Baratas Nativas do Brasil - Gênero Monastria

Macho de Monastria kaingangue 
Fotos de Henrique Borges Manzke

Macho de Monastria similis 
Fotos de Jhonatan Santos‎, retiradas de um grupo do Facebook chamado “Entomologia Brasileira”

Machos de Monastria biguttata
Essas fotos foram feitas pelo Roger Rio Dias (ele participa do grupo "Entomologia Brasileira", lá do Facebook), e ele me cedeu gentilmente as fotos para que eu pudesse publica-las aqui pra vocês (muito obrigado Roger).

Ninfa de Monastria sp
Fotos retiradas do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

Onde pode ser encontrado ?

Esse gênero foi encontrado na região nordeste (Bahia, Sergipe), na região sudeste (Espirito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro) e na região sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina). Mas também já foi encontrado em países como o Paraguai.

Mapa de distribuição do gênero Monastria 
Monastria angulata não está no mapa pois não se sabe em qual município ela foi encontrada
Imagem retirada do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

Esse é um gênero típico da Mata Atlântica, estando concentrado nas regiões mais litorâneas. Isso significa que ele pode possivelmente ser encontrado vivendo em qualquer fragmento de mata mais próximos do litoral.

Monastria biguttata - Biologia e Ecologia

De acordo com os pesquisadores, essa é uma espécie extremamente comum. Você provavelmente vai conseguir encontrar ela em qualquer fragmento de mata, seja nos fragmentos grandes e bem preservados (que geralmente ficam em áreas bem afastadas) ou naqueles pequenos e bem deteriorados, que normalmente estão mais próximos das plantações, cidades, etc. (encontrar elas nesses ambientes mais deteriorados não vai ser impossível, mas pode ser um pouco mais difícil, já que ela prefere viver em ambientes mais preservados).

Essa barata é totalmente especializada em viver na parte de baixo dos troncos mortos caídos no chão. Todas as baratas encontradas pelos pesquisadores estavam vivendo de baixo de troncos, nenhuma outra barata foi encontrada em um local diferente. 

Essas baratas são EXTREMAMENTE SEDENTÁRIAS. Em um experimento no meio da mata, os pesquisadores pegaram 34 baratas em um tronco e marcaram elas (marcaram pra poderem identificar cada uma). Depois de marcadas, as baratas foram soltas e os pesquisadores foram embora (isso foi no mês de maio). Quando foi no mês de agosto (ou seja, 3 meses depois), os pesquisadores foram lá na mata procurar as baratas que eles tinham marcado. Eles conseguiram encontrar cerca de 22 baratas. Dessas 22 baratas que eles conseguiram "recuperar", eles descobriram que pelo menos 13 delas estavam vivendo exatamente no MESMO LUGAR a onde eles aviam pegado elas. Outras 7 baratas foram achadas a 2 metros e meio desse local, e outras 2 foram encontras vivendo a menos de 5 metros de distância dele. Essas baratas são absurdamente lentas e podem viver a vida inteira num mesmo local sem problema algum.

Depois que a fêmea dá a luz aos filhotes, ela fica junto com eles por um período de 3 dias (algumas ficavam bem mais de 23 dias). Nesses primeiros dias, as ninfas ficam do lado da mãe ou de baixo dela, e aos poucos eles vão se afastando.

As ninfas sempre ficam muito juntas por um período de 6 meses, e quando eu digo juntas, é juntas MESMO (algumas ficavam a uma distância de apenas 25 cm um dos outros). Nesse meio tempo, as ninfas sempre estavam acompanhadas de algumas fêmeas adultas (que podiam ou não ser suas mães). Quando as ninfas se tornam adultas, elas se afastam mais, mas ainda continuam vivendo juntas (pelo menos as fêmeas). Os machos (que possuem asas bem desenvolvidas) sempre se dispersam quando se tornam adultos, então é bem mais difícil achar eles vivendo com as ninfas ou outras fêmeas. Já as fêmeas (que não possuem asas bem desenvolvidas) são mais fáceis de serem encontradas (como elas não voam, então elas não conseguem ir pra muito longe, mesmo quando querem).

