Onde as Plantas Crescem - Luvissolos

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Perfil de um Luvissolo Crômico
Foto de Sebastião Calderano

Esse guia é uma continuação da publicação: "Solo, Terra, Substrato - Qual é a Diferença ?"



Origem do Nome
O nome vem do Latim “Luere”, que significa “Lavar”, em referência ao processo que acumula a argila nesses solos. 

Formação (Origem Pedogênica)
Os Luvissolso são formados por processos como: (1) Brunificação, Rubeificação, Ferruginização, (2) Lessivagem ou Argiluviação e (3) Calcificação ou Carbonatação. 

(1) Brunificação, Rubeificação, Ferruginização: a Brunificação, Rubeificação ou Ferruginização são processos que acabam resultando na Liberação e Oxidação do Ferro (Fe). 

(2) Lessivagem ou Argiluviação: ocorre quando se tem uma translocação de argila verticalmente dentro do solo. 
A explicação é mais ou menos a seguinte: a água acaba transportando (removendo) a argila das regiões superficiais do solo para as regiões mais profundas. Esse processo de remoção é chamado de “Eluviação”, e a região superficial do solo que sofreu essa remoção recebe o nome de Horizonte Eluvial (E). Esse processo em que a região mais profunda do solo acaba recebendo (acumulando) as argilas do Horizonte Eluvial (E) recebe o nome de “Iluviação”, e a região profunda do solo que faz esse recebimento/acumulação de argila é chamada de Horizonte Iluvial (Horizonte Bt). 

(3) Calcificação ou Carbonatação: é quando ocorre, por conta da chuva e evaporação da água, uma acumulação de carbonato de cálcio (CaCO3) dentro do solo, que pode ou não gerar nódulos endurecidos ou Horizonte Petrocálcico. 

Origem Geológica
Rocha Metamórfica (Gnaisse). 

Tipos de Luvissolos
Com base no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), os tipos de Luvissolos mais conhecidos são o Luvissolo Crômico e o Luvissolo Háplico. No Sistema Estadunidense de Classificação de Solos (Soil Taxonomy) ele recebe o nome de “Alfisols, Aridisols (Argids)”. 

Características dos Luvissolos
Os Luvissolos, assim como Nitossolos, Chernossolos e os Vertissolos, são solos naturalmente ricos em nutrientes. Na maioria das vezes eles são Eutróficos (tem alta concentração de nutrientes). São solos moderadamente ácidos, praticamente neutros ou ligeiramente alcalinos e tem baixas concentrações de alumínio (as vezes não tem nenhuma). 
Os Luvissolos possuem pequenas diferenças entre a parte superficial e as partes mais profundas do solo. A parte superficial (Horizonte A) é pouco desenvolvida (não passa de 5 cm profundidade) e ainda por cima pode apresentar muita pedregosidade (tem grandes quantidades de calhaus e matacões), o que caracteriza ele como sendo um “chão de deserto” (pavimento desértico). 
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Perfil de um Luvissolo
Ceará, Brasil
Foto retirada do @pedologando, um perfil maravilhoso do Daniel Pontoni dedicado a divulgar os conhecimentos da Ciência do Solo pelo Brasil
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Perfil de um Luvissolo
Presidente Dutra, Brasil
Foto retirada do @pedologando, um perfil maravilhoso do Daniel Pontoni dedicado a divulgar os conhecimentos da Ciência do Solo pelo Brasil

As partes mais profundas do solo (que podem ser um Horizonte Bt ou B nítico) podem ter uma estrutura igual ao Argissolo (Horizonte Bt) ou igual ao Nitossolo (Horizonte B nítico), mas nunca serão muito profundos (vão ter entre 60 a 1,20 cm). As parte mais profundas do solo possuem moderados teores de argila e as vezes, por conta da organização da argila no solo, isso acaba deixando o solo com uma aparência “rachada” (fendilhamento) quando ele está seco (o que só dar pra ver quando o perfil do solo está exposto). Os Luvissolos possuem uma drenagem boa a moderada. 

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Perfil de um Luvissolo
Presidente Dutra, Brasil
Foto retirada do @pedologando, um perfil maravilhoso do Daniel Pontoni dedicado a divulgar os conhecimentos da Ciência do Solo pelo Brasil

Onde pode ser encontrado (Área)
Os Luvissolos ocorrem em uma área de 2.384.09 km², cerca de 2,80 % do território brasileiro (das 13 classes de solo, é a 7ª mais comum). A maior parte dos Luvissolos vai ser encontrado na zona semiárida nordestina, mas também podem ser encontrados na região sul e na região amazônica, no estado do Acre. Os Luvissolos são a 3ª classe de solos mais comuns no Acre, ocupam cerca de 15% do território (a sua ocorrência no estado do Acre é explicada por conta da sua proximidade com a Cordilheira dos Andes). No Nordeste os Luvissolos ocupam grandes extensões do estado do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte (13,3% da região semiárida). 
Os Luvissolos podem ser encontrados em áreas de relevo suave ondulado ou ondulados, geralmente ocorrendo em topos aplainados e grandes vales. Na Caatinga, várias fitofisionomias podem ser encontradas nesse solo. 

Onde pode ser encontrado (Vegetação) 

Florestas da Região Norte, Nordeste e Centro Oeste 

Floresta Ombrófila Aberta (Faciações da Floresta Ombrófila Densa)

A Floresta Ombrófila Aberta recebe o nome de Floresta Amazônica na Região Norte, Nordeste (Maranhão) e Centro Oeste (Mato Grosso).

