Substrato para Plantas Carnívoras – Fibra/Pó de Coco - Parte 3

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Fibra/pó de coco depois de passar pelo tratamento

Essa aqui é a terceira parte da publicação sobre substrato para plantas carnívoras, se você chegou até aqui ser ver a primeira parte, clique aqui: "Substrato para Plantas Carnívoras - Fibra/Pó de Coco - Parte 1".



Minha Experiência com a Fibra/Pó de Coco 
Ano passado (2019) eu fiz alguns pequenos testes utilizando a fibra/pó de coco aqui no meu cultivo. Eu não fiz nenhuma comparação entre substratos, apenas coloquei as plantas sobre a fibra/pó para saber quanto tempo elas poderiam viver sobre ela. 

Pra ficar em uma ordem didática, vou organizar os resultados em Teste 1, Teste 2, Teste 3 e Teste 4

As espécies que eu usei pra fazer os testes foram as seguintes: Dionaea muscipula, Sarracenia leucophylla, Drosera filliformis var. floridana e Drosera burmannii Hong Kong. 
Todas as espécies estavam sob sol pleno (ou seja, ficavam o dia todo no sol). 

Teste 1 
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Dionaea muscipula durante o verão
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 10 de março de 2019
Essa Dionaea estava plantada em uma mistura de musgo Sphagnum e turfa. Essas folhas levantadas são as armadilhas de verão (nessa época elas ficam bem elevadas). 

Aqui em Goiânia (GO) durante o verão já tem luz a partir das 05:40 da manhã, e a luz só vai embora depois das 19:00 da noite. As temperaturas não costumam passar dos 32º C durante o dia, e durante a noite elas não costumam ficar abaixo dos 16º C. O tempo se mantem bem úmido na maior parte do tempo (é o auge da estação das chuvas). Essa foto foi tirada no dia 10 de março de 2019.


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Transplante de Dionaea muscipula
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 29 de março de 2019
Nessa foto ela já tinha sido transplantada para o novo substrato, que era uma mistura de fibra/pó de coco e areia de construção lavada (eu não lembro a proporção exata de cada, mas eu sei que nesse caso tinha bem mais fibra/pó de coco do que areia). Nessa época já estávamos no outono, mas ainda parecida verão. Essa foto foi tirada no dia 29 de março de 2019.
Ela aparenta ter menos folhas porque eu tirei algumas pra tentar fazer estaquia foliar (leaf cutting em inglês). Foi a primeira vez que tentei fazer isso, mas não funcionou. 
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Recuperação da Dionaea muscipula
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 07 de abril de 2019

Aqui ela já estava se recuperando da troca de substrato e da retirada das folhas. Eu achei que ela sofreria bem mais, mas até que ela se recuperou rápido. Essa foto foi tirada no dia 07 de abril de 2019. 
Aqui em Goiânia (GO) o mês de abril é bem marcante, é quando o outono realmente chega e começam a ocorrer várias mudanças bem nítidas no tempo. De repente o sol passa a se por mais cedo (em março, até as 19:00 ainda tinha luz, agora em abril as 18:00 já está bem escuro), e as noites passam a ficar mais frias (mas frio mesmo só lá pra junho). As chuvas começam a diminuir e o tempo vai ficando pouco a pouco mais seco. 


Dionaea muscipula com armadilhas habituais
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 03 de maio de 2019

Aqui ela já estava totalmente recuperada do transplante. Nessa época ela parou de produzir as armadilhas de verão e passou a produzir as armadilhas habituais (que nascem rente ao substrato). Essas fotos foram tiradas no dia 03 de maio de 2019. 


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Pela primeira vez surgem as armadilhas com coloração avermelhada na Dionaea muscipula
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tiradas no dia 27 de maio de 2019

Aqui já estamos chegando próximo do inverno e as chuvas estão praticamente no fim. 
Curiosamente as armadilhas da minha Dionaea começam a ficar com um tom muito avermelhado. Desde o momento que eu comprei essa planta, nunca tinha notado um tom de vermelho tão forte nela (geralmente as armadilhas ficavam verdes ou exibiam um tom de rosa fraco). Essas fotos foram tiradas no dia 27 de maio de 2019. 

