Substrato para Plantas Carnívoras – Fibra/Pó de Coco - Parte 2

fibra-de-coco-substrato-para-plantas-carnívoras
Fibra/pó de coco que eu comprei pra cultivar minhas Plantas Carnívoras

Antes de ensinar vocês a como preparar a fibra/pó de coco, eu vou mostrar algumas experiências relatadas por algumas pessoas que já usaram a fibra/pó de coco como substrato. 


Ps – essa é a segunda parte da publicação sobre fibra/pó de coco para plantas carnívoras, se você chegou até aqui e ainda não viu a primeira parte, é só clicar aqui: "Substrato para Plantas Carnívoras - Fibra/Pó de Coco - Parte 1".

Experiência de Cultivo - 1 
Em abril de 2010 o usuário FlytrapRanch, que participa do fórum cpukforum.com resolveu fazer um pequeno experimento para saber se a Dionaea muscipula poderia ser plantada em fibra/pó de coco. 
Ele separou 6 bulbos semelhantes de Dionaea B52 em dois grupos (cada grupo ficou com 3 bulbos). Cada grupo estava plantando em um vaso de 25,4 cm de diâmetro e foi mantido sobre as mesmas condições, recebendo os mesmos cuidados por cerca de 14 meses. 
A foto abaixo foi tirada em 2 de julho de 2011. As 3 Dionaeas no vaso à esquerda estão crescendo em um substrato tradicional, que nesse caso é a turfa (50%) com areia (50%) e perlita. As 3 Dionaeas à direita estão em um vaso que contém um substrato com fibra/pó de coco e areia (sílica pura). 
Teste de substrato utilizando Dionaea muscipula
Foto do usuário FlytrapRanch, retirada do fórum cpukforum.com
O usuário FlytrapRanch continuou com a experiência por mais de 2,5 anos, e nesse meio tempo ele fez experiências com outras plantas. Com o passar do tempo ele concluiu que, nas condições de cultivo que ele tinha, as Dionaeas preferiam ser plantadas em fibra/pó de coco, já as Sarracenias preferiam ser plantadas em turfa. 
A fibra/pó de coco utilizada pelo usuário FlytrapRanch passou por um tratamento antes de ser usada. Ele deixou a fibra/pó de coco de molho na água por cerca de 8 a 12 horas antes de utiliza-la. 

Experiência de Cultivo - 2 
O usuário Steve_D, que participa do fórum flytrapcare.com, resolveu fazer um pequeno experimento para saber se as Droseras poderiam ser plantadas em fibra/pó de coco. Ele plantou duas Drosera rotundifolia, uma em um substrato tradicional, que nesse caso é uma mistura de turfa com areia de sílica e perlita (lado direito), e outra foi plantada em uma mistura à base de fibra/pó de coco com areia de sílica (lado esquerdo). Ele manteve as plantas sob as mesmas condições de cultivo.
onde-plantar-plantas-carnívoras
Teste de substrato utilizando Drosera rotundifolia
Foto do usuário Steve_D, retirada do fórum flytrapcare.com
O usuário Steve_D relatou que, nas condições de cultivo que ele tinha, a taxa de crescimento das duas Droseras foi a mesma, tanto na turfa como na fibra/pó de coco. A planta que está a esquerda (que está em fibra/pó de coco) está com um tamanho menor, porque desde o início do experimento ela já tinha um tamanho menor. 
Com o passar do tempo ele passou a fazer esse teste com outras espécies, e chegou a conclusão que as plantas cultivadas em fibra/pó de coco acabam desenvolvendo um tom de vermelho mais forte, e que as Droseras gostam desse tipo de substrato (ou pelo menos parecem não se importarem com ele). Com relação as Dionaeas, ele também chegou a conclusão de que elas gostam muito da fibra/pó de coco. Com relação as Sarracenias (as recém germinadas), elas claramente preferem ser plantadas em turfa (elas crescem muito lentamente quando cultivadas em fibra/pó de coco). 
A fibra/pó de coco utilizada pelo usuário Steve_D passou por um tratamento antes de ser usada. Ele deixou a fibra/pó de coco de molho na água, e depois de determinado tempo ele retirou o excesso de água da fibra/pó. Ele fez isso repetidas vezes, e usou um medidor TDS (Sólidos Totais Dissolvidos) para garantir que o substrato não teria nenhum excesso de Potássio ou Sódio. 