O período de acasalamento parece ser no mês de maio, que é o mês quando as fêmeas começam a ser encontradas próximas dos machos (nesse período, nenhuma das fêmeas foi encontrada com uma ooteca). Em agosto, 47% das fêmeas analisadas já estavam grávidas (isto é, já estavam carregando uma ooteca).

O nascimento das ninfas ocorre no mês de novembro (69% das fêmeas estavam com filhotes) e no mês de fevereiro (50% das fêmeas estavam com filhotes).

O desenvolvimento da ninfa é muito lento, elas podem levar até 2 anos para se tornarem adultas. Bem diferente das ninfas de Blaberus, que demoram menos de 1 ano para chegar a fase adulta.

Conversando com o pesquisador Vitor Dias Tarli, que foi um dos responsáveis pela revisão taxonômica do gênero Monastria (encontrei ele por acaso lá no grupo "Entomologia Brasileira", do Facebook, ele me ajudou a identificar algumas espécies e me passou altas informações, é uma pessoa bem gentil e atenciosa), ele me disse que essa espécie é mais fácil de ser achada em lugares mais bem preservados, mas curiosamente, dificilmente ela é encontrada em áreas próximas de cursos d'água. Por algum motivo essa espécie prefere viver nas partes mais secas dentro da mata fechada. 
Em ambiente natural, essa espécie é mais especializada em comer madeira, mas em laboratório ela pode comer de tudo um pouco. O Vitor alimentava uma ninfa que foi coletada com ração de cachorro, e de vez em quando ele oferecia algumas frutas para ela. 

Espécies do gênero Monastria

1 – Monastria biguttata - Encontrada no Espirito Santo e Rio de Janeiro

Macho (em cima) e Fêmea (em baixo) de Monastria biguttata
Fotos retiradas do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

2 - Monastria similis – Encontrada em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e em países como o Paraguai (Asunción)

Macho (em cima) e Fêmea (em baixo) de Monastria similis
Fotos retiradas do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

3 - Monastria angulata – Encontrada na Bahia

Fêmea de Monastria angulata
Fotos retiradas do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

4 - Monastria cabocla – Encontrada em Sergipe

Macho (em cima) e Fêmea (em baixo) de Monastria cabocla
Fotos retiradas do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

5 - Monastria itubera – Encontrada na Bahia

Macho (em cima) e Fêmea (em baixo) de Monastria itubera
Fotos retiradas do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

6 - Monastria itabuna – Encontrada na Bahia (Itabuna)

Macho (em cima) e Fêmea (em baixo) de Monastria itabuna
Fotos retiradas do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

7 - Monastria kaingangue - Encontrada em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

Macho (em cima) e Fêmea (em baixo) de Monastria kaingangue
Fotos retiradas do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

8 - Monastria sagittata – Encontrada em Minas Gerais

Macho (em cima) e Fêmea (em baixo) de Monastria kaingangue
Fotos retiradas do artigo intitulado “Taxonomic revision of the genus Monastria Saussure, 1864 (Blattodea: Blaberidae, Blaberinae) from the South American Atlantic forest, with the descriptions of five new species”

Se quiser voltar a ver a publicação que fala a respeito das baratas Brasileiras, é só clicar aqui “Baratas Nativas do Brasil – Animais de Estimação e Alimento Vivo” 

Pra saber do porque é importante oferecer alimentos vivos para os animais de estimação, é só clicar aqui “A importância de se oferecer Alimentos Vivos para os Animais de Estimação” 

Pra saber do porque eu considero as baratas o melhor tipo de alimento vivo, é só clicar aqui “Alimentos Vivos para Animais de Estimação - Como Escolher ?”