Dionaea muscipula começando a entrar em dormência
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 26 de junho de 2019

Aqui nós já estamos finalmente no inverno. Essa foto foi tirada no dia 26 de junho de 2019. 
Aqui em Goiânia (GO) o inverno é marcado pelo fim das chuvas (agora só volta a chover mesmo lá pra final de outubro). O tempo fica bem seco (a umidade do ar chega facilmente aos 15%) e começa a fazer frio de verdade. Durante o dia as temperaturas ficam mais amenas (não costumam passar dos 30º C) e durante a noite as temperaturas chegam facilmente aos 12º C (podendo chegar até 7º C no auge do inverno). 
Nessa época a minha Dionaea estava começando a entrar em dormência. As folhas mais longas e com armadilhas grandes começavam a morrer e iam dando espaço para folhas mais curtas com armadilhas menores. 

Dionaea muscipula em plena dormência
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tiradas no dia 20 de julho de 2019

Aqui nessa época já era o auge do inverno e minha Dionaea estava em plena dormência. Nenhuma folha nova era produzida e as armadilhas que ainda estavam verdes não funcionavam. Essas fotos foram tiradas no dia 20 de julho de 2019. 

Infelizmente essas foram as últimas fotos da minha querida Dionaea. Eu, burro como sou, tive a brilhante ideia de fazer uma divisão de rizoma com a planta nesse estado ai. Eu pensei: “ah, ela produziu várias mudinhas novas, acho que seria melhor eu dividir a planta agora durante o inverno, assim quando chegar o verão as mudinhas já vão estar cada uma nos seus vasos individuais”. Foi uma ideia idiota. 
Todas as mudas que eu fiz a partir dessa planta acabaram morrendo e o meu pequeno teste com a Dionaea chegou ao fim. 


Teste 2 


Sarracenia leucophylla
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 25 de fevereiro de 2019
Essa foto foi tirada exatamente no dia em que eu comprei essa Sarracenia leucophylla (25 de fevereiro de 2019). Ela estava plantada em um substrato composto de musgo Sphagnum e nessa época estávamos no verão. 


Transplante de Sarracenia leucophylla
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tiradas no dia 05 de março de 2019

Aqui nessa foto eu já tinha transferido ela para a fibra/pó de coco. Nesse caso procurei fazer uma proporção mais igual de areia (usei areia de construção lavada) e fibra/pó de coco. Essa foto foi tirada no dia 05 de março de 2019. 
Sarracenia leucophylla começando a emitir novas armadilhas
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 16 de março de 2019

Aqui nessa foto ela já estava totalmente recuperada do transplante e já estava começando a emitir armadilhas novas. Essa foto foi tirada no dia 16 de março de 2019 





Sarracenia leucophylla com armadilhas novas
Goiânia, Goiás, Brasil
Primeira foto tirada no dia 07 de abril de 2019 e as demais no dia 03 de maio de 2019

Aqui nessa foto já estávamos no outono e foi a primeira vez que ela começou a emitir armadilhas em um tamanho realmente grande. Reparem que tem mais fibra/pó de coco na superfície do que antes (eu coloquei pra ficar mais bonitinho). 
A primeira foto foi tirada no dia 07 de abril de 2019 e as demais foram tiradas no dia 03 de maio de 2019. 




Sarracenia leucophylla no período do inverno
Goiânia, Goiás, Brasil
As 3 primeiras fotos foram tiradas no dia 10 de agosto de 2019, e a última foto foi tirada no dia 20 de agosto de 2019
Aqui nessas fotos já estávamos no inverno e no pior mês do ano na minha opinião (agosto, o mês da ventania). As primeiras fotos foram tiradas no dia 10 de agosto de 2019, e a última no dia 20 de agosto de 2019. 

No mês de agosto aqui em Goiânia (GO) o frio começa ir em bora pouco a pouco, mas o tempo seco ainda continua. Outra coisa que acontece é que DO NADA começa a fazer uma ventania infernal. Começa a ventar muito, mais muito mesmo (é poeira pra todo lado, é até difícil manter a casa limpa). 
Essa ventania prejudica muito as plantas (as minhas Drosera capensis ficaram horríveis nessa época), mas apesar disso eu notei que algumas não são afetadas. Essas Drosera burmannii que estão no vaso da Sarrcenia não pareciam se importar com o excesso de vento. 

