Onde as Plantas Crescem - Chernossolos
Perfil de um Chernossolo Muqui, Espirito Santo, Brasil Foto de Ademir Fontana |
Esse guia é uma continuação da publicação: "Solo, Terra, Substrato - Qual é a Diferença ?"
Origem do Nome
O nome vem do Russo “Chern”, que significa “Negro”, em referência ao fato de serem solos ricos em matatéria orgânica (principalmente nas regiões mais superficiais). Essa característica deixa o Chernossolo com a cor naturalmente escura.
A parte onde a concentração de matéria orgânica é maior recebe o nome de Horizonte A Chernozênico.
A parte onde a concentração de matéria orgânica é maior recebe o nome de Horizonte A Chernozênico.
Formação (Origem Pedogênica)
O Chernossolo é formado por processos como: (1) Brunificação, Rubeificação, Ferruginização, (2) Melanização e (3) Calcificação ou Carbonatação.
(1) Brunificação, Rubeificação, Ferruginização: a Brunificação, Rubeificação ou Ferruginização são processos que acabam resultando na Liberação e Oxidação do Ferro (Fe).
(2) Melanização: é o processo que envolve complexação, onde o material mineral do solo, ao se misturar com a matéria orgânica, acaba ficando com uma cor escurecida. A superfície do solo (Horizonte A) fica espessa e a parte mais profunda do solo (Horizonte B) fica escura.
(3) Calcificação ou Carbonatação: é quando ocorre, por conta da chuva e evaporação da água, uma acumulação de carbonato de cálcio (CaCO3) dentro do solo, que pode ou não gerar nódulos endurecidos ou Horizonte Petrocálcico.
Origem Geológica
Rochas Ígneas Básicas (Basalto, Gabro), Rochas Metamórficas (Xistos e Anfibolitos) e Rochas Sedimentares (Margas).
Tipos de Chernossolos
Com base no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), os tipos de Chernossolo mais conhecidos são o Chernossolo Rêndzico, Chernossolo Ebânico, Chernossolo Argilúvico e Chernossolo Háplico. No Sistema Estadunidense de Classificação de Solos (Soil Taxonomy) ele recebe o nome de “Molisols”.
Tipos de Chernossolos Foto retirada do poster “Classes de Solos do Brasil”, elaborado por: Ademir Fontana (Embrapa Solos), Fabiano de Carvalho Balieiro (Embrapa Solos) e Marcos Gervásio Pereira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) |
Características dos Chernossolos
Os Chernossolos, assim como Nitossolos, Luvissolos e os Vertissolos, são solos naturalmente ricos em nutrientes, sendo a maioria das vezes Eutróficos (tem alta concentração de nutrientes, principalmente cálcio e magnésio). São solos moderadamente ácidos a fortemente alcalinos.
Os Chernossolos possuem pequenas diferenças entre a parte superficial e as partes mais profundas do solo. A parte superficial (Horizonte A Chernozênico) é densa e tem uma cor muito escura (vermelho escuro ou preta) por conta da grande quantidade de matéria orgânica.
Perfil de um Chernossolo Háplico Foto de Sérgio Shimizua |
As partes mais profundas do solo (Horizonte B) podem ter uma estrutura igual ao Argissolo (Horizonte Bt) ou podem ser pouco desenvolvidas, tendo uma estrutura parecida com os Cambissolos (Horizonte Bi). São solos pouco profundos e normalmente bem drenados (não acumulam água).
Onde pode ser encontrado (Área)
Ilustração mostrando onde os Vertissolos podem ser possivelmente encontrados Ilustração feita por Hélio do Prado, retirada do site www.pedologiafacil.com.br É um site incrível, tem muita coisa falando sobre solos |
Os Chernossolos ocupam uma área de 39.168 km², cerca de 0,46 % do território Brasileiro (das 13 classes de solo, são a 11ª mais comum). Podem ser encontrados em várias regiões, mas estão mais concentrados na região da Campanha Gaúcha (Chernossolo Ebânico). No restante do Brasil ocorrem relativamente dispersos (Chernossolo Argilúvico), ou em pequenas concentrações em Mato Grosso do Sul (Serra da Bodoquena), Bahia e Rio Grande do Norte (Chernossolo Rêndzico).
Os Chernossolos podem ser encontrados em áreas de relevo suave ondulado a ondulado, ocorrendo em encostas que fazem limite com superfícies aplainadas e Inselbergs (montanhas solitárias formadas em épocas mais frias e secas). No Cerrado eles ocupam uma área de menos de 0,1% e nele podem ser encontradas as seguintes fitofisionomias: Cerradão e Cerrado Sentido Restrito.
Onde pode ser encontrado (Vegetação)
Cerrado das Regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sudeste
O nome Savana (Sabana, em espanhol) veio do termo indígena caribenho “Habana”, que era o nome indígena utilizado para chamar os conhecidos “Llanos” da Bacia do Orinoco, no norte da América do Sul (regiões com árvores e arbustos espalhados em campos cheios de gramíneas, que não formam uma mata fechada).