Experiência de Cultivo - 3 
Esse caso aqui não é bem um experimento, está mais para um depoimento na verdade. 

O usuário Pride, que participa do fórum carnivoras.com.br, compartilhou o seu depoimento com relação a utilização da fibra/pó de coco como substrato. 
A cerca de 1 ano e 3 meses ele mantem uma Drosera afins em um substrato composto de fibra/pó de coco e chips de coco. Durante esse momento, ele relatou que ela não apresentou nenhum sinal de rejeição ao substrato. 

Em uma sementeira composta de fibra/pó de coco + chips de coco + musgo Sphagnum + casca de Pinus ele conseguiu germinar as seguintes espécies: Drosera indica, Drosera filliformis var. floridana, Drosera oblanceolata, Drosera capensis Alba, Drosera affinis, Drosera burmannii Red e Drosera hartmeyerorum

Segundo ele, com exceção de duas espécies, todas conseguiram se desenvolver muito bem, as mudas estavam semelhantes a uma outra sementeira composta por um substrato padrão (musgo Sphagnum e areia). As espécies que não conseguiram se desenvolver muito bem foram a Drosera filliformis var. floridana e a Drosera hartmeyerorum. Por algum motivo, elas estavam com o desenvolvimento mais atrasado no substrato que continha fibra/pó de coco. 
Outra informação relatada por ele foi com relação ao desenvolvimento de microrganismos indesejáveis como fungos, algas e cianobactérias. 

No substrato onde a Drosera afins estava plantada por cerca de 1 ano e 3 meses ele conseguiu observar o aparecimento de algas apenas uma única vez. Os fungos costumavam a aparecer mais, mas somente nas presas que eram capturadas pela Drosera. Na sementeira que possuía a fibra/pó de coco na sua composição ele não notou o desenvolvimento de nenhum fungo, alga ou cianobactéria no substrato. Já nas demais sementeiras que não possuíam a fibra/pó de coco na sua composição, todas acabaram sofrendo com algum tipo de infestação. 

Experiência de Cultivo - 4 
O usuário smart2, que participa do fórum carnivoras.com.br, resolveu fazer vários pequenos testes para saber se suas plantas carnívoras poderiam ser plantadas em fibra/pó de coco. 

Nesses testes ele não fez uma comparação entre substratos (fibra/pó vs turfa), ele apenas colocou as plantas sobre a fibra/pó para saber quanto tempo elas poderiam viver sobre ela. As plantas foram cultivadas em vasos conhecidos popularmente como jardineiras e potes de margaria. Algumas espécies foram plantadas sob a forma de mudas, já outras foram plantadas sob a forma de sementes. 

Infelizmente eu não consegui recuperar as fotos no momento do plantio ou da semeadura (ou seja, o antes), por algum motivo essas fotos sumiram do fórum, apenas consegui recuperar o depois. 
Pra ficar em uma ordem didática, vou organizar os resultados que ele obteve em Teste 1, Teste 2, Teste 3 , Teste 4 e Teste 5.

As espécies que foram plantadas/germinadas em diferentes testes foram as seguintes: Byblis sp., Dionaea muscipula, Drosera intermedia, Drosera burmannii, Drosera burmannii Red, Drosera burmannii Hong Kong, Drosera filliformis var. floridana, Sarracenia leucophylla Alba e Utriculária sp. 

Todas as espécies estavam sob sol pleno (ou seja, ficavam o dia todo no sol), porém elas estavam protegidas por uma Tela Sombrite 75%. 