Na região Norte, Nordeste e Centro Oeste ela está totalmente na zona tropical (temperaturas médias acimas de 25º C) e tem uma estação seca bem leve (acima de 2 meses). 
Floresta Ombrófila Aberta com Cipós, Brasnorte, Mato Grosso, Brasil
Foto de Luiz Alberto Dambrós, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Floresta Ombrófila Aberta
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Floresta Ombrófila Aberta de acordo com o relevo e altitude
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"
Especificamente no Acre, os Luvissolos são encontrados apenas na Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas. 

(2) Das Terras Baixas: são as florestas que estão localizadas em terraços, planícies e outras áreas planas que não alagam, mas que estão mais próximas dos rios. São as chamadas Matas de Terra Seca. As florestas localizadas nessas regiões recebem o nome de:  Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas. 

Caatinga da Região Nordeste, Centro Oeste (Pantanal) e Norte (Roraima) 

Caatinga (Savana Estépica, segundo a nova classificação do IBGE de 2012) 
Savana Estépica Florestada (ao fundo) com Imburana (Commiphoras leptophloeos)
Madalena, Ceará, Brasil
Foto de Eugênio Vieira Júnior, retirada da página do Facebook “Paisagens da Caatinga
A Caatinga (Savana Estépica) pode ser encontrada amplamente na região Nordeste e em alguns outros estados, como Roraima (Chapada do Surumu no Gráben do Tacutu e no Planalto da Venezuela), Mato Grosso do Sul (Região do Chaco) e no Sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul. 
No Brasil a Caatinga (Savana-Estépica) ocorre principalmente no Sertão Árido Nordestino, de clima geralmente marcado por duas estações secas: (1) uma, que é bem longa, e que depois é seguida por chuvas prolongadas, e outra (2) que é uma seca mais curta, e as vezes grandes volumes de chuvas podem ocorrer nela (esses grandes volumes de chuva as vezes são imprevisíveis, pode ficar anos sem cair nenhuma gota de água). 
Savana Estépica Arborizada na estação seca
Madalena, Ceará, Brasil
Na Rocha temos o Cacto Xiquexique (Pilosocereus gounellei) e a Macambira (Bromelia laciniosa)
Foto de Eugênio Vieira Júnior, retirada da página do Facebook “Paisagens da Caatinga


As vegetações que fazem parte da Caatinga (Savana Estépica) são: 

Ps – já vou logo pedindo desculpas ao pessoal do nordeste pela forma como vou falar da Caatinga. A Caatinga (Savana Estépica) é um bioma muito complexo e eu conheço muito pouco sobre ele, por isso fiz essas analogias utilizando o Cerrado (esse bioma eu conheço mais afundo). 

Savana-Estépica Florestada (Caatinga Florestada): é como se fosse um Cerradão, mas ao contrário do Cerradão, não tem só arvores, tem alguns arbustos e capins também.

Savana-Estépica Arborizada (Caatinga Arborizada): é como se fosse um Cerrado Sentido Restrito. Vegetação florestal e arbustiva, sendo que a maior partes das plantas são arvores, mas se tem muitos arbustos e capins. Diferente do Cerrado, na Caatinga (Savana Estépica) muitos arbustos vão ser compostos por espécies de cactos.

Savana-Estépica Parque (Caatinga Parque): seria como o Campo Sujo do Cerrado. Vegetação arbustiva (a maior parte das plantas são capins, mas tem muitos arbustos espalhados e algumas árvores isoladas).

Savana-Estépica Gramíneo-Lenhosa (Caatinga Gramíneo-Lenhosa): seria como o Campo Limpo do Cerrado. Vegetação herbácea (todas as plantas são capins, não tem árvores nem arbustos).

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana-Estépica
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana-Estépica de acordo com o relevo e altitude na região Nordeste
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana-Estépica de acordo com o relevo e altitude na região Norte (Roraima)
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana-Estépica de acordo com o relevo e altitude na região Centro Oeste (Mato Grosso do Sul)
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"

Pampas da Região Sul 

Pampas (Estepe, segundo a nova classificação do IBGE de 2012) 
Estepes no Planalto da Campanha Gaúcha
Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, Brasil
Foto retirada do blog floraaustral.blogspot.com
São vegetações fortemente campestres da zona temperada, estão em áreas que tem uma estação chuvosa bem marcada, mas a chuva costuma cair ao longo de todo o ano. Os Pampas sul-americanos são exemplos de Estepes. 
Ocorre desde o Planalto das Araucárias; até as Superfícies meridionais gaúchas do Planalto Rio-Grandense, passando pelo Planalto da Campanha e da Depressão Central. 

Estepe Arborizada (Arbórea Aberta): a vegetação é composta por Arbustos, Cactos e Capins. Cactos e Capins estão situados em áreas de solo raso com ou sem afloramento rochoso, e os Arbustos em solos medianamente profundos. Os solos mais encontrados são Luvissolos, Chernossolos, Vertissolos, Cambissolos e Neossolos Litólicos. 

Estepe Parque (Campo Sujo ou Parkland): seria como o Campo Sujo do Cerrado, porém sem presença de árvores. A maior partes das plantas são capins, mas tem muitos arbustos espalhados. 

Estepe Gramíneo-Lenhosa (Campo Limpo): seria como o Campo Limpo do Cerrado. Vegetação herbácea (todas as plantas são capins, não tem árvores nem arbustos). Geralmente os solos são Neossolos Litólicos ou Neossolos Quartzarênicos. 
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe
 Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe de acordo com o relevo e altitude na região da Campanha Gaúcha
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe de acordo com o relevo e altitude na região do Brasil Meridional
Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retiradas do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe de acordo com o relevo e altitude na região do Uruguai
lustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE"



Essa é apenas uma das 13 classes de solos, se você deseja ver as demais, é só dar uma olhada na minha outra publicação: "Solo, Terra e Substrato - Qual é a Diferença ?".

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