Nessa época a minha Sarracenia já estava em dormência (eu acho, porque ela estava com um crescimento muito lento, e as poucas armadilhas que surgiam morriam rapidamente). Reparem que o rizoma aumentou de tamanho. 
Sarracenia leucophylla no verão
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 29 de janeiro de 2020

Aqui nessa foto já estamos no verão de 2020 e minha Sarracenia já se recuperou do período da dormência. O crescimento dela voltou ao normal e várias armadilhas foram formadas. O rizoma aumentou muito de tamanho e agora ela já ocupa grande parte do vaso. As Drosera burmannii também ocupam grande parte do vaso. Essa foto foi tirada no dia 29 de janeiro de 2020 
Sarracenia leucophylla começando a emitir a primeira flor
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 23 de fevereiro de 2020

Aqui nessa foto podemos ver que a minha Sarracenia começou a florir (eu realmente não esperava por isso). Do nada começou a crescer essa flor (e ela cresce bem rápido). Essa foto foi tirada no dia 23 de fevereiro de 2020. 



Sarracenia leucophylla em floração
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tiradas no dia 27 de fevereiro de 2020
Aqui nessa foto a minha Sarracenia finalmente floriu. A flor tem um cheiro de rosas (o mesmo cheiro que as armadilhas emitem depois de abertas, só que mais forte). Essa foi a última foto que tirei da minha Sarracenia, e ela foi tirada no dia 27 de fevereiro de 2020. 


Teste 3 
Tentativa de germinação da Drosera filliformis var. floridana
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tiradas no dia 29 de março de 2019
Essa aqui foi uma das minhas primeiras tentativas de germinação utilizando a fibra/pó de coco. Eu fiz uma mistura de fibra/pó de coco e areia de construção lavada (eu não lembro a proporção exata de cada, mas eu sei que nesse caso tinha bem mais fibra/pó de coco do que areia). Por cima do vaso eu coloquei uma camada bem generosa de pó de coco (o vaso que eu fiz o teste é o que está na esquerda, na parte de cima). 
As sementes usadas pra fazer a germinação eram da Drosera filliformis var. floridana. Eu utilizei sementes frescas nesse teste. O vaso ficou exposto ao sol o dia todo, mas ficou protegido da ação da chuva por uma proteção de vidro. 
Essa foto foi tirada no comecinho do outono, dia 29 de março de 2019. 

Germinação da Drosera filliformis var. floridana
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tiradas no dia 11 de junho de 2019

Essa foto aqui foi tirada no dia 11 de junho de 2019 (sim, as sementes só foram geminar 3 MESES DEPOIS). Nessa época já estávamos pertinho do inverno. Eu sinceramente já tinha desistido dessas sementes, foi até uma surpresa ver essas mudinhas vermelhinhas no substrato. 
Reparem que por cima do pó de coco cresceu essa coisa preta, que mais parece um lodo (não faço ideia do que seja). Eu não sei se tem alguma relação, mas as sementes só germinaram depois que esse lodo ai apareceu. 
Crescimento das mudas de Drosera filliformis var. floridana
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tiradas no dia 03 de agosto de 2019
Depois que as mudas germinaram elas demoraram um pouquinho pra crescer, mas depois de um tempo a velocidade de crescimento delas disparou. 
Eu sinceramente fiquei tentado a retirar esse lodo depois que as mudinhas cresceram mais, mas eu passei a ver que esse lodo era extremamente útil. Ele matinha a superfície do substrato bem firme e uniforme, sem falar que destacava muito o vermelho dessa espécie. 
Essa foto foi tirada no inverno, no dia 03 de agosto de 2019 

Crescimento das mudas de Drosera filliformis var. floridana
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tiradas no dia 20 de agosto de 2019

Essa foto aqui foi tirada no dia 20 de agosto de 2019. Reparem como elas cresceram, estão bem maiorzinhas. Essas sujeiras ai (que são sementes de Boldo da Bahia) foram grudar nelas por conta da intensa ventania que acontece no mês de agosto. 
Infelizmente essas foram as últimas fotos que eu tirei delas. Elas estavam crescendo tão bem, mas tão bem, que eu achei que já poderia colocar cada mudinha no seu vaso individual (mais uma ideia idiota que eu tive). 
Eu retirei o substrato do vaso e separei cada uma das mudinhas, colocando cada uma no seu próprio vaso (algumas eu acabei deixando juntas por falta de vaso). Com o passar do tempo elas foram morrendo uma por uma e eu acabei perdendo todas elas. Elas são bem mais frágeis do que pensei. 