Ps – segundo o usuário smart2, algumas fotos estavam embaçadas por conta da chuva. 


Teste 1 
As espécies foram plantadas/germinadas no dia 17/02/2016. Cerca de 1 ano depois (01/02/2017) elas estavam assim. 









Teste de substrato
Fotos do usuário smart2, retiradas do fórum carnivoras.com.br

Teste 2 
Nessa jardineira o usuário smart2 resolveu fazer algumas repartições. De um lado da jardineira ele colocou a fibra junto com o pó de coco, sendo que na superfície ele manteve uma camada de aproximadamente 1 cm de pó de coco. Do outro lado da jardineira ele colocou apenas fibras como substrato (segundo ele praticamente não tinha quase nada de pó, só a fibra). 
Ele percebeu que o pó de coco é ótimo para manter a umidade, porém ele não da sustentação as plantas recém germinadas (elas não conseguem se firmar no substrato). Já a fibra de coco é ótima para dar sustentação as raízes (as raizes se aderem firmemente a fibra), porém a fibra de coco sozinha não consegue reter umidade. Apesar de tudo, as sementes conseguiram germinar em ambos os lados da jardineira. 

Teste de substrato
Fotos do usuário smart2, retiradas do fórum carnivoras.com.br

Teste 3 
Eu não consegui descobrir de maneira confiável quando foi que essas espécies foram plantadas/germinadas, mas quando essas fotos foram tiradas elas estavam com 1 ano, 4 meses e 15 dias. 


Teste de substrato
Fotos do usuário smart2, retiradas do fórum carnivoras.com.br


Teste 4 
Eu não consegui descobrir exatamente quando foi que essas espécies foram plantadas/germinadas (apenas sei que foi no ano de 2017), mas essas fotos aqui foram tiradas no dia 08/01/2019. 



Teste de substrato
Fotos do usuário smart2, retiradas do fórum carnivoras.com.br

Teste 5 
Eu não consegui descobrir de maneira confiável quando foi que essas espécies foram plantadas/germinadas, mas quando essas fotos foram tiradas elas estavam com 3 anos, 3 meses e 7 dias. 


substrato-para-plantas-carnívoras



Teste de substrato
Fotos do usuário smart2, retiradas do fórum carnivoras.com.br

Com base nas condições de cultivo que ele tinha, o usuário smart2 chegou a várias conclusões diferentes a respeito do plantio e germinação de plantas carnívoras em fibra/pó de coco. 

As conclusões positivas foram as seguintes: 

1 - As Plantas Carnívoras gostam da fibra/pó de coco 
Todas as espécies que ele utilizou nos seus testes crescerem plenamente na fibra/pó de coco, mas teve aquelas espécies que se destacaram mais (ou seja, pareceram gostar mais da fibra/pó de coco). Segundo ele, as espécies que mais gostaram da fibra/pó de coco são as seguintes: Byblis sp., Dionaea muscipula, Drosera intermedia, Drosera burmannii e Drosera burmannii Red. 

2 - A fixação das raízes é muito boa na fibra/pó de coco 
A fixação das raízes nesse substrato é ótima segundo ele. As mudinhas recém germinadas conseguem se fixar firmemente ao substrato e assim não correm risco de serem reviradas pela ação de agentes externos, como a chuva. 
A fixação das raízes é tão boa que pode ser até um problema. Segundo ele, as raízes das Sarracenias se prendem muito fortemente ao substrato, e ficam muito difíceis de serem separadas posteriormente (com as raízes presas, fica mais difícil dividir os rizomas). Caso você não tenha interesse em ficar dividindo a sua Sarracenia, isso não vai ser nenhum problema. 

