve ter visto nas minhas publicações anteriores (essas aqui: link 1 e link 2) para as plantas carnívoras isso também não é um problema. 

Características de um Bom Substrato 

Bom, eu tinha falado anteriormente que devemos cultivar as plantas carnívoras em substratos que simulam/imitam as condições em que elas seriam encontradas em ambiente natural. Quais são as características que devemos simular/imitar nesse caso ? 
Para a maioria das espécies de plantas carnívoras, um bom substrato obrigatoriamente precisa ser ácido (ou seja, precisa apresentar baixos valores de pH), precisa se manter úmido na maior parte do tempo (a maioria das plantas carnívoras são semi-aquáticas) e precisa apresentar também uma baixa concentração de nutrientes. 
Pra facilitar, vou listar aqui as características que um substrato de plantas carnívoras precisa ter. 

(1) Consistência para suporte 
Ele precisa permitir que as raízes se fixem fortemente nele para conseguir manter a planta em pé. 

(2) Boa aeração 
Ele precisa ser bem poroso pra conseguir manter o máximo de oxigênio possível (não se esqueça que as raízes respiram). 

(3) Boa permeabilidade 
Ele precisa deixar a água passar facilmente por ele (ou seja, a água precisa infiltrar muito bem nele). Droseras são plantas semiaquáticas, não vivem sem água, lembre-se disso. 

(4) Poder de manter o pH estável 
Ele precisa manter o pH em um valor fixo constante por um longo período de tempo (vários anos). Com relação aos valores de pH, nós podemos classifica-los da seguinte maneira: 

(A) Extremamente ácido quando for abaixo de 4,3 
(B) Fortemente ácido quando estiver entre 4,3 e 5,3 
(C) Moderadamente ácido quando estiver entre 5,4 e 6,5 
(D) Praticamente neutro quando estiver entre 6,6 e 7,3 
(E) Moderadamente alcalino quando estiver entre 7,4 e 8,3 
(F) Fortemente alcalino quando for maior que 8,3 

O substrato ideal precisa manter um pH de pelo menos 5,4 a 6,5 (Moderadamente ácido). Quanto mais baixo for o pH do substrato, melhor. 

(5) Capacidade de reidratação após a secagem 
Ele precisa absorver água, mesmo após ficar por um longo período completamente seco. O substrato que você não vai usar precisa ser armazenado, né ? Então ele não pode perder o poder de reidratação depois de guardado. 

(7) Ter alto teor de fibras resistentes à decomposição 
Ele precisa ser resistente ao ataque dos microrganismos. Quanto mais resistente ele for, mais tempo ele vai durar. E quando eu falo em tempo, me refiro a vários anos. 

(8) Estar isento de agentes causadores de doenças, pragas e sementes de plantas daninhas 
Ou seja, ele precisa estar limpo, sem nenhum tipo de sujeira ou contaminação. 

Diferentes tipos de Substrato 
Os substratos que possuem as características que eu mencionei acima e que são normalmente utilizados para o cultivo de Plantas Carnívoras são: 

(1) Turfa 

Turfa (Organossolo) 
Cascavel, Paraná, Brasil 
Foto de Gustavo Ribas 


(2) Areia de Quartzo 

Areia de Quartzo 
O cacto crescendo sobre ela é um Discocactus placentiformis 
Serra do Cabral, Minas Gerais, Brasil 
Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher
 


(3) Perlita Expandida

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Perlita Expandida 
Foto retirada da página do Facebook “Revista Hidroponia (@Revista.Hidroponia)” 

 

(4) Argila Expandida

Argila Expandida 
Foto de Lucis


(5) Musgo Sphagnum

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Musgo Sphagnum 
Nesse caso, o musgo é da espécie Sphagnum gracilescens 
Foto de Ricardo Azoury, tirada do livro “Expedições às montanhas da Amazônia” 

 

(6) Fibra/Pó de Coco tratada

Fibra/Pó de Coco tratada 
Esse é o substrato que eu uso para cultivar minhas plantas 

Todos esses substratos são pobres em nutrientes e muito resistentes ao ataque de microrganismos (ou seja, duram muito tempo). Outro substrato que eu já vi sendo utilizado é a Casca de Arroz, mas como eu não conheço muito bem esse substrato, eu prefiro não falar dele. 

A Turfa, o Musgo Sphagnum e a Fibra/Pó de Coco tratada tem a função de absorver a água e manter o pH ácido (a função mais importante). A Areia de Quartzo e a Perlita Expandida tem pH neutro, a sua função está em manter o substrato aerado e dar mais volume (ou seja, preencher os espaços vazios dentro do vaso). Argila Expandida tem a mesma função da Areia de Quartzo e a Perlita Expandida, porém tem um pH moderadamente ácido (entre 5,5). 

A Turfa e o Musgo Sphagnum raramente são utilizados sozinhos (eles são substratos densos, pouco aerados), eles precisam estar misturados com a Areia de Quartzo ou a Perlita Expandida para ficarem mais leves e aerados. A Fibra/Pó de Coco tratada pode ser utilizada sozinha, pois é um substrato extremamente leve e aerado. A Argila Expandida normalmente é utilizada apenas para preencher o fundo do vaso. 

Cada cultivador tem sua própria preferência na hora de montar o substrato. Tem pessoas que usam a Turfa misturada com a Areia de Quartzo ou a Perlita, já outras gostam de utilizar o Musgo Sphagnum junto com a Perlita ou Areia de Quartzo. Tem aquelas que gostam de utilizar a Fibra/Pó de Coco tratada misturada com areia ou mesmo sozinha, na forma pura (esse é o meu caso). E ainda tem aquelas que gostam de usar todos esses substratos juntos no mesmo vaso. 

Além da preferência na hora de montar o substrato, os cultivadores também tem suas preferências com relação as proporções utilizadas. Tem pessoas que usam proporções simples como 50 % de Turfa + 50 % de Areia de Quartzo ou Perlita (ou seja, metade-metade, 1:1). Já outras usam proporções mais complexas, como 50 % Musgo Sphagnum + 30 % de Perlita + 10 % de Areia de Quartzo + 10 % de Turfa (5:3:1:1). Enfim, tudo vai depender do seu acesso a esses substratos. Tem dinheiro pra comprar todos ? Ótimo, agora se não tiver, não tem problema.

Quanto mais Turfa e Musgo Sphagnum você utilizar, mais encharcado o substrato vai ficar (porque eles retêm muita água). Quanto mais Areia de Quartzo e Perlita você utilizar, mais seco o substrato vai ficar (pois eles não retêm água). 

Com relação as características da Fibra/Pó de Coco tratada, eu fiz uma publicação inteira falando sobre ela. Eu falo desde as características básicas até a maneira certa de tratar. A publicação é essa aqui: “Substrato para Plantas Carnívoras – Fibra/Pó de Coco”. 

A turfa nada mais é que um tipo de Organossolo, e eu fiz uma publicação aqui no meu blog falando sobre esse tipo de solo, é essa aqui: “Onde as Plantas Crescem – Organossolos”. 

Enfim Matheus, e com relação as Droseras Brasileiras ? Quais são os substratos mais utilizados e suas proporções ? 

As Droseras Brasileiras, principalmente as que pertencem ao Complexo Drosera villosa, Complexo Drosera montana e Complexo Drosera graminifolia (além de outras sem complexo) gostam de substratos bem aerados (normalmente elas não gostam de substratos muito encharcados). 

Plantas mais jovens (que tem menos de 1 ano) gostam de substratos mais úmidos, porém plantas mais velhas (adultas) preferem substratos mais secos. Pra deixar o substrato mais seco geralmente os cultivadores preferem utilizar quantidades maiores Areia de Quartzo ou Perlita, e quantidades menores de Turfa ou Musgo Sphagnum. 
Alguns cultivadores utilizam proporções de 60 % de Areia de Quartzo ou Perlita + 40 % de Turfa ou Musgo Sphagnum (6:4). Já outros utilizam proporções de 90 % de Areia de Quartzo ou Perlita + 10 % de Turfa ou Musgo Sphagnum (9:1). 

Drosera graomogolensis, Drosera ascendens e Drosera camporupestris 
Acredite se quiser, mas isso é um vaso. Ele é composto por um substrato bastante arenoso, que simula bem o solo encontrado no ambiente natural dessas plantas. Esses capins colocados dentro do vaso também deram um charme todo especial 
Fotos de Adilson Peres Junior, retiradas do grupo do Facebook “Plantas Carnívoras – Brasil” 



Substrato e Germinação 

Alguns cultivadores relataram que as sementes das Droseras Brasileiras germinam melhor em Musgo Sphagnum vivo do que morto. Já outros cultivadores relataram que as sementes não germinam bem em Musgo Sphagnum, seja ele vivo ou morto (eles relataram que as sementes até germinam, mas com o tempo as mudas param de crescer). Além desses, também existem aqueles que dizem que as sementes das Droseras Brasileiras germinam e crescem melhor em Turfa. Eu pessoalmente prefiro germinar as minhas sementes em Pó de Coco tratado. 
Mudas de Drosera chrysolepis (esquerda) crescendo sobre o musgo Sphagnum 
Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil 
Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher
 

Mudas de Drosera latifolia crescendo sobre o musgo Sphagnum 
Parelheiros, São Paulo, Brasil 
Foto de Anderson S. Alves, retirada do fórum “www.plantascarnivorasbr.com

Mudas de Drosera spiralis crescendo sobre o musgo Sphagnum 
Itacambira, Minas Gerais, Brasil 
Foto de Anderson S. Alves, retirada do fórum “www.plantascarnivorasbr.com” 


Mudas de Drosera grantsaui crescendo sobre o musgo Sphagnum 
Balsa Nova, Paraná, Brasil 
Fotos de Anderson S. Alves, retiradas do fórum “www.plantascarnivorasbr.com

Mudas de Drosera villosa crescendo sobre o musgo Sphagnum 
Itibipoca, Minas Gerais, Brasil 
Foto de Anderson S. Alves, retirada do fórum “www.plantascarnivorasbr.com” 

Mudas de Drosera hirticalyx crescendo sobre o musgo Sphagnum 
Foto de Anderson S. Alves, retirada do fórum “www.plantascarnivorasbr.com” 


Mudas de Drosera ascendens crescendo sobre o musgo Sphagnum 
Diamantina, Minas Gerais, Brasil 
Foto de Anderson S. Alves, retirada do fórum “www.plantascarnivorasbr.com
 

Mudas de Drosera latifolia crescendo sobre o musgo Sphagnum 
Aiuruoca, Minas Gerais, Brasil 
Foto de Anderson S. Alves, retirada do fórum “www.plantascarnivorasbr.com” 


A verdade é que cada cultivador tem sua preferência quando se trata de germinação. Em todo caso, lembre-se de uma coisa: sementes de Droseras germinam em qualquer lugar. Elas podem ser germinadas na água, em papel toalha, em algodão ou até mesmo em pedras. A questão não é a germinação em si, mais sim como as mudas vão crescer depois disso. Garanta que elas vão ser plantadas em um substrato de qualidade que permita um bom desenvolvimento das raízes. 

O que se recomenda (geralmente) é: se as temperaturas ai na sua cidade estiverem acima dos 30 ºC, e a umidade estiver baixa (abaixo dos 40 %), coloque as sementes pra germinar na sombra ou pegando o solzinho da manhã (ou no local mais claro que achar). Agora se a temperatura estiver abaixo dos 30 ºC, e a umidade estiver alta (acima dos 40 %) pode colocar as sementes pra germinar ao sol, mas priorize o sol da manhã.

O que eu observei no meu cultivo aqui em Goiânia é que todas as espécies Brasileiras gostam de ser germinadas a pleno sol, e elas são absurdamente resistentes nesse período. Aqui Drosera spiralis e Drosera latifolia (Morfotipo Serra do Espinhaço) germinaram sob um calor de 36 ºC, com uma umidade de apenas 15 %. O problema surge depois da germinação. 

Drosera latifolia germina bem no sol, mas ela não cresce bem se ficar continuamente exposta a ele. Depois de algumas semanas que germinaram, precisei passar todas as mudas para a sombra total, porque elas começaram a definhar. Elas crescem muito bem na sombra. 

Já Drosera spiralis e Drosera tomentosa var. tomentosa odeiam sombra. As que eu germinei na sombra simplesmente não cresciam, precisei passar todas para o sol direto para notar algum crescimento. Apesar de gostarem de sol, elas não aguentam sol forte quando são muito novas. Nos primeiros meses elas devem pegar apenas os primeiros raios de sol da manha (se estiverem no sombrite ai elas aguentam mais tempo). 

Se puder, procure construir um Mini Viveiro para germinar as sementes (assim elas ficaram mais seguras). 
Mini Viveiro que eu fiz para minhas Plantas Carnívoras

Se quiser saber como construir um Mini Viveiro de cano PVC, é só clicar aqui "Como fazer uma Bancada e Mini Estufa/Viveiro de cano PVC" 

Procure germinar as sementes em seus vasos definitivos, quanto menos você mexer com a raízes dessas plantas, melhor. Às vezes um simples transplante de vaso é o suficiente para matar uma planta mais jovem (plantas adultas resistem melhor, mas plantas jovens são muito sensíveis). Aqui em casa eu só faço o transplante das mudas mais jovens depois que elas se tornam adultas e dão sementes. Se a planta chegar a morrer por conta do transplante, pelo menos não vou precisar comprar sementes dela novamente, basta eu plantar as que eu já tenho. 

E lembre-se: as sementes devem ser semeadas por cima do substrato, jamais devem ser enterradas (sementes enterradas não germinam). Pegue as sementes como se estivesse pegando uma pitada de sal e polvilhe elas por cima do substrato úmido. Sementes frescas (ou seja, recém colhidas) germinam em semanas, já sementes mais velhas germinam geralmente em 1 mês (mas pode demorar até 3 meses). Proteja os vasos da chuva durante o período de germinação (assim você evita delas serem levadas pelas gotas). 

Escolha do Vaso e Cuidados com a Água 

Droseras Brasileiras tem raízes longas e muito fortes quando adultas, elas geralmente não gostam de vasos pequenos e baixos. Procure oferecer para plantas adultas vasos altos e grandes, assim elas se acomodam melhor.
Raiz de Drosera tentaculata 
Itacambira, Minas Gerais, Brasil 
Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher
 

Raiz de Drosera graomogolensis com cerca de 6 anos de vaso 
As raízes sempre acabam saindo pra fora do vaso e se quebram, então as raízes seriam ainda maiores se estivessem inteiras 
Botumirim, Minas Gerais, Brasil 
Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher 

Droseras Brasileiras crescendo em vasos grandes 
Foto cedida gentilmente pelo cultivador Carlos Rohrbacher 

Droseras são plantas semi-aquáticas, então sempre deixe o vaso delas sobre uma bandeja com água (assim fica mais fácil de controlar o nível d’água). 

Droseras Brasileiras adultas não gostam muito de substratos encharcados, porém plantas mais jovens apreciam uma maior presença de umidade. Inclusive mudas jovens de Drosera graomogolensis e Drosera tomentosa amam um substrato cheio de água, gostam muito quando deixo os seus vasos completamente alagados. 

Tome cuidado com as larvas do mosquito Pernilongo/Muriçoca (Culex quinquefasciatus) e Aedes aegypt.
Recipientes azuis, amarelos e brancos são menos procurados pelas fêmeas desses mosquitos para botarem os ovos (elas não gostam de superfícies claras e reflexivas). Elas preferem botar os ovos em recipientes vermelhos ou pretos que ficam protegidos da luz (quanto mais escuro e fosco for o recipiente, melhor pra elas). Procure deixar as bandejas em locais bem claros (de preferência iluminados diretamente pela luz do sol). 

Com relação a água a ser utilizada, você pode utilizar água da chuva, deionizada, destilada ou qualquer outra água que você costuma usar e que sabe que não faz mal para as plantas (quanto menos mineralizada for a água, melhor). Aqui em casa eu uso água da torneira mesmo (raramente uso a água da chuva). 
Procure deixar água sempre limpa, lave a bandeja com frequência. Água com acúmulo de matéria orgânica (restos de folhas mortas apodrecendo) também acaba atraindo as fêmeas do mosquito Aedes aegypt. A maioria dos insetos aquáticos localizam as fontes de água utilizando a visão (eles observam a reflexão superficial da água), porém o Aedes aegypt é uma exceção, eles localizam a água pelo cheiro (o cheiro de decomposição da matéria orgânica atrai as fêmeas). 

Hoje em dia já existem produtos específicos para matar as larvas do Aedes aegypt. Eles são tabletes que são dissolvidos na água e tem uma ação larvicida que pode durar até 60 dias. Eu sinceramente prefiro lavar as bandejas do que ficar comprando esses produtos. Por último, lembre-se: não utilize peixes para eliminar as larvas. Eles não são meros objetos, precisam de cuidados especiais, e esses cuidados não podem ser oferecidos em uma simples bandeja com água. 

Droseras e a Estação Seca 

Muitas espécies de Droseras Brasileiras, principalmente as do Complexo Drosera montana, passam por uma estação seca em seus habitats naturais, e isso precisa ser replicado durante o cultivo. Durante a época seca (inverno) mantenha o substrato bem seco, coloque o mínimo possível de água na bandeja (deixe apenas as raízes do fundo do vaso em contato com água). Quando a estação úmida voltar (o verão) volte a deixar o substrato mais úmido como de costume. 

Tente fazer isso com plantas adultas, já bem estabelecidas. Não faça isso com plantas jovens, que ainda estão crescendo ou se adaptando ao novo lar. Se você mora em uma região mais seca, tente não deixar o substrato tão seco também (tente mante-lo apenas úmido, e não encharcado). 

Compra do Substrato 

Sobre a Turfa

Lembre-se que você não pode usar a turfa tratada (corrigida) ai no seu cultivo, está bem ? A turfa tratada passa por um processo que chamamos de “calagem”, onde é adicionado Cálcio e Magnésio na sua composição para aumentar o pH e deixa-lo neutro ou alcalino. A turfa que você deve comprar é a não tratada, que tem um pH ácido. 

Sobre a Areia

Não use areia de construção ai no seu cultivo. Essa areia pode ser formada por vários minerais diferentes. Se por acaso essa areia tiver minerais como o calcário, o substrato pode deixar de ser ácido e passar a ser alcalino (o calcário eleva o pH), e Droseras detestam solos alcalinos. Use areia de construção apenas se você tiver certeza que 100% dela é formada por quartzo. O mais indicado é você comprar a areia de quartzo, normalmente ela é vendida com o nome de “Areia de Filtro de Piscina”. 
Lembre-se que areia fina não ajuda muito a deixar o substrato aerado, procure comprar areia com grãos maiores. Quanto mais grossa for a areia, mais aerado o substrato vai ficar. 

Sobre o Musgo Sphagnum

O nome “Sphagnum” é o nome do gênero do musgo, tudo bem ? O musgo que você deve comprar precisa ser desse gênero. Outros tipos de musgos não servem. Eles até tem uma boa capacidade de hidratação, porém eles se decompõem muito rápido (meses). O musgo do gênero Sphagnum leva cerca de 2 anos para se decompor ou mais, por isso é o mais indicado como substrato. 







Referência 

Essa publicação faz parte do guia de cultivo das Droseras Brasileiras. Todas as referências utilizadas aqui vão estar listadas lá no guia. Para acessar o guia, é só clicar aqui “Como Plantar Droseras Brasileiras ?”.

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