As Savanas são encontradas na África, Ásia e Oceania, e aqui na América do Sul ela é conhecida (pelos Brasileiros) como Cerrado, mas também pode ser chamada de Tabuleiro, Agreste, Chapada (região Nordeste), Campina, Gerais (região Sudeste) e Lavrado (região Norte).
No Brasil, o Cerrado ocupa mais de 2.000.000 km², o que representa mais de 23% do território Brasileiro. Ocorrem em altitudes que variam de 300 metros (Baixada Cuiabana em Mato Grosso), a mais de 1.600 metros (Chapada dos Veadeiros em Goiás). O Cerrado se localiza principalmente em áreas onde o inverno é seco (Junho, Julho e Agosto é o auge da seca) e o verão é chuvoso (Dezembro, Janeiro e Fevereiro é o auge das chuvas).
No Brasil, o Cerrado pode ser encontrado na região Norte, principalmente no estado do Tocantins e em manchas nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. No Nordeste, em partes dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí. Na região Sudeste, principalmente no estado de Minas Gerais e parte de São Paulo. Na região Sul, apenas manchas minúsculas no estado do Paraná. Na região Centro Oeste, nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.
No Distrito Federal, 100% da sua área é coberta pelo Cerrado. No estado de Goiás, 97% do estado é coberto pelo Cerrado, apenas 3% do estado é coberto pela Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), que está localizada na região sudoeste do estado (Bacia Sedimentar do Paraná). Dos 246 municípios goianos, 26 têm ocorrência da Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), sendo que os principais municípios são: Quirinópolis, Marzagão, Cachoeira Alta, Corumbaíba, Paranaiguara, Morrinhos, Santa Helena de Goiás, Inaciolândia, São Simão, Buriti Alegre, Água Limpa, Corumbaíba, Goiatuba e Araporã.
Fora do Brasil, o Cerrado pode ser encontrado principalmente na Bolívia e no Paraguai. Na Colômbia, Guiana, Suriname e Venezuela, o Cerrado é chamado de Llanos.
Vários tipos de vegetação (fitofisionomias) podem ser encontradas no Cerrado, desde aquelas mais Florestais (Cerradão) as mais Campestres (Campo Limpo).
Cerradão (Savana Florestada, segundo a nova classificação do IBGE de 2012)
Cerradão na Bolívia Fotos retiradas do artigo intitulado "Campos y Sabanas del Cerrado en Bolivia: delimitación, síntesis terminológica y sus caracteristicas fisionómicas" |
A - Ação do fogo no Cerradão no final da estação seca. Foto tirada em Santiago de Chiquitos, Bolívia (fronteira com Brasil).
B - Cerradão na estação das chuvas. Foto tirada em San Ignacio de Velasco y San José de Chiquitos, Bolívia (fronteira com Brasil).
C - Interior do Cerradão. Foto tirada em Lomerío, Bolívia (fronteira com Brasil).
(1) Vegetação: a vegetação é composta apenas por árvores (que alcançam de 6 a 10 metros de altura). A vegetação é uma mistura de espécies da Floresta Estacional e do Cerrado Sentido Restrito.
(2) Solo: solos profundos e ricos em nutrientes
(3) Fogo: naturalmente quase nunca pega fogo
(4) Evolução (clímax): se os períodos de estação seca diminuírem e com isso a oferta de água aumentar, o Cerradão evolui para uma Floresta Estacional.
(5) Altitude: se o Cerradão ocorrer em áreas de afloramento rochoso acima de 900 metros ele passa a ser considerados como um tipo de fitofisionomia do Cerrado Rupestre.
Cerrado Sentido Restrito (Savana Arborizada, segundo a nova classificação do IBGE de 2012)
(1) Vegetação: vegetação florestal e arbustiva (a maior partes das plantas são arvores, mas tem muitos arbustos e capins).
(2) Solo: solos profundos (Latossolos, Neossolos Quartzarênicos, Argissolos, Cambissolos), mas não muito ricos em nutrientes.
(3) Fogo: pega fogo naturalmente (porém o fogo é menos frequente).
(4) Evolução (clímax): se o solo se tornar mais nutritivo e a frequência do fogo diminuir, o Cerrado Sentido Restrito evolui para o Cerradão.
(5) Altitude: se o Cerrado Sentido Restrito ocorrer em áreas de afloramento rochoso acima de 900 metros ele passa a ser considerado como um tipo de fitofisionomia do Cerrado Rupestre.