3 - A fibra/pó de coco é muito durável 
Durante mais de 3 anos ele não notou qualquer sinal de deterioração na fibra/pó de coco. Segundo ele isso pode ser um problema caso a fibra/pó de coco seja misturada com o musgo Sphagnum. 
O musgo Sphagnum só dura cerca de 2 anos, o que significa que ele vai apodrecer primeiro que a fibra/pó de coco (que leva até 8 anos para se decompor completamente). Como não tem como separar o musgo da fibra/pó, o risco de se perder todo o substrato depois é muito grande, então o melhor seria não utilizar o musgo Sphagnum junto com a fibra/pó de coco 
Segundo o usuário smart2, a fibra/pó de coco só faz bem, não importa se a composição for de 100% ou 50% de fibra/pó mais 50% de areia. 

4 - A fibra/pó de coco praticamente não compacta 
A compactação nos vasos só foi notada depois de 3 anos. O pó de coco compacta mais que a fibra, por isso é necessário utilizar os dois juntos. 

5 - Os taninos liberados pela fibra/pó de coco agem como repelentes
O usuário smart2 constatou que o tratamento feito na fibra/pó não libera os taninos completamente (sempre sobra um pouco), mas ele afirma que, apesar de grandes quantidades de taninos serem prejudiciais, elas não chegam a ser fatais. Ele também constatou que pequenas quantidades de taninos são muito benéficas. Em pequenas concentrações os taninos agem como repelente para microrganismos decompositores (ou seja, os taninos aumentam a vida útil da fibra/pó de coco).

As conclusões negativas foram as seguintes: 

1 - Baixa retenção de água pela fibra 
O usuário smart2 relatou que a fibra não absorve quase nada de água, mas em compensação o pó absorve muita água (menos em comparação com a turfa ou o musgo Sphagnum, mas absorve). 
Isso é perfeitamente natural, já que a fibra normalmente não é feita pra absorver água (as fibras formam um tecido chamado de Esclerênquima, e ele é utilizado pra ajudar a sustentar a planta em pé). Ao contrário da fibra, o pó de coco é formado por um tecido chamado Parênquima, e esse tecido é normalmente utilizado para armazenar água, e é justamente por isso ele consegue absorver mais líquido do que a fibra. 
Pra resolver esse problema é só misturar mais pó de coco na mistura. Como o pó de coco fica totalmente em contato com a fibra, ela caba ficando em contato com a umidade o tempo todo. 

2 - Preparação para utilizar a fibra/pó de coco 
A fibra/pó de coco utilizada pelo usuário smart2 foi feita por ele mesmo, e ele considerou isso como negativo porque é um processo muito desgastante (da muito trabalho). Ele cortou e triturou os cocos na mão (utilizando ferramentas, é claro),  depois deixou as fibras de molho na água e depois ferveu todas elas para retirar o máximo de taninos possível. 

Essas imagens abaixo são de algumas espécies que foram plantadas recentemente na fibra/pó de coco (ou seja, a fibra/pó ainda está novinha)

terra-para-plantas-carnívoras


como-cuidar-de-plantas-carnívoras
Teste de substrato
Fotos do usuário smart2, retiradas do fórum carnivoras.com.br

As espécies que que foram recém plantadas/germinadas são as seguintes: Dionaea mucipula, Byblis sp, Drosera intermedia, Drosera burmanni e Drosera burmanni Red

Pra essa publicação não ficar muito grande, eu resolvi deixar pra contar a minha experiência pessoal com a fibra/pó de coco na terceira parte dessa publicação. Além de falar da minha experiência pessoal, eu também vou mostrar um passo a passo mostrando como foi que eu fiz para tratar a fibra/pó de coco. 

Essa aqui é a terceira parte: "Substrato para Plantas Carnívoras - Fibra/Pó de Coco - Parte 3".

Comentários

  1. Parabéns por este trabalho! É de fundamental importância conhecer novos substratos"renováveis" por assim dizer, que não impactem o meio ambiente!

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    Respostas
    1. Muito obrigado jovem, fico feliz que tenha gostado 😁

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