Teste 4 
Tentativa de germinação da Drosera burmannii Hong Kong
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 05 de março de 2019
Essa aqui também foi uma das minhas primeiras tentativas de germinação utilizando a fibra/pó de coco. Eu fiz uma mistura de fibra/pó de coco e areia de construção lavada (eu não lembro a proporção exata de cada, mas eu sei que nesse caso tinha bem mais fibra/pó de coco do que areia). Por cima do vaso eu coloquei uma camada bem generosa de pó de coco.
As sementes usadas pra fazer a germinação eram da Drosera burmannii Hong Kong. Eu utilizei sementes frescas nesse teste (essas eu comprei, e segundo o vendedor estavam frescas, mas vai saber). O vaso ficou exposto ao sol o dia todo, mas ficou protegido da ação da chuva por uma proteção de vidro. 
Essa foto foi tirada no final do verão, dia 05 de março de 2019. 
Germinação da Drosera burmannii Hong Kong
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 03 de maio de 2019

Essa foto aqui foi tirada no outono, dia 03 de maio de 2019. As sementes demoraram 2 meses para germinar. 

Crescimento das mudas de Drosera burmannii Hong Kong
Goiânia, Goiás, Brasil
Foto tirada no dia 11 de junho de 2019
Essa foto aqui foi tirada no finalzinho do outono, dia 11 de junho de 2019. Acabou que muitas mudinhas acabaram morrendo, mas as que sobreviveram cresceram muito bem e muito rápido. 

Crescimento das mudas de Drosera burmannii Hong Kong
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tirada no dia 26 de junho de 2019

Aqui nessas fotos já da pra notar que elas estão bem maiores, e elas estão começando a capturar insetos bem grandes também. 
Essas fotos foram tiradas no inverno, dia 26 de junho de 2019. 
Introdução da Salvinia sp. no meu cultivo
Foto tirada no dia 11 de julho de 2019
Essa foto aqui foi tirada no inverno, no dia 11 de julho de 2019. Coloquei essa foto pra mostrar o dia que eu coloquei essa planta aquática no meu cultivo. 
O nome dela é Salvinia, eu a coletei em uma represa e depois coloquei ela na mesma bandeja onde estão as mudinhas de Drosera burmannii Hong Kong. Tudo mudou depois que peguei essa planta. 


Crescimento das mudas de Drosera burmannii Hong Kong
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tirada no dia 15 de jujho de 2019

Essas são as minhas Drosera burmannii Hong Kong no auge do seu desenvolvimento. Elas estavam lindas, e infelizmente essas foram as últimas fotos que eu tirei delas nesse estado. 
Essas fotos foram tiradas no dia 15 de julho de 2019. 

Mudas de Drosera burmannii Hong Kong começam a morrer
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tirada no dia 03 de agosto de 2019

Na medida em que a Salvinia ia se desenvolvimento na bandeja (e ela cresce muito rápido) pouco a pouco as mudinhas iam definhando. Reparem no centro da muda que está a direita, ela já começou a morrer. Essas fotos foram tiradas no dia 03 de agosto de 2019. 

Morte das Drosera burmannii Hong Kong
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tirada no dia 19 de agosto de 2019

Pra mim essas imagens são muito tristes. Eu me apeguei muito as mudinhas, e ver elas definhando pouco a pouco foi bem difícil. Essas fotos foram tiradas no inverno, no dia 19 de agosto de 2019. 
Eu sinceramente não sei se a morte delas está realmente relacionada com as Salvinias, mas é bem difícil pensar em outra coisa. Elas morreram JUSTAMENTE no momento em que a Salvinia começou a se desenvolver na bandeja. Elas se espalharam e as mudas morreram (todas elas), foi muito rápido. 

O mais estranho é que só elas foram afetadas. A Drosera capensis e a pequena muda de Dionaea muscipula estão feias assim por conta do inverno, mas elas não morreram (ambas estavam plantadas em uma mistura de fibra/pó de coco e areia). A Drosera intermedia que está no canto esquerdo, na parte de cima da bandeja, também não morreu (ela essa estava plantada em turfa). Aquela Drosera burmannii Hong Kong solitária, que está no canto esquerdo, na parte de cima da bandeja, também acabou morrendo (ela estava plantada em uma mistura de musgo Sphagnum e fibra/pó de coco). 

Eu coloquei as Salvinias na bandeja por questões estéticas (achava ela bonita) e também por achar que elas poderiam ajudar a diminuir a temperatura da água (ao meio dia a água ficava muito quente), mas aconteceu exatamente o contrário. Quanto mais Salvinias tinham na bandeja, mais a temperatura da água aumentava. 

Depois que as minhas mudinhas de Drosera burmannii Hong Kong morreram eu passei a me livrar das Salvinias, e hoje só mantenho algumas pequenas mudinhas nas bandejas (fiquei com pena de me livrar de todas elas). 

Ps – essas outras plantas aquáticas são Aguapés, também coletei elas junto com as Salvinias, mas elas estavam em outra bandeja. 


Minha Opinião sobre a Fibra/Pó de Coco 
Com base nas minhas condições de cultivo, eu cheguei a várias conclusões diferentes a respeito do plantio e germinação de plantas carnívoras em fibra/pó de coco. 

As conclusões positivas foram as seguintes: 

1 - A fibra/pó de coco pode ser usada tranquilamente como substrato 
Eu sinceramente não notei nenhum sinal de rejeição das plantas ao substrato, pelo contrário, elas pareciam gostar dele da mesma maneira como gostavam do musgo Sphagnum ou da turfa. O maior risco que essas plantas passaram foi quando eu inventei de mexer com elas. 

Vou dar meu conselho como principiante que tomou decisões erradas: SEGURE A VONTADE DE MEXER COM ELAS. Elas me parecem ser bem sensíveis com trocas de substratos ou mudanças bruscas de ambiente, então quanto menos você mexer com elas (principalmente na zona da raiz), melhor. 

Quer interagir com elas ? Então faça isso através da alimentação. Droseras e Dionaeas respondem muito bem quando são alimentadas. Você pode alimenta-las com ração de peixe em flocos ou com PEQUENOS insetos macios e pouco gordurosos. 
Elas não lidam muito bem com insetos gordurosos, como larvas de Tenebrio molitor. As larvas bem pequenas e adultos recém formados (aqueles brancos e macios) são até digeridos, mas larvas grandes e gordas apodrecem e não são digeridas. Os melhores insetos para se oferecer para as Droseras na minha opinião são: cupins (principalmente as operárias mastigadoras, os soldados são muito duros), adultos da mosca das frutas (Drosophila melanogaster), ninfas de grilo e aranha. Quanto mais macio e transparente for o inseto, melhor vai ser para ser digerido e absorvido. 

2 - As raízes se fixam muito bem na fibra/pó de coco 
A partir do momento que as sementes germinam e as plantas começam a emitir raízes, elas passam a ficar bem presas no substrato. 
Acho isso ótimo, porque assim não preciso ficar preocupado em ficar protegendo as plantas da chuva. 

3 - A fibra/pó de coco não esquenta muito 
Uma coisa que me irrita profundamente é que a turfa e o musgo Sphagnum ficam muito quentes quando chega aquele calorão do meio dia. Pelo fato da turfa e do Sphagnum absorverem muita água eles acabam ficando encharcados o tempo inteiro, e quando você coloca um substrato assim exposto ao sol a impressão que dá é que ele vai começar a ferver. 
A fibra/pó de coco é um substrato que retém muita água, mas bem menos em comparação com a turfa e o Sphagnum, então acaba que ela fica apenas úmida, e não encharcada. Como ela tem menos água, acaba esquentando menos quando está exposta ao sol (pelo menos em comparação com a turfa e o Sphagnum). 

4 - A fibra/pó de coco é mais barata e mais fácil de achar 
Eu moro em Goiânia, mas eu moro praticamente na fronteira da cidade (passou o meu bairro e você já está em Senador Canedo), e isso significa que eu estou longe de TUDO. Aqui perto de casa é muito difícil encontrar o musgo Sphagnum, e quando eu acho é apenas um pacotinho pequeno com um preço absurdamente caro. Turfa ? Esquece, impossível achar isso aqui. O substrato mais acessível que tenho ao meu alcance é a fibra/pó de coco e por isso eu continuo usando ela no cultivo das minhas plantas. 





Dionaea muscipula e Drosera capensis plantadas em um substrato puro de fibra/pó de coco
Goiânia, Goiás, Brasil
Fotos tiradas no dia 23 de março de 2020

Essa minha Dionaea muscipula e Drosera capensis estão plantadas em um substrato puro de fibra/pó de coco. Essas fotos foram tiradas no dia 23 de março de 2020 (segunda semana de quarentena contra o coronavírus). 

Com relação as conclusões negativas que eu tive a respeito da fibra/pó de coco eu vou deixar para o próximo tópico.


Como tratar a Fibra/Pó de Coco ? 
Na minha opinião, o único ponto negativo de usar a fibra/pó de coco é o fato de ter que trata-la primeiro antes de ser usada. 
A casca de coco verde pode apresentar níveis tóxicos de taninos, cloreto de potássio e de sódio, então durante o processamento do coco na indústria as fibras passam por um processo de lavagem para reduzir toxidade. Elas são lavadas e só depois disso são trituradas (isso nas industrias mais especializadas em fazer substratos, não sei se isso acontece nas demais). 
Essa lavagem já é o suficiente para permitir o cultivo de plantas mais comuns, mas eu sinceramente não sei se já permite o crescimento de plantas carnívoras (eu nunca fiz esse teste). Na dúvida, é melhor tratar a fibra/pó de coco. 

Blz, eu já entendi que eu preciso tratar a fibra/pó de coco, mas como fazer isso Matheus ? Bom, vamos lá 

O tratamento consiste em colocar a fibra/pó de coco de molho na água para remover algumas substâncias que são chamadas de Taninos. 

Falando de maneira bem resumida e simplificada: taninos são substâncias produzidas pelas plantas para a sua própria proteção. O Coqueiro (Cocos nucifera) produz essas substâncias em grandes quantidades e elas ficam concentradas principalmente nos tecidos do coco. A fibra de coco e o pó de coco tem altas concentrações de taninos e o excesso dessas substâncias precisam ser retiradas. Em baixas concentrações os taninos impedem a proliferação de microrganismos indesejados no substrato, mas em altas concentrações eles são tóxicos para as raízes. 

Pra retirar o excesso dos taninos é bem fácil, basta deixar a fibra/pó de coco de molho na água e ele vai saindo naturalmente com o tempo. Deixar de molho por quanto tempo ? Não faço ideia, vai depender do substrato que você comprou (5 dias, 7 dias, varia muito). O ideal é que você vá trocando a água na medida em que ela for ficando vermelha (os taninos tem uma cor vermelha forte). Quanto mais clara estiver a cor da água, melhor. 

Eu sinceramente não tenho a menor paciência pra ficar esperando todo esse processo, então pra acelerar as coisas eu fervo a fibra/pó de coco na panela de pressão. 

Passo 1 - Escolhendo a Fibra/Pó de Coco 
Antes de mostrar pra vocês como eu faço o processo de fervura, deixa eu mostrar pra vocês qual é a fibra/pó de coco que vocês precisam comprar. 



Essa aqui é a fibra/pó que vocês devem usar como substrato. Ela tem uma coloração avermelhada e é super leve ao toque. 



Essa aqui é a fibra/pó de coco que vocês não devem comprar. Eu sinceramente não sei o que é que eles fazem com a fibra/pó para deixar ela com esse aspecto de queimado (será que torram ela ? Não tenho ideia). 
Pra ser mais sincero ainda, eu não sei se essa fibra/pó pode ou não ser usada. Eu acredito que não porque ela parece mais é uma terra vegetal cheia de carvão, mas só testando mesmo pra saber. Mas, na dúvida, não comprem a fibra/pó se ela estiver com esse aspecto. 

Bom, agora vamos falar do processo de fervura. 

Passo 2 - Fervendo a Fibra/Pó de Coco 



O processo de fervura é bem simples. Basta colocar água na panela de pressão e deixar a fibra/pó ferver por 20 minutos em fogo alto (comece a contar depois que a panela pegar pressão). Coloque muita água, é preciso cobrir a fibra/pó completamente. 



Passados os 20 minutos, tire a fibra/pó com o auxilio de uma escumadeira e descarte toda a água da fervura (ela vai estar num tom vermelho bem escuro). 


Passo 3 - Colocando a Fibra/Pó de Coco de Molho 
Depois de retirar a fibra/pó da fervura, coloque ela de molho na água por um período de 24 horas. 



Passado esse período de 24 horas, colete uma amostra dessa água e descarte o resto. A água precisa aprestar uma coloração fraca, como se fosse um chá fraco (ela não precisa ficar transparente). 



O processo de fervura é o suficiente para retirar a maior parte dos taninos da fibra/pó (lembre-se que os taninos são benéficos em baixas concentrações). Com essa coloração de chá fraco já é possível utilizar a fibra/pó sem nenhum problema, mas pra desencargo de consciência eu resolvi deixar ela uma semana de molho na água, só pra saber se ela iria liberar mais taninos. 



Uma semana depois eu coletei a água que ficou de molho e o resultado é esse ai de cima. Praticamente não mudou nada, a fibra/pó não libero mais taninos. 

Então só pra deixar claro, se você ferver a fibra/pó, não precisa deixar ela vários dias de molho na água, blz ? Basta deixar ela de molho um dia e pronto. 


Passo 4 - Retirando a Água da Fibra/Pó de Coco 
O processo pra retirar a água é bem simples, você só vai precisar de uma estrutura furada para acomodar a fibra/pó (nesse caso eu usei um vaso) e um pano para usar como filtro (nesse caso eu usei a Helanca). 

Pegue a fibra/pó, coloque no pano e torça com força para retirar toda a água. 









Essa água escura que está escorrendo não está com taninos, é o próprio pó de coco que escorreu junto com a água. O pó de coco é tão fino que consegue escapar pelos buraquinhos do pano. 









Fibra/Pó de Coco Tratada – Comparações 
Eu resolvi fazer algumas comparações pra mostrar pra vocês as diferenças entre a fibra/pó de coco tratada e a não tratada. 



Essa ai é a fibra/pó de coco não tratada. Ela tem uma coloração avermelhada. 



Essa ai é a fibra/pó de coco tratada seca. Quando ela está seca ela fica com uma coloração marrom opaca. 


Essa ai é a fibra/pó de coco tratada molhada. Quando ela está molhada ela fica com uma coloração brilhante.

Leituras que eu recomendo pra vocês:


"Como fazer uma Bancada e Mini Estufa/Viveiro de cano PVC" 


Referências 


Comentários

  1. Boa noite. Sobre as Drosera burmannii, acredito que oque possa ter interferido na morte delas, seja o fato delas serem plantas anuais, ainda mais que elas são droseras tropicais, o clima muito quente e seu curto ciclo de vida devem ser os fatores responsáveis pela morte. Porém, não posso afirmar que sejam apenas isso, outras plantas também sofreram?

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    1. Olá, boa tarde. Você fala em sofrimento com relação ao clima ? As minhas Droseras capensis sofreram um pouco com o tempo, mas nenhuma delas chegou a morrer.

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  2. Obrigado por expor seus testes! Parabéns pelas iniciativas de se estudar sobre o uso de substratos alternativos ao uso da turfa, claro, além de ser muito mais acessível e econômico para nós brasileiros, se torna uma ótima forma de se evitar problemas futuros pelo usa da turfa. Farei testes seguindo suas ideias e logo mais aviso os resultados obtidos. Att. Fellipe

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    Respostas
    1. Muito obrigado, vou aguardar ansioso pelos resultados, espero que dê certo :)

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  3. Esqueci de adicionar ao ultimo comentário. Envasei minha S. leucophylla com uma mistura de 50:50 em volume de musgo sphagnum e argila expandida fina, vamos ver no que dará a mesma mistura porém trocando o musgo pelo pó de coco.

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  4. Olá, acabei de ler sua matéria, parabéns. Tenho uma dúvida, como montar no vaso? Seria primeiro coloca sphagnum, depois o pó de côco e por fim, mais uma camada de musgo sphagnum?

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    Respostas
    1. Muito Obrigado <3. Então, a montagem do substrato no vaso fica a seu critério. Eu pessoalmente gosto de misturar tudo.

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