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana (Cerrado) Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE" |
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana (Cerrado) de acordo com o relevo e altitude Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE" |
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana (Cerrado) de acordo com solo e o nível freático (lençol freático) Ilustração retirada do livro "Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação" |
Caatinga da Região Nordeste, Centro Oeste (Pantanal) e Norte (Roraima)
Caatinga (Savana Estépica, segundo a nova classificação do IBGE de 2012)
Savana Estépica Florestada com Imburana (Commiphoras leptophloeos) Madalena, Ceará, Brasil Foto de Eugênio Vieira Júnior, retirada da página do Facebook “Paisagens da Caatinga” |
A Caatinga (Savana Estépica) pode ser encontrada amplamente na região Nordeste e em alguns outros estados, como Roraima (Chapada do Surumu no Gráben do Tacutu e no Planalto da Venezuela), Mato Grosso do Sul (Região do Chaco) e no Sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul.
No Brasil a Caatinga (Savana-Estépica) ocorre principalmente no Sertão Árido Nordestino, de clima geralmente marcado por duas estações secas: (1) uma, que é bem longa, e que depois é seguida por chuvas prolongadas, e outra (2) que é uma seca mais curta, e as vezes grandes volumes de chuvas podem ocorrer nela (esses grandes volumes de chuva as vezes são imprevisíveis, pode ficar anos sem cair nenhuma gota de água).
Savana Estépica Arborizada na estação das chuvas Madalena, Ceará, Brasil Na Rocha temos o Cacto Xiquexique (Pilosocereus gounellei) Foto de Eugênio Vieira Júnior, retirada da página do Facebook “Paisagens da Caatinga” |
As vegetações que fazem parte da Caatinga (Savana Estépica) são:
Ps – já vou logo pedindo desculpas ao pessoal do nordeste pela forma como vou falar da Caatinga. A Caatinga (Savana Estépica) é um bioma muito complexo e eu conheço muito pouco sobre ele, por isso fiz essas analogias utilizando o Cerrado (esse bioma eu conheço mais afundo).
Savana-Estépica Arborizada (Caatinga Arborizada): é como se fosse um Cerrado Sentido Restrito. Vegetação florestal e arbustiva, sendo que a maior partes das plantas são arvores, mas se tem muitos arbustos e capins. Diferente do Cerrado, na Caatinga (Savana Estépica) muitos arbustos vão ser compostos por espécies de cactos.
Savana-Estépica Parque (Caatinga Parque): seria como o Campo Sujo do Cerrado. Vegetação arbustiva (a maior parte das plantas são capins, mas tem muitos arbustos espalhados e algumas árvores isoladas).
Savana-Estépica Gramíneo-Lenhosa (Caatinga Gramíneo-Lenhosa): seria como o Campo Limpo do Cerrado. Vegetação herbácea (todas as plantas são capins, não tem árvores nem arbustos).
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana-Estépica Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE" |
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana-Estépica de acordo com o relevo e altitude na região Nordeste Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE" |
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana-Estépica de acordo com o relevo e altitude na região Norte (Roraima) Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE" |
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Savana-Estépica de acordo com o relevo e altitude na região Centro Oeste (Mato Grosso do Sul) Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE" |
Pampas da Região Sul
Pampas (Estepe, segundo a nova classificação do IBGE de 2012)
Estepes no Parque Nacional da Lagoa do Peixe Rio Grande do Sul, Brasil Foto retirada do site www.territorios.com.br |
São vegetações fortemente campestres da zona temperada, estão em áreas que tem uma estação chuvosa bem marcada, mas a chuva costuma cair ao longo de todo o ano. Os Pampas sul-americanos são exemplos de Estepes.
Ocorre desde o Planalto das Araucárias; até as Superfícies meridionais gaúchas do Planalto Rio-Grandense, passando pelo Planalto da Campanha e da Depressão Central.
Estepe Arborizada (Arbórea Aberta): a vegetação é composta por Arbustos, Cactos e Capins. Cactos e Capins estão situados em áreas de solo raso com ou sem afloramento rochoso, e os Arbustos em solos medianamente profundos. Os solos mais encontrados são Luvissolos, Chernossolos, Vertissolos, Cambissolos e Neossolos Litólicos.
Estepe Parque (Campo Sujo ou Parkland): seria como o Campo Sujo do Cerrado, porém sem presença de árvores. A maior partes das plantas são capins, mas tem muitos arbustos espalhados.
Estepe Gramíneo-Lenhosa (Campo Limpo): seria como o Campo Limpo do Cerrado. Vegetação herbácea (todas as plantas são capins, não tem árvores nem arbustos). Geralmente os solos são Neossolos Litólicos ou Neossolos Quartzarênicos.
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE" |
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe de acordo com o relevo e altitude na região da Campanha Gaúcha Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retirada do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE" |
Ilustração mostrando os diferentes tipos de Estepe de acordo com o relevo e altitude na região do Brasil Meridional Ilustração feita por Veloso, Rangel Filho e Lima, retiradas do "Manual Técnico da Vegetação Brasileira - IBGE" |
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Essa é apenas uma das 13 classes de solos, se você deseja ver as demais, é só dar uma olhada na minha outra publicação: "Solo, Terra e Substrato - Qual é a Diferença